Flávio Gil 28

 

Flávio Gil e Carlos Dionísio foram os vencedores da Grande Marcha de Lisboa 2017. “Lisboa, Mar de Encontros” derrotou a concorrência e será cantada, bailada e ouvida no Santo António, aquando das marchas populares.

 

 

Em entrevista ao Infocul, Flávio Gil começou por dizer que esta possibilidade, de participar, surgiu através de Carlos Dionísio. “Foi o Carlos Dionísio que me desafiou a concorrer ao concurso que toda a gente conhece, Grande Marcha de Lisboa. Eu disse-lhe que sim, enviei-lhe a proposta, ele fez a música”, sintetiza.

 

A decisão da vencedora do concurso da Grande Marcha de Lisboa coube a um júri constituído por Tó Zé Brito (em representação da Sociedade Portuguesa de Autores), Tiago Torres da Silva (para apreciação da letra da composição) e Mitó Mendes (para apreciação das composições na generalidade).

 

 

Esta trabalho conjunto surge no seguimento de outras parcerias que Flávio e Carlos já fizeram anteriormente. “O Carlos Dionísio é uma pessoa com quem tenho trabalhado muito, principalmente em teatro, é um compositor com quem gosto muito de trabalhar, é sempre uma das primeiras escolhas quando tenho que recorrer a alguém para musicar algo que escrevi. Neste caso, embora o convite tenha partido dele, faz todo o sentido, pois já trabalhámos em conjunto muitas vezes”, explica-nos Flávio Gil.

 

 

Flávio Gil que encontra-se actualmente em cena com a revista “Parque à Vista” no Parque Mayer, foi recentemente homenageado no Chapitô, onde mensalmente tem uma noite de fados a seu cargo. Estando em Março, este tem sido um ano de enorme reconhecimento para um artista que tem feito um percurso sustentado e a pulso. Quando questionado e haveria mais projectos para este ano que pudesse revelar, foi sucinto, dizendo “nada”.

 

 

O Concurso deste ano convidou os autores a comporem a Grande Marcha de Lisboa sob os temas “Atlântico, mar de encontros” e “Lisboa”.

 

 

Este foi o ponto de partida para o processo criativo desta letra, por parte de Flávio Gil, que nos disse, “tentei juntar aqui as duas numa e dai a marcha chamar-se “Lisboa, Mar de Encontros”, os dois temas propostos pela EGEAC. A minha ideia é reflectir esta Lisboa dos dias de hoje, que já não é a Lisboa das varinas e dos ardinas, mas que é muito multicultural, uma miscelânea de culturas e sabores, de odores, e que eu acho que é uma Lisboa muito mais rica, que cheira a muitos países diferentes mas que são todos um bocadinho da nossa herança dos Descobrimentos. Criou-se aqui um mar de encontros, de muitos mares, e criou-se um oceano riquíssimo de muitas culturas”.

 

 

Este ano, Flávio Gil será, como no ano anterior, padrinho da Marcha do Bairro Alto.

 

 

Com esta vitória no concurso da Grande Marcha de Lisboa,  além de um prémio de 5 500 €, a Marcha vencedora será interpretada por todos os participantes nas exibições em Pavilhão, no MEO Arena, e no desfile da noite de 12 de Junho, na Avenida da Liberdade.

 

 

Muitas foram as Marchas que se tornaram intemporais e são ainda hoje cantadas por todos nós. Flávio Gil, diz-nos que não será o caso de “Lisboa Mar de Encontros”, e explica porquê: “Com certeza que não até porque os tempos são outros. Tu não te lembras de nenhuma das marchas dos últimos 10 anos. Não ficam. Isso acontecia noutros tempos em que as marchas eram gravadas por fadistas muito importantes”, algo que agora não acontece.

 

 

 

Lisboa, Mar de Encontros

Lisboa
Viste partir caravelas
Buscando terras mais belas
Mais riqueza e outras gentes
Agora
Vês chegar dessas paragens
Filhos das tuas viagens
A falar línguas diferentes
Lisboa
Que saías para a rua
-quando ainda se via a Lua-
Com pregões cheios de fama
Agora
Esqueceste o cesto das flores
Perfumada pelos odores
Da India que era do Gama

(refrão)
Lisboa, tens agora em cada rua
Retratos que nos falam do passado
E tens, do mar, a herança que é só tua
Escutar em novas línguas, novo fado
Lisboa que desenhaste no mar
Um mundo todo inteiro por sonhar
Tens em cada estendal que se amontoa
Mais um sorriso por te ver, Lisboa

Lisboa
Que te perdeste no mar
Nele é que foste encontrar
Tua história que deu brado
Lisboa
Essa história em que te alongas
E hoje te canta milongas
Que não esquecem o passado
Lisboa
Que já não vendes limões
Mas não esqueces as paixões
Que nos trouxeste do mar
Lisboa
Hoje gostas de muamba
E até já cantas o samba
Numa marcha popular

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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