
Inicia amanhã, 2 de Outubro, a Feira de Outubro, em Vila Franca de Xira. O presidente da câmara municipal vilafranquense, Alberto Mesquita, concedeu uma grande entrevista ao Infocul, na qual fala sobre as suas expectativas para o certame, a gastronomia, o artesanato e, claro, a tauromaquia.
Além do artesanato, música, gastronomia e tauromaquia, a edição deste ano fica marcada pela maior atenção para com o meio ambiente, através de uma parceria entre o município e a ValorSul.
Para a deposição das embalagens de plástico, metal e pacotes de bebida estarão disponíveis no recinto da Feira duas estruturas amarelas, cada uma com quatro contentores de 240 litros, que pela sua dimensão e colorido vão certamente atrair os visitantes para a causa. Os restantes resíduos de embalagens (vidro e papel/cartão) serão encaminhados para os Ecopontos do espaço do certame e o lixo orgânico para os contentores de indiferenciados. Nos dias de maior afluência à Feira Anual (6ª Feira, Sábado e Domingo) estarão presentes no evento equipas de sensibilização (mochileiros) a ajudar os participantes e a recolher as embalagens.
No final do EcoEvento a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira entregará na Central de Triagem da ValorSul os resíduos selectivos produzidos na Feira Anual, ficando-se assim com uma percepção do quantitativo produzido em termos de embalagens.
De seguida apresentamos, na íntegra a entrevista com Alberto Mesquita:
Quais as grandes novidades para a edição deste ano da Feira de Outubro?
Uma das principais novidades deste ano é o alargamento da duração da Feira Anual para um total de 12 dias, decorrendo por isso entre os dias 2 e 13 de Outubro. Tomámos esta decisão porque consideramos que seria uma mais valia para a cidade de Vila Franca de Xira e para o comércio local que esta feira centenária pudesse iniciar-se um pouco mais cedo. Foram também introduzidas melhorias no recinto, em particular na área dedicada à alimentação (onde decorre também a animação musical), que passa a estar localizada num espaço totalmente coberto, garantindo boas condições de conforto a todos os que por lá passem.
Em termos musicais quais os grandes destaques?
O maior destaque é a diversidade, nas 25 actuações que irão decorrer ao longo de 12 dias. O nosso objectivo com esta programação é garantir um factor acrescido de diversão a todos quantos se deslocam àquele espaço para almoçar ou jantar, ou simplesmente para tomar uma bebida com amigos. Desde a música popular ao fado, do Hip Hop ao Flamenco e também ao Rock, é um espaço muito aberto a diferentes linguagens artísticas, em que também valorizamos bastante o acolhimento de músicos e de agrupamentos locais.
Vila Franca engalanar-se-á para um evento que atrai milhares de pessoas. Já tem números da edição anterior? Quantos milhares espera receber este ano?
A enorme afluência de visitantes a este grande evento, em que o seu acesso é totalmente gratuito, quer no recinto da Feira, quer no Salão de Artesanato, tornam difícil o apuramento desse número, que também é variável consoante estejamos a falar de dias de semana ou de fins-de-semana. De acordo com a nossa estimativa, julgamos ter em média a presença de 15 a 20 mil pessoas por dia em Vila Franca de Xira. E nessa medida, com o alargamento a 12 dias, serão cerca de 200 mil as pessoas que irão visitar-nos neste período, marcando presença na Feira e no Salão de Artesanato, mas também para assistir aos espectáculos taurinos na Praça de Toiros Palha Blanco e às esperas e largadas de toiros nas ruas da Cidade.
Internacionalmente, existem alguns países a demonstrar interesse neste evento? Ou seja, há conhecimento de visitantes específicos de outros países que venham à Feira?
Sem dúvida. Existem aliás cada vez mais turistas e visitantes estrangeiros que nos procuram especificamente por ocasião do Colete Encarnado e da Feira de Outubro, nomeadamente americanos, espanhóis e franceses. E procuram-nos neste período especificamente pela componente tauromáquica destes eventos. Tivemos este ano pela primeira vez no Colete Encarnado a presença de um grupo de turistas japoneses e já temos contactos de outras agências turísticas, não só do Japão, mas também da China e dos Estados Unidos da América, com intenção de nos visitarem nos períodos em que podem vivenciar a Cultura Tauromáquica na Cidade. Importa também destacar o interesse da comunidade emigrante pelos nossos eventos. Logo no início de cada ano, o nosso Posto de Turismo é contactado por muitas pessoas que procuram saber as datas dos principais certames, sobretudo os que estão ligados à tauromaquia, e agendam a sua vinda à nossa região de forma a estarem presentes nestas alturas.
A Tauromaquia tem também importância extrema neste certame, e até na identidade de Vila Franca de Xira. Existe estimativa da riqueza gerada pela tauromaquia para o Concelho, além do patrimonial e sentimental?
Temos todos os motivos para considerar que a Cultura Tauromáquica é e continuará a ser uma grande referência identitária do Município vilafranquense, assim como um factor muito importante de atracção turística e de dinamismo económico. Numa altura em que ainda não chegámos ao final deste ano e por isso mesmo não detemos dados finais, o número de visitantes estrangeiros no Posto de Turismo em 2019, com interesse na Tauromaquia, já cresceu para perto de quatro vezes mais em relação a 2018. Também no caso dos portugueses com o mesmo interesse registamos um aumento muito significativo, e isto numa altura em que iremos ainda contabilizar o número de visitantes nestes 12 dias de Feira Anual.
Procurando ir ao encontro da sua pergunta, direi que a riqueza gerada pelas actividades tauromáquicas e pela generalidade de eventos como este tem reflexos positivos, de forma transversal, a todas as áreas de actividade económica local – no comércio, na restauração, no alojamento, na oferta cultural. É também importante lembrar que para os espectáculos realizados em Praça são mobilizadas múltiplas actividades económicas que continuam a ter um papel de grande relevo na nossa região. Desde logo as próprias ganadarias, responsáveis pela criação e pela preservação do toiro bravo. Mas também a criação de cavalos e de todas as demais componentes associadas à Festa Brava: confecção de trajes e capotes, produção de bandarilhas, isto apenas para dar alguns exemplos. Em torno de cada uma destas actividades falamos de milhares de profissionais e artesãos, que têm na Tauromaquia todo o seu percurso profissional e de vida. O exemplo mais emblemático disso mesmo é para nós o Campino, figura ímpar do trabalho rural, que está no centro da nossa Festa do Colete Encarnado. Mas há dezenas de outras profissões ligadas a esta área, umas mais visíveis que outras, como aliás acontece em qualquer outro espectáculo. Há sempre os que estão bem visíveis em palco (neste caso, na arena), e por cada um desses, muitos outros que fazem um trabalho essencial nos bastidores, garantindo que tudo corre bem. Por isso, considero que é preciso respeitar sempre, não apenas a Cultura e a Tradição da Tauromaquia, mas também todos estes milhares de profissionais que todos os dias fazem o seu melhor pela preservação da nossa Cultura.
Outro dos aspectos muito importantes deste certame é o artesanato. Já há número total de expositores para a edição deste ano?
O Salão de Artesanato, que abre portas a 4 de Outubro, conta em 2019 com cerca de 100 artesãos, organizados em 96 stands. Deste total, há 11 artesãos a participar pela primeira vez, estando aqui representados 60 Municípios de todo o País. Ao nível distrital, temos a satisfação de contar este ano com 17 distritos, o que corresponde a 85% de representação nacional.
É possível saber qual o valor total do orçamento para este certame?
O investimento municipal é semelhante a edições anteriores, cifrando-se no total em cerca de 300 mil euros.
Em termos de acessibilidades o que aconselha a quem visite este certame?
Uma das vantagens do Concelho de Vila Franca de Xira é o facto de estarmos muito próximos de Lisboa (apenas a 20 minutos), dispondo de excelentes acessos rodoviários e também ferroviários. É claro que num evento ao qual acorrem tantos milhares de visitantes, o estacionamento pode ter dificuldades acrescidas, sobretudo para quem nos visite à Sexta-Feira à noite, ao Sábado ou ao Domingo. Embora existam parques de estacionamento de grande capacidade criados especificamente para dar resposta a essa necessidade, a nossa recomendação é que os visitantes optem pelos transportes públicos, recorrendo ao comboio ou ao autocarro. É cada vez mais uma opção a ter em conta, não apenas pela economia de tempo e pela segurança que proporciona, mas também por ser uma forma de deslocação mais amiga do ambiente.
Para quem visita Vila Franca de Xira, quais as iguarias que não pode deixar de degustar nos restaurantes do Concelho?
O nosso Concelho dispõe de um leque bastante alargado de restaurantes de grande qualidade, seja em Vila Franca de Xira, Alverca, Póvoa, Alhandra, ou noutras localidades. As iguarias típicas da nossa região estão relacionadas com sabores típicos do campo e do rio. Nas carnes, o coelho, o bife de toiro ou outras carnes bravas, são sem dúvida opções a considerar. Nos peixes, sugiro o Torricado com Bacalhau Assado, que é mote para a Campanha de Gastronomia a realizar já em Novembro, também o Sável em Março, e ainda o camarão do rio, as enguias fritas, são apenas algumas das sugestões que podemos aqui deixar para aguçar o paladar dos vossos leitores. Na nossa Feira Anual, com a presença de diversas tasquinhas, não faltarão também outros petiscos bem típicos destes certames: sopa de peixe, moelas, salada de polvo e de orelha e todo o tipo de grelhados, são algumas das propostas que estarão certamente prontas a degustar.
Um pouco à parte do certame, questiono-lhe se já existem novidades sobre o concurso que definirá o doce tradicional de Vila Franca de Xira?
A Câmara Municipal lançou recentemente este concurso, procurando envolver o comércio local, em particular as pastelarias, convidando-as a criar uma receita que pudesse vir a constituir-se como o Doce tradicional do nosso Concelho. Uma vez decorrido o prazo para a apresentação das candidaturas e após a sua apreciação, o júri do concurso concluiu que as propostas apresentadas não reuniam as condições necessárias para que pudesse ser atribuída essa distinção. Não ficou assim definido nenhum vencedor para o Concurso “Um Doce Conc(s)elho”. A intenção da Autarquia para o próximo ano é voltar a esta temática e lançar novos desafios à Comunidade neste âmbito. Mantemos este nosso objectivo de encontrar um doce que possa representar o Concelho de Vila Franca de Xira e constituir-se como um produto de referência, como já o é o Vinho “Encostas de Xira”, de produção 100% municipal.
Qual a mensagem que deixa aos nossos leitores?
Temos sempre o maior prazer em receber todos os visitantes a Vila Franca de Xira, nesta e noutras alturas do ano. Esta é uma terra de gente acolhedora que gosta de receber bem, e a Câmara Municipal, nos eventos que realiza, procura sempre ser a expressão desse modo de ser que é bem característico das nossas populações. Por isso faço votos, a todos aqueles que já têm por hábito visitar-nos durante a Feira Anual, que uma vez mais renovem essa tradição. E a todos os que ainda não tiveram oportunidade de conhecer este território, fica o convite para que o façam nesta altura, e que aproveitem bem tudo o que este Município tem de bom para oferecer. Será um enorme prazer receber-vos a todos.