Caçadores acusam PAN e BE de quererem bloquear combate à Peste Suína Africana

 

 

A Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC) alerta para a rápida progressão da epidemia de Peste Suína Africana (PSA) que assola a Europa, tendo já atingido mais de 10 países, com mais de 7,5 mil casos detectados nos últimos meses, com prejuízos de milhões de euros para produtores agropecuários e governos. Neste sentido e com manifesta preocupação, denuncia a ANPC que, “numa altura em que a Comissão Europeia determina a urgência de reduzir a densidade das populações de javalis em todos os Estados-membros, intensificando a sua caça para prevenir o avanço da PSA, surpreende que em Portugal PAN e Bloco de Esquerda apresentem propostas para acabar com a utilização de matilhas de caça maior, que é precisamente um elemento fundamental para reduzir o número de javalis”.

João Carvalho, secretário-geral da ANPC classifica estas propostas como “irresponsáveis, hipócritas e muito perigosas”, acusando estes partidos de estarem a pôr em causa o combate ao alastramento desta terrível epidemia. “Por incrível que pareça, é neste momento de particular alarme a nível Europeu com a PSA, que vemos mais uma vez o Bloco de Esquerda e o PAN, partidos que parece que vivem noutro planeta, a apresentarem na Assembleia da República propostas para acabar com as matilhas de caça maior, elementos fundamentais para a redução das densidades de javalis, através da caça de montaria”, considera o responsável.

A circulação de suínos vivos provenientes das zonas afectadas está já proibida, bem como o transporte de produtos cárnicos, mas o transporte informal de enchidos e fumados feitos com carne de porco, nos países afetados, é algo muito difícil de controlar nas fronteiras terrestres. “Foi precisamente este o caso dos surtos mais recentes, ocorridos na Bélgica e na República Checa: basta que os restos de uma simples sanduíche feita com produtos cárnicos infectados sejam deitados fora e depois consumidos por um javali para se criar um novo foco de infecção. No caso da Bélgica, foram mais de 230 focos detectados”, explica o responsável da ANPC, recordando o ‘salto’ de 2 mil quilómetros que a epidemia deu desta forma.

O risco para Portugal ganha proporções ainda mais preocupantes se olharmos para o estado actual das populações de javali, extremamente abundantes, o que significa que, caso a PSA chegue a Portugal, facilmente irá alastrar. “Se considerarmos só o sector da suinicultura industrial, os prejuízos potenciais seriam de centenas de milhões de euros, tendo em conta que Portugal abate cerca de 5 milhões de porcos por ano, sendo que a este número acrescem muitos milhares de porcos criados em regime de montanheira que fazem a engorda em Portugal sendo depois levados para Espanha”, explica João Carvalho.

Além do reforço da caça ao javali, importa impedir o transporte informal de produtos cárnicos de suíno, feitos em países afectado, através da sensibilização de turistas, camionistas e cidadãos de países afectados que residem e trabalhem em Portugal. A DGAV reuniu com as Organizações do Sector da Caça (onde se inclui a ANPC) e ICNF, no sentido de traçar um plano nacional para redução do risco da PSA em Portugal. “Infelizmente os recursos são muito escassos e faltam meios para implementar uma campanha de sensibilização à escala da potencial catástrofe que enfrentamos”, afirma o secretário-geral da ANPC.

As elevadas populações de javalis que existem actualmente não são apenas um risco no caso de aparecimento da PSA. Actualmente os javalis causam avultadíssimos prejuízos nas culturas agrícolas, em especial no milho, prejuízos na flora e fauna protegidas (veja-se caso da serra da Arrábida), crescente sinistralidade rodoviária e são ainda vetores de inúmeras doenças, algumas das quais transmissíveis ao Homem como a tuberculose e a triquinose.

Trata-se por conseguinte de um enorme problema que se pode agravar, sendo a caça uma ferramenta essencial para a regulação das populações.

É perante este cenário que a ANPC considera que as propostas do PAN e BE, que efectivamente vêm pôr em causa o combate a esta grave epidemia, demonstram um total desrespeito pelas actividades do mundo rural, não fazendo caso das consequências sérias para a saúde pública e para a economia nacional de uma epidemia de PSA em Portugal. “São partidos que decididamente só se lembram do mundo rural quando temos catástrofes como os incêndios, já que o resto do ano parece que trabalham contra o mundo rural”, finaliza João Carvalho.