O Ciclo “Há Fado no Cais” levou este sábado Marco Rodrigues ao Grande Auditório do Centro Cultural de Belém para apresentar o seu mais recente disco “Fados do Fado” em que homenageia os homens do Fado, desde compositores a letristas e intérpretes.
Perante sala composta de público na plateia, Marco Rodrigues subiu ao palco poucos minutos passavam das 21:00 recebendo calorosa ovação e criando desde logo boa interacção com o público pedindo-lhe para cantar consigo.
O fadista nascido em Amarante e a quem Lisboa apresentou o Fado quando veio para a capital, passou a adolescência em que de Fado só conhecia Amália Rodrigues (e não é pouco). Tudo muda na capital em que é conquistado pelo Fado e conquista o público com a sua voz grave, uma intensidade nas palavras que canta e um lado genuíno que facilmente agrada e o aproxima do público.
Em 2015 lançou “Fados do Fado” um disco em que homenageia os grandes homens do Fado. Um disco de versões a que a sua voz dá uma nova roupagem. E no Centro Cultural de Belém foi este mesmo disco o fio condutor do concerto, mesmo o fadista tendo interpretado fados da sua discografia anterior e até alguns clássicos.
Começou por lembrar que “a minha turneé 2016 começa hoje” mas o seu ano civil começou ainda melhor pois “o meu maior sonho enquanto homem e ser humano era ser pai, e fui há um mês” disse. Quanto à música já tinha interpretado “Ai se os meus olhos falassem” a abrir o concerto.
Chegou a ser um dos símbolos vivos de Lisboa e Marco Rodrigues faz questão de o homenagear em todos os concertos, “O Homem do Saldanha”, num tema composto por Tiago Machado e escrito por Boss AC, que na sua versão original é interpretado em dueto por Marco Rodrigues e Carlos do Carmo.
O fadista homenageou vários nomes grandes do fado, no masculino, como Jorge Fernando (Guitarra, Guitarra), Carlos do Carmo (Bairro Alto), João Ferreira Rosa (Arraial), Max (A noite) ou Francisco José (Nem às paredes confesso). Antes de cada tema falava um pouco das pessoas a quem era prestada homenagem esclarecendo a preceito o público que pudesse estar distraído.
Nos temas mais conhecidos contou com a colaboração do público no refrão, sendo muito acarinhado ao longo do espectáculo. A sua actuação fica marcada pela afinação, projecção vocal e mudanças de registo executadas com correcção e uma linguagem corporal adequada, evitando e bem o excesso de dramatismo.
Mas Marco Rodrigues não esteve sozinho em palco. Acompanharam-no Pedro Viana na guitarra portuguesa, André Ramos na viola de fado e Frederico Gato na viola baixo. E os músicos estiveram em noite de grande inspiração. Que simbiose perfeita entre instrumental e o intérprete. Destaque para Pedro Viana na guitarra portuguesa que afirma-se cada vez mais como um dos melhores guitarristas da sua geração. Em “Duas lágrimas de orvalho” foi perfeita a interpretação de Marco Rodrigues e o acompanhamento no baixo de Frederico Gato.
Marco Rodrigues tinha ainda uma surpresa preparada para o público. Ou melhor, duas. A primeira foi João Domingos, seu primo com 18 anos e que toca viola há dois. Chamado a palco por Marco, não acusou a responsabilidade e esteve correcto na interpretação de dois temas. A segunda surpresa aconteceu no tradicional encore em que Marco Rodrigues arriscou e sentado ao piano proporcionou dos melhores momentos da noite com “Onde vou”.
“Rosinha dos Limões” fechou em grande um concerto que voltou a mostrar toda a valia do fadista nortenho que Lisboa adoptou. O nome Marco Rodrigues tem na sua actual essência Fado. Fado que canta, que sente e que emociona quem ouve.