O Teatro Ibérico recebe ‘Elastic’ pela companhia LAMA. O elenco conta com Diogo Valsassina, Inês Monstro, Jorge Albuquerque e Luís Simões. A consultoria musical ficou a cargo de Paulo Furtado – The Legendary Tigerman.
A peça estará em cena de 14 a 16 de Fevereiro (às 21:30 ) e dia 17 de Fevereiro (às 16:00) no Teatro Ibérico.
Esta é uma criação de João de Brito, que assina também a encenação. A dramaturgia conta com Sarah Lemonnier e João de Brito.
João de Brito em declarações ao Infocul começou por revelar que “um dos maiores desafios foi criar um texto original, usando poemas de poetas algarvios, sendo que os texto que já existem, são textos que foram musicados e por isso tive essa dificuldade, como é que musicamos os poemas de poetas algarvios e além disso criamos uma narrativa de um texto original, essa foi a grande dificuldade, com temáticas que têm a ver com o Algarve mas não só, são universais, tem muito que ver com a necessidade que temos de ir para as capitais, para as grandes metrópoles e quando nós podemos estudar, fazer a nossa actividade profissional em sítios que não sejam grandes centros urbanos e tem a ver com esta coisa que é o afastamento, a perda de amizades, ou não, da adolescência”.
“Nós temos amigos da adolescência que ficamos anos sem os ver e há uns que voltamos a estar perto deles e é como se nunca nos tivéssemos afastado e há outros em que se cria uma frieza entre essa relação, há um espaço temporal muito grande que faz com que haja um afastamento, é uma estranheza e aqui esse é o grande desafio, pois o espectáculo começa com eles que não se viam há 10 anos e é o primeiro impacto, eles combinaram ver-se passados 10 anos e como é que eles reagem a isso? E o que eu tentei passar para os actores, nós tentamos esticar os silêncios também e é como se fosse um abrir de portas constante, de repente ninguém tem nada para dizer uns aos outros, de repente há um quebrar do gelo, vai-se quebrando o gelo, às tantas já estão a recordar histórias deles, já estão a ter desavenças de coisas passadas e assim caminha até ao final da peça”, diz-nos sobre o espectáculo.
Quando questionado se o tempo pode matar a amizade, disse-nos que “sim, o tempo pode não só matar a amizade, como matar algumas empatias que existem entre as pessoas, numa certa fase da sua vida que depois altera por completo. Aqui neste caso nós realçamos a amizade e ela está lá, mas é uma amizade que não é só saudável, porque esse afastamento fez com que ela não se tornasse tão saudável e é isso que abordamos e esta questão de como as pessoas interagem depois deste afastamento e depois dos traços de personalidade que se alteram as pessoas transforma-se, as pessoas já não são as mesmas pessoas passados 10 anos, e esse é o grande desafio, estão lá as vivências juntos, estão lá a adolescência juntos, mas depois as pessoas já não são as mesmas e como é que estão a agir no mesmo espaço onde ensaiaram durante anos, é o espaço deles, é o sitio onde cresceram, mas de repente há toda uma experiência de vida, que faz com que as relações humanas sejam diferentes e esse é o grande desafio do espectáculo” .
Convida o público ir ver o espectáculo, fundamentando que “há muita música e os poemas musicados é uma coisa que não é fácil fazer e acho que vale a pena um estilo rock com consultoria do Tigerman e tem uma narrativa linear que é acessível a toda a gente e não estamos aqui com grandes coisas e que acima de tudo tocamos em pontos fulcrais de sentimentos, da amizade, falamos sobre o amor, tem muitas fases do espectáculo em que as pessoas se podem identificar e rever o passado”.
Numa era digital, disse-nos ainda que “as emoções estão sempre lá, mesmo agarrados a um computador”.
Texto e Entrevista: Rui Lavrador
Fotografias: Miguel Louro Costa