A resiliência e identidade de Moura Caetano e as promoções de Natal

A resiliência e identidade de Moura Caetano e as promoções de Natal, num artigo de Rui Lavrador.

A resiliência e identidade de Moura Caetano e as promoções de Natal

João Moura Caetano liderou o escalafon, no número de corridas, no que à temporada 2023 diz respeito.

Mais do que as 47 corridas em que actuou, merece realce o que nelas fez. Lidou diferentes tipos de encastes e ganadarias (lá se foi o argumento dos mal-amados que só lidava touros com ferro da casa e os murubes), exibiu uma quadra de cavalos completamente acoplada à sua concepção artística e alargou o leque daquilo que até então apresentara na arena.

Porém, na opinião do redactor deste texto, João Moura Caetano começou a triunfar nesta temporada ainda no ano de 2022. A sua segunda metade de temporada foi de muito bom nível e, nessa altura, quase todos, críticos incluídos, fingiram não ver.

Moura Caetano manteve-se focado, com plena consciência do que havia a melhorar, do que havia a manter e acima de tudo de que não iria afastar-se um milímetro daquilo que é a sua arte e a ideia de que tem do toureio a cavalo.

Enfrentou a resistência dos amantes do soundbite, continuou silencioso e a promover a souplesse, elegância e nunca em momento algum nas suas lides deixou que a donaire ficasse de fora.

Foi duro. Era mais fácil elogiar, para os críticos, aquilo que agradava ao público mais festivaleiro e pouco artístico. O reconhecimento do grande momento que atravessa era pouco destacado e quando o era, as palavras usadas eram tão banais que ninguém percebia a grandiosidade do que havia sido feito pelo artista.

Em nenhum momento, Moura Caetano facilitou. Nem se tornou uma popstar do aplauso, nem mudou a sua concepção. ‘Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’ diz o ditado e este ano aplica-se bem a Moura Caetano.

Aquando da sua corrida televisionada no Campo Pequeno, finalmente a aclamação. Isto já no mês de Setembro. Porém, já tanto havia feito João para essa mesma entrega do público e da crítica.

Moura Caetano deu uma lição, quem quiser que a aprenda, de que nem sempre quem grita mais é quem tem razão (aliás, raramente isso acontece, a menos que a inteligência seja limitada).

As lições que deu em praça, bom, essas ficarão nos amantes da arte. Os outros, os donos da razão efémera, ficarão com a sua maledicência e a esperar um momento menos bom do cavaleiro. Porém, conhecendo minimamente tudo aquilo que é o seu trabalho invisível em termos de mentalidade, aviso-vos que demorará a chegar. A boa notícia é que, talvez, o Natal traga boas promoções em termos imobiliários e consigam cadeiras confortáveis para esperarem sentados.

João Moura Caetano marcou indubitavelmente a temporada 2023. E com isto não retiro qualquer valor a outros dois cavaleiros em que em breve abordarei neste mesmo espaço.

Moura Caetano não está livre da crítica, mas também não pode ser prisioneiro no que ao elogio concerne.

Moura Caetano esteve em 47 festejos, 38 em Portugal e 9 em Espanha.
Lidou 71 touros, dando 55 voltas à arena. Nas 9 corridas em Espanha conquistou 20 orelhas e um rabo.

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