O Lounge D do Casino Estoril recebeu ontem a primeira “Quartas de Fado” com a dupla fadista composta por Gonçalo Castelbranco e Vânia Duarte.
As “Quartas de Fado” do Lounge D do Casino Estoril começam cada vez a ganhar o seu lugar de destaque na divulgação da canção nacional, dando oportunidade a fadistas menos conhecidos, mas nem por isso de menor valor, de apresentarem o seu trabalho.
Perante uma plateia mais reduzida que o habitual, o futebol pode ter sido um dos responsáveis, a fadista Vânia Duarte acabou por ser o grande destaque da noite com uma prestação bastante meritória, demonstrando uma excelente colocação vocal, uma postura sóbria mas que soube dosear q.b na interacção com o público e um sentimento transmitido muito naturalmente no desenrolar de cada fado.
Gonçalo Castelbranco teve a responsabilidade de abrir as actuações e fê-lo interpretando fados como “Rosa da Madragoa”, “Miúda da Minha rua” ou “Mouraria”. Com garra, e voz que causa impacto, o fadista deverá rever a sua linguagem corporal, por muitas vezes o trair relativamente à densidade das letras interpretadas. A linguagem corporal devera ser um prolongamento da interpretação.
O fadista relembrou ainda os presentes que “temos tido sempre muito boas noites com boas vozes, umas vezes com mais gente, outras com menos…” acrescentando que nesta noite dariam ao público “fado, fado tradicional”.
Vânia Duarte subiu a palco e com postura sóbria, destacou-se pelo seu extraordinário aparelho vocal. Uma fadista que merece ser seguida mais perto e com mais atenção, pois doseia bem a emoção colocada no canto, tem uma voz que sabe controlar, um timbre impar e uma facilidade em criar empatia com o público, sempre importante para quem pisa um palco. Destaque no alinhamento para “Fado sem fadista” (com o qual abriu brilhantemente a actuação), “Anda o sol na minha rua”, “Lisboa e o Tejo”, um namoro eterno que o publico soube trautear o refrão, ou “Havemos de ir a Viana”.
Na segunda parte da noite de fados, Gonçalo Cstelbranco abriu com “Sei de um rio”, habitualmente interpretado por Camané, e esteve seguro, com um grande controlo no modo como interpretou. Destaque ainda para a garra e emoção com que interpretou uns versos escritos pela sua avó. Os versos de rara beleza, encontraram na voz de Gonçalo, uma parceria que resultou muito bem.
Vânia Duarte encerrou a noite com chave de ouro. Fados como “Quentes e boas”, “Namorico da Rita” ou “Lisboa à noite” agradaram ao publico que acarinhou os artistas neste espectáculo.
Destaque ainda para os músicos que acompanharam os fadistas: Bernardo Romão e João Quadros na guitarra portuguesa e Luis Roquette na viola de fado.
As “Quartas de Fado” regressam no próximo dia 13 com os fadistas Duarte e Teresa Lopes Alves.