No âmbito das Festas de Lisboa, a fadista Carminho subiu a palco no Castelo de São Jorge em Lisboa para actuar perante uma boa moldura humana e uma encantadora vista sobre a baixa lisboeta e o Tejo.
Inserido no ciclo “Fado no Castelo”, Carminho inaugurou a primeira de três noites em que o Fado conquistará o Castelo São Jorge e certamente quem assistir aos concertos que terão no dia 17 o guitarrista José Manuel Neto e convidados e no dia 18 Ana Moura.
Carminho regressou aos concertos em Portugal após uma bem-sucedida digressão pela América Latina onde encheu salas e conquistou o público e a critica que se renderam ao seu “Canto”. Carminho já tinha conquistado o Brasil, recordamos que ainda recentemente em entrevista ao Infocul a cantora brasileira Fafá de Belém nos revelava que “Carminho está estoirada” o que significa em grande, nas terras de Vera Cruz, teve em 2016 também o público de Buenos Aires e Bogotá rendidos às suas actuações.
Na sua amada Lisboa, podemos dizer que Carminho conquistou o Castelo de São Jorge, provando que a sua habitual garra, linguagem corporal e a tendência pelas notas altas voltaram a não deixar ninguém indiferente. Com um alinhamento inteligentemente desenhado foi desfiando ora fados tradicionais, ora marchas e ainda alguns temas com sonoridades do mundo, o seu mundo.
Abriu espectáculo com “Lágrimas do Céu” numa noite agradável e sem nenhuma partida de São Pedro, para logo de seguida brindar o público com um dançante “Saia Rodada”. “As pedras da minha rua” antecedeu “Voltar a ser” de João Monge.
Carminho para além de todo o seu imensurável talento, conta com músicos de excelência. Neste concerto foram cinco a acompanhá-la: nas percussões Ivo Costa, Rúben Aves no acordeão e xilofone, Luis Guerreiro na guitarra portuguesa, Flávio César Cardoso na viola de fado e José Marino de Freitas na viola-baixo.
De Arnaldo Antunes e com musica de Marisa Monte cantou “Chuva no Mar” e estando no Castelo brilhou com a “Bia da Mouraria” e com a “Marcha de Alfama”, tendo colocado o público também a cantar “Bom dia amor” inspirado num poema de Fernando Pessoa. Cantou “o único fado que conheço que não foi composto e escrito por um português, mas que só foi cantado por portugueses”, referindo-se a “Saudades do Brasil em Portugal” da autoria de Vinícius de Moraes que o escreveu em Portugal durante a ditadura militar no Brasil.
Destacam-se numa actuação de elevada qualidade artística ainda as interpretações de “Ventura”, “Porquê”, “Andorinha” que foi composto pela fadista, “Disse-te Adeus” ou “Fado Pechincha”.
Mas o momento alto sucede com “Amor Marinheiro” em que à capella rebata o público e recebe estrondosa ovação de pé após um curto encore antecedido por “Escrevi teu nome no vento”. Terminou em clima de festa com “Saia Rodada”.
A fadista mostrou-se muito comunicativa em palco com o público e ao longo do espectáculo revelou que o Castelo de São Jorge “é um lugar privilegiado para se fazer um concerto. Já tive este privilégio três vezes. Festejar as festas de Lisboa, estar em lisboa na altura das festas de Lisboa é para mim um privilégio”.
Fotografia: Facebook Oficial de Carminho