Carlos Leitão teve ontem a responsabilidade, cumprida com distinção, de abrir as actuações no Montepio Fado Cascais, dia de encerramento desta edição. Antes de subir a palco, o músico concedeu uma entrevista ao Infocul, na qual abordou a responsabilidade de actuar neste festival e ainda sobre a reacção que o público tem tido para com o seu disco, “Sala de Estar”.
“As expectativas não são nem mais nem menos do que qualquer concerto. E com isto não é subestimar, de forma nenhuma, o Festival Montepio Fado Cascais, mas é antes enaltecer a capacidade profissional que eu e a minha equipa temos em cada concerto que fazemos. Ainda que possa parecer um lugar comum, eu gosto tremendamente daquilo que faço e estou muito realizado em cada palco e portanto as coisas são sempre feitas com uma entrega total”, começou por dizer quando questionado sobre a responsabilidade de actuar neste festival.
Acrescentou ainda que “naturalmente que neste caso, tendo a responsabilidade de anteceder a Ana Moura num palco, que segundo sei, tem a plateia completamente esgotada, não me traz uma responsabilidade no sentido do peso mas antes do prazer. Muito prazer, isso sim”.
Carlos Leitão tem estado em digressão com o disco “Sala de Estar” e tem tido o público a aderir aos espectáculos. Questionámos o fadista se a reacção do público já superou as suas expectativas, tendo o fadista revelado que “para já eu sou um pessimista por natureza e convicção. Eu sempre fui alvo de crítica de quem me é mais próximo precisamente por isso, e às vezes as pessoas não entendem que não é por falta de crença pessoal, é mais pelo caminho fácil de não esperar o céu. Ou seja, se nós nos mantivermos fiéis aquilo que somos, e aquilo que eu sou é um tipo racional que roça muitas vezes o pessimista, naturalmente tudo o que vier de bom vai ter uma dimensão gigantesca e completamente enchedora do ego. O ego, no bom sentido do ego, não o ego deslumbrado que esse nunca tive, até à data. Mas nesse sentido, sim, superou as expectativas largamente”. Em Cascais, contou com um público que o acolheu, respeitou e valorizou a sua actuação.
O músico explicou ainda o equilíbrio entre a racionalidade do homem e a emoção do artista.