Vila Franca de Xira tem em si uma carga cultural e emotiva peculiar. É daquelas cidades que se ama ou odeia. É difícil encontrar um equilíbrio numa cidade que tem o Tejo como namorado, a Ponte Marechal Carmona como símbolo de mobilidade, entre a história e a contemporaneidade, e claro a Praça de Touros Palha Blanco como monumento identitário de um povo, de uma tradição, de uma cultura.
Contudo há mais por descobrir em Vila Franca de Xira. Começamos pelo Museu do Neo-Realismo, um monumento dedicado a uma corrente única e marcante da história, relativamente, recente. Um espaço que sendo moderno nos remete para o passado como ponto de partida para pensar o futuro. A programação é uma constante, as exposições imperam e são regulares as visitas de grupo com destaque para o segmento sénior e infanto/juvenil, além claro de adultos activos e famílias. Toda a informação sobre o Museu pode ser encontrada aqui: http://www.museudoneorealismo.pt/ .
Terminou no passado dia 31 de Março, o Mês do Sável. Mas a gastronomia vilafranquense, e também Ribatejana, tem muito mais por descobrir. Bastará uma breve pesquisa para saber onde e quando comer o que realmente identifica o concelho. Em breve haverá, também, um doce identitário do concelho, eleito através de concurso.
Mas não pode também perder a possibilidade de um passeio no Varino Liberdade, em pleno Rio Tejo, entre Vila Franca de Xira e o Parque das Nações, em Lisboa. A paisagem é deslumbrante, o enquadramento quase poético e o ritmo permite reter as emoções que só a natureza transmite. Em plena Companhia das Lezírias não deixe ainda de visitar o EVOA, Espaço de Visitação e Observação de Aves. Um espaço único a nível nacional e que permite uma experiência distinta.
Vem este texto a propósito do último fim-de-semana, em que estive por Vila Franca de Xira. Um sábado quente e um domino chuvoso, culminando esta visita com um dilúvio em plena Palha Blanco enquanto o matador de touros Vítor Mendes toureava. Para os que gostam, e para os que não gostam, garanto-vos que aquele momento foi poético. Um Homem, um Touro, uma Arte, A Natureza (em forma de chuva), e eu ali sentado na velhinha Palha Blanco ao lado de colega jornalista degustando gomas.
A Arte pode, obviamente, ter os intelectuais nela envolvidos. Mas nada substitui a essência do povo, de pessoas que são gente, de histórias que são vida. Os meus amigos vilafranquenses dizem que ‘Vila Franca de Xira não é melhor nem pior, é Diferente’ e aceito! Cabe aos que a desconhecem, deixar o preconceito de lado e ir! Vila Franca de Xira é touros e touradas, sim! Mas também tem a Fábrica das Palavras, o Museu do Neo-Realismo, o Colete Encarnado, a Feira de Artesanato, os Vinhos Encostas de Xira, vasto património gastronómico, natureza, ruralidade, vertente citadina e uma panóplia de encantos e recantos por descobrir. E Vila Franca de Xira é Terra de Gente!
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: João de Sousa