Castelo de São Jorge consagrou a rainha Ana Moura e as princesas Sopa de Pedra

 

 

A voz única de Ana Moura e as inebriantes Sopa de Pedra proporcionaram serão musical de qualidade e requinte em pleno Castelo São Jorge, em Lisboa, num espectáculo inserido no ciclo Fado no Castelo, que integra as Festas de Lisboa, que decorrem durante todo o mês de Junho.

Ana Moura é, por mérito próprio e fruto da qualidade aliada à tradição e ao arrojo, um dos nomes que melhor personifica o Fado na actualidade.

Sopa de Pedra é um colectivo dedicado ao canto à capella de temas da raiz tradicional portuguesa. Ontem, o Castelo de São Jorge foi palco que permitiu a expressão e audição da arte da fadista e do colectivo.

Sopa de Pedra abriu o concerto, para seguidamente Ana Moura interpretar ‘Moura Encantada’. Doce, de voz aveludada e vinda da tradição e de foco no futuro, seguiu para ‘O meu amor foi para o Brasil’.

Boa noite. Obrigado por terem vindo. Estão quentinhos aí? Sabemos que ficou muita gente à porta. Temos muita pena mas agradecemos‘, foram algumas das palavras dirigidas ao público. Destacar que a procura pelo bilhete de acesso ao espaço, o concerto tinha entrada gratuita até ao máximo da lotação do espaço, foi muito superior à oferta.

Aproveitou e chamou novamente Sopa de Pedra ao palco para ‘Fado Dançado’, num tema que resultou num extraordinário momento em conjunto. Sopa de Pedra são uma viagem imersa na tradição mas com um cunho muito próprio, em que as vozes são veículos das imensidades artísticas e emocionais destas mulheres.

Novamente apenas com os seus cinco músicos continuou a aquecer a noite com ‘Tens os olhos de Deus’ e ‘Ninharia’.

Acompanhada, apenas, por Ângelo Freire, Pedro Soares e André Moreira (guitarra portuguesa, viola de fado e baixo) esteve excelente em ‘Fado Loucura’ e ‘Porque Teimas Nesta Dor’.

Num espectáculo em que Ana Moura esteve numa performance interpretativa extraordinária e perto da perfeição, tendo em conta que a mesma não existe, o público soube reconhecer a valia do concerto que estava a assistir e foi retribuindo com fortes e efusivos aplausos.

No instrumental, espaço para os músicos brilharem numa interpretação intensa, diversificada e a provocar várias vezes o aplauso da plateia.

Sopa de Pedra trouxeram a leveza das suas vozes para interpretar ‘Os Bravos’, seguindo-se dois duetos com Ana Moura, o segundo absolutamente arrebatador.

Para o fim, e culminando quase em clima de arraial, ficaram os temas ‘Valentim’, ‘Dia de Folga’, e após exigido encore, ‘Lá vai Lisboa’ e ‘Desfado’, perante o público que dançava, cantava e aplaudia num verdadeiro clima de aclamação para com os artistas.

Ana Moura mimou ainda o público com o refrão do tema ‘Os Búzios’, um dos mais conhecidos da sua vasta e aclamada discografia.

Um espectáculo com vista privilegiada sobre Lisboa e no qual Ana Moura juntou a beleza física e da sua voz às angélicas Sopa de Pedra.
A tradição tem o presente o futuro assegurado, saibamos nós valorizar e preservar esta estirpe qualitativa de artistas.

Neste espectáculo e além dos já três citados músicos, Ana Moura contou com Mário Costa na bateria e Joaquim Gonçalves nos teclados. Destaque ainda para a qualidade do som deste espectáculo.

 

Texto: Rui Lavrador
Fotografia: João de Sousa

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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