Ana Moura: Coliseu dos Recreios foi pequeno demais para tantos que quiseram conhecer a ‘Casa Guilhermina’, este domingo.


Texto: Rui Lavrador
Fotografias: João de Sousa.
O Coliseu dos Recreios, em Lisboa, recebeu, este domingo, 19 de Março, o concerto de apresentação do mais recente disco de Ana Moura, ‘Casa Guilhermina’.
No dia anterior, a artista actuou na Super Bock Arena, no Porto, tendo no Dia do Pai brindado a capital com as canções do seu novo disco.
Este disco marca uma mudança no percurso da artista, com uma sonoridade mais global, desde a música africana ao fado, passando pela pop, naquilo que a mesma define como um conjunto de todas as suas influências.
Em palco, também o espectáculo é totalmente diferente daquilo que fez anteriormente. Abandonou o tradicional acompanhamento de fado, que durante anos e anos apresentou, para algo mais urbano, dançável e que agrada a uns e desagradará a outros, porém é aquilo que actualmente a artista sente.
A sala lisboeta abarrotou de gente. Algumas sem conseguir ver o espectáculo, na plateia em pé, tal a quantidade de pessoas neste concerto.
Um público muito heterogéneo, de vários quadrantes e faixas etárias. É uma Ana Moura global, a que agora se pode ver em palco.
Com os prós e contras que isso acarreta, porque em nada na vida se consegue agradar a gregos e troianos.
Se antes, os seus concertos eram para ver e ouvir, agora acrescenta-se o dançar.
“Estes meus últimos anos tiveram alguns momentos de imensa dor, que quis transformar numa outra coisa, em algo que me pudesse trazer alegria. Obviamente que cantar traz-me imensa alegria, mas dançar também e ver as pessoas a dançar as minhas músicas ainda me faz mais feliz“, referiu a cantora, antes de acrescentar: “Estou particularmente nervosa“.
Pedro Mafama, seu actual companheiro e pai de Maria Emília, filha de ambos, foi o primeiro convidado a subir a palco, para momentos de partilha e sensualidade, com movimentos corporais, entre os dois, que deixou o público em autêntica histeria.
O espectáculo teve vários momentos importantes como a africanização de ‘Desfado’, que o público aprovou, mas que a pessoa que escreve estas linhas achou evitável, dando a ideia de que Ana Moura quer cortar totalmente com um passado que a elevou à artista que é hoje em termos mediáticos.
Maria Emília, a bebé de Ana Moura e Pedro Mafama, também subiu a palco para uns passos de dança com a mãe, um pouco antes de Paulo Flores ser chamado a palco.
Curiosamente, ou talvez não, o grande momento da noite aconteceu no encore, quando Ana Moura atirou-se para ‘Loucura’ e teve das maiores ovações da noite. Afinal, o fado de Ana Moura ainda é o que arrebata o coração de quem a ouve!
Em palco, esteve acompanhada por Gaspar Varela, André Moreira, Rodrigo Correia, Ariel Rosa, na parte instrumental, e ainda quatro bailarinos.
Alinhamento:
Minha Mãe
Intro
Janela Escancarada
Andorinhas
Corridinha
Estranha forma de vida
Linda forma de morrer (Com Pedro Mafama)
Agarra em Mim (Com Pedro Mafama)
Antes que eu morra
Jacarandá
Calunga
Desfado
Colheita
Trigo
Nossa Senhora das Dores
Birim Birim
Mázia (com Paulo Flores)
Poema do Semba (com Paulo Flores)
Classe
Sozinha lá fora
Fandango
Arraial Triste
Loucura
Te Amo
Mázia