Diogo Piçarra deu a conhecer a sua faceta musical com os covers que fazia de outros músicos mas foi com o tema “Tu e Eu”, do álbum “Espelho”, que atingiu o sucesso nacional. Os seus temas fazem parte de bandas sonoras de novelas (ex: “Mar Salgado” e “Poderosas”) e actualmente são os mais novos que cantam as suas canções. Algumas das músicas mais conhecidas do cantor são: “História”, “Só Existo Contigo” ou “Volta”.
“É bom sentir esse carinho. É também uma forma de força mas é muito bom sentir esse apoio. De certa maneira estão a espalhar a nossa música e também que a música deixou de ser minha para ser deles. Isso é o bom de se fazer música“, conta Diogo Piçarra sobre o que sente quando vê alguém a cantar as suas músicas em coovers espalhados pela internet ou nos concertos que realiza um pouco por todo o país.
O ano de 2017 chegou com a edição de um novo disco, “Do=s”. Este álbum foi lançado dois anos depois do trabalho anterior e a maioria das composições foram feitas durante a tournée, no intervalo dos concertos.
“Este disco foi crescendo. Vai crescendo ao longo da composição e não pensei muito nisso“, conta Diogo Piçarra como foi o trabalho de composição para este novo trabalho e da importância que as músicas que foi ouvindo e os músicos com os quais foi colaborando ao longo dos últimos anos (ex: Agir, Jimmy P, Karetus, Virgul ou os D.A.M.A).
“Foi muito importante este contacto com estas pessoas e de uma certa maneira influenciaram-me também na minha maneira de cantar e de escrever. Para mim isso é natural porque também ouço este tipo de música mas não me quis arriscar muito no primeiro. As pessoas conhecem-me daquela maneira. Um Diogo mais melancólico que vinha dos covers e das versões mais acústicas“, conta o músico.
Diogo Piçarra já colaborou com nomes como: Agir, Jimmy P, os Karetus ou os D.A.M.A, alguns dos nomes mais aclamados da nova “vaga” de músicos portugueses.
“A nossa produção está a melhorar imenso. Temos cantores e compositores de todas as idades. Dos mais ‘putos’ aos mais velhos. Houve uma grande mudança e uma grande melhoria na música portuguesa“, explica o músico sobre o sucesso que a música e os cantores portugueses estão a ter.
Neste novo disco pode-se encontrar um Diogo mais “dançável” e bastante orgulhoso deste novo disco.
“Neste disco percebi que era um caminho a seguir graças a todos os comentários e opiniões depois do lançamento do ‘Dialeto’. Vi que poderia organizar por aquele caminho e o ‘Do=s’ é mesmo isso. Fui compondo as minhas músicas ao longo do tempo. Principalmente na estrada porque não tive muito tempo para compor e tenho muito orgulho no trabalho porque é um trabalho coerente, consistente. Pode haver uma mudança mas toda ela faz sentido se forem ouvir do inicio ao fim o disco“, diz Diogo Piçarra.
“Do=s” foi lançado a 31 de Março mas foi apresentado a 24 de Março no Teatro das Figuras, em Faro. Esta foi a primeira vez que Diogo Piçarra actuou perante o seu “público”, já que Diogo e o seu irmão gémeo, André, nasceram a 19 de Outubro de 1990 na capital de distrito algarvia. Durante todo o concerto o público cantou com o músico as suas mais recentes canções. Isto devido a um teaser que lançou lançou online com algumas das suas mais recentes canções.
” Do=s, acima de tudo, queria que significasse que era o segundo disco mas ao mudar um pouco o título e colocar um = no i eu quis que significasse as duas pessoas. O disco todo anda em torno de uma relação a dois“, conta Diogo Piçarra sobre o significado do título deste novo álbum que resulta do trabalho e das pessoas que foi encontrando ao longo dos últimos dois anos e, especialmente, da relação que tem com a namorada já há dois anos.
“É a minha inspiração para muitas músicas e para a pessoa que sou“, conta o músico que tem na namorada uma das suas fontes de inspiração para este novo disco que o cantor considera ser mais directo e onde retrata os bons e os maus momentos de uma relação. É um álbum de certezas.
“Do=s” é o sucessor do primeiro álbum de originais de Diogo Piçarra, “Espelho”, que foi editado em 2015.
“Há dois anos nunca pensaria em lançar um segundo álbum. Pensei que nunca conseguiria recuperar o primeiro e que não teria inspiração para tal. As coisas começam a surgir e está o segundo disco feito. Também não esperaria fazer o que fiz até hoje“, diz o músico que é uma das vozes mais queridas da actualidade.
Actualmente o mercado musical é algo passageiro, já que toda a gente lança singles e videoclipes a toda a hora. Para o músico o que importa são as músicas e as mensagens que elas transmitem e no futuro quer continuar a fazer música sincera e verdadeira.
O novo cd do músico foi editado precisamente dois anos após o lançamento do trabalho anterior, que cativou o coração de milhares de portugueses.
“Eu tento ser imparcial à medida que vou escrevendo para que não seja apenas a minha história que está a ser retratada mas que toda a gente me identifique com essa história e que a música faça parte da história de vida das pessoas“, conta o músico que é autor de inúmeros sucessos que agradam a ouvintes dos 18 aos 40 anos.
“A minha música dá palavras às pessoas que de outra maneira não conseguiriam exprimir e é esse o objectivo. É fazer parte da vida“, diz o músico. As músicas do cantor fazem parte da vida de muitas pessoas que as utilizaram para reconquistar alguém ou serviram como banda sonora para a entrada na igreja de muitas noivas.
Diogo Piçarra vai actuar no Coliseu do Porto e no Coliseu de Lisboa, daqui a seis meses, nos dias 27 de Outubro e 03 de Novembro. Os concertos de promoção ainda agora começaram mas o músico já está a pensar nos espectáculos nos Coliseus.
“Ainda agora estive 3 meses a preparar esta tournée. Três meses difíceis a pensar no que iria fazer. Tudo o que engloba o espectáculo e o cenário. Já é complicado preparar 50 concertos e prepara-los de uma maneira que funcione tanto numa feira de uma aldeia como num teatro numa cidade. Acho que é importante pensar logo nisso e convém prepara-lo dessa maneira. Os Coliseus, é normal não pensar porque ainda falta muitos meses mas já me está a vir à cabeça muitas ideias, muitos convidados também e acima de tudo acho que vai ser uma noite especial pois vai ser como a cereja no topo do bolo“, conta o músico que considera estes dois espectáculos como momentos marcantes na sua ainda curta, mas cheia de sucesso, carreira e da sua própria vida.
Diogo Piçarra vai actuar numa festa da comunidade portuguesa em França e um dos seus objectivos com este novo trabalho é que as suas músicas tenham espaço em outros locais de língua portuguesa, como Angola ou o Brasil.
“Adorava que tivesse um alcance maior que Portugal. Espero que este segundo ano de disco seja repleto de concertos lá fora e que consiga finalmente fazer parte da história e da vida das comunidades portuguesas que me ouvem lá fora“, explica Diogo Piçarra que com este novo disco também gostava de realizar mais colaborações e preparar novas músicas.
Para além de cantar e compor, para si e para outros, é o autor do livro “Diogo em Pessoa” e quando não está a actuar está nas escolas a apresentar este livro que apresenta a obra de Fernando Pessoa de uma outra forma.
“Tem estado a correr muito bem. Nunca esperaria estar a correr as escolas deste país com um livro nem que tivesse a aceitação que teve por ser um livro um pouco inovador e também que alguns professores pudessem ver o livro em tom de provocação por estar a mexer na escrita de um génio, para alguns pode ser uma forma mas a consequência é muito mais nobre. O objectivo é incentivar os mais novos a ler. É muito bom sentir o entusiasmo dos alunos“, diz Diogo Piçarra sobre o livro que lançou e que adaptou para o século XXI a obra do escritor dos múltiplos heterónimos.
Diogo Piçarra é o responsável pelo tema “Wall of Love”, que cantou com a banda de drum n’ bass em inglês. Os Karetus são sinónimo de dedicação, originalidade e talento.
“Sempre escrevi em português. Num primeiro momento houve alguma resistência mas percebi que com eles, aquele estilo que é drum n’ bass, funcionaria melhor em inglês. É muito mais directo, sem rodeios e conseguimos transmitir a mensagem da ‘Parede do Amor’, explica o músico que cantava em inglês nos covers que publicava na internet.
“Não quero dizer que nunca mais mas o que eu espero que se faça é que o Diogo faça mais músicas em inglês para outros cantarem. Adorava escrever ou produzir para outros artistas lá fora, no estrangeiro. Adorava que isso acontece-se e quea aparece-se essa oportunidade“, o cantor e compositor, que consegue também escrever em inglês e espanhol, algarvio gostaria de poder trabalhar com músicos como Justin Bieber, Ed Sheridan ou Sam Mendes.
Diogo Piçarra gosta os mais variados géneros musicais e bandas diversificadas, como: os Coldplay, One Republic ou os Likin Park.
Para além de cantar, Diogo Piçarra também escreve para si e para outros artistas. “É relativamente mais fácil. Acho que existe um distanciamento quando existe uma directriz, um tema. Acho que é um bocadinho mais fácil do que escrever para mim próprio porque sou muito crítico. Nunca fico satisfeito. Demoro meses a escrever a letra de uma música”, diz o músico que considera ser mais fácil compor para outros cantarem e gostava de trabalhar com artistas internacionais mas não pensa na internacionalização pois acredita que “Ainda tenho muita coisa para fazer aqui e tenho noção do nome que tenho“.
Fora dos palcos, Diogo Piçarra considera-se mais calmo e pacato. “Gosto do meu tempo, de estar estar sozinho, da minha paz de espírito. De estar a fazer música. De estar com a minha namorada a ver um filme, com o meu irmão ou com os meus pais“, conta o músico sobre o seu lado mais pessoal para além da fama e o sucesso e prefere ter os “pés na terra“.
Entrevista realizada na Livraria “Ler Devagar”, em Lisboa.