Ana Moura levou festa e alegria ao Campo Pequeno

Ana Moura levou festa e alegria ao Campo Pequeno

A Praça de Touros do Campo Pequeno recebeu, ontem, Ana Moura.

Num espectáculo inserido no ciclo Santa Casa Portugal ao Vivo, Ana Moura teve assim o seu primeiro grande concerto após a mudança radical que operou na sua carreira.

Deixou a editora e também a agência que a representou durante muitos anos, através da qual conseguiu atingir o patamar de mediatismo que agora ostenta, e passou a querer ser livre e poder definir sozinha o rumo da sua carreira.

Natural expectativa, por isso, para ver e ouvir a cantora em Lisboa, tendo a sala registado uma boa moldura humana, contudo inferior ao dia anterior em que actuou Pedro Abrunhosa.

Acompanhada por Ângelo Freire (guitarra portuguesa), Pedro Soares (viola de fado), André Moreira (baixo), Mário Costa (bateria e percussões) e Joaquim Rodrigues (teclados), Ana Moura apostou num alinhamento popular, festivo e de constante alegria, apelativo aos aplausos do público.

Foi no meio de uma fumarada imensa que surgiu em palco, quase em modo Dom Sebastião, e por lá manteve-se no tema introdutório ao espectáculo e em ‘Moura Encantada’, o primeiro no qual se ouviu a sua voz.

Com o fumo ainda a pairar sobre o palco, mas com melhor iluminação, seguiu para ‘Andorinhas’, o penúltimo tema que deu a conhecer ao público, criando a primeira explosão de alegria com o público, que mostrou ter a letra bem decorada.

A voz aveludada (porém cada vez mais frágil) continua a mostrar um dos timbres mais bonitos deste país, ao qual Ana acrescenta uma natural sensualidade e um sorriso que hipnotiza o público. É uma artista que sabe estar e mover-se em palco, no qual conta com uma rede instrumental (músicos de excelência) que lhe permite arriscar.

Ana Moura apostou num alinhamento pouco fadista, mas em tudo o que cantou trouxe Fado na voz, exemplo disso são as interpretações de ‘Meu amor foi para o Brasil’ ou ‘Tens os olhos de Deus’.

Um dos grandes momentos aconteceu em ‘Maldição’, no qual apenas esteve acompanhada por Ângelo Freire em palco. Destaque-se a cumplicidade entre ambos e a generosidade e genialidade do guitarrista, às quais Moura acrescentou alma.

‘Ó meu amigo João’ contou com o trio (guitarra-viola e baixo) a acompanhar a fadista, numa das melhores interpretações da noite, antecedendo um dos temas mais bonitos do repertório de Ana Moura, ‘Ninharia’.

O instrumental, magnificamente interpretado pelos seus músicos, permitiu à artista trocar de roupa, regressando ao som da marcha ‘Lá vai Lisboa’ e com o público a acompanhar a compasso com palmas.

O mais recente tema de Ana Moura, ‘Arraial Triste’, também foi apresentado pela primeira vez ao público, que demonstrou boa aceitação e até a letra bem estudada para acompanhar a cantora.

O encore foi antecedido pelos festivos ‘Dia de folga’ e ‘Desfado’, com Ana Moura a regressar a palco para encerrar a noite com ‘Loucura’ e Fadinho Serrano’.

Uma noite que soou a arraial popular, num ano em que os mesmos foram proibidos, permitindo que o público e Ana Moura se divertissem durante uma hora e meia, com toda a comodidade e segurança.

Como nota negativa, o facto dos fotógrafos apenas ter sido autorizados a captar imagens nos primeiros 3 temas, nos quais as condições de iluminação não foram nada favoráveis e com um palco repleto de fumo, numa opção visualmente pouco estética.

Aguarda-se com natural expectativa o próximo disco de Ana Moura.

Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso

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