A primeira apresentação internacional da obra “All the light that’s ours to see”, de Judith Barry, uma meditação sobre a mudança de hábitos no visionamento de imagens e o modo como somos modelados pelas evoluções tecnológicas dos media, mantém-se agendada para 28 de Março, na Galeria Lumiar Cité, em Lisboa.
Porém, e de acordo com as com recomendações das autoridades, a exposição não conta com o habitual evento inaugural, mantendo-se o horário de abertura normal.
Na estreia internacional da instalação “All the light that’s ours to see”, Judith Barry apropria-se da história de uma famosa cadeia de clubes de vídeo de Nova Iorque e da procura de um local para o depósito dos seus cerca de cinquenta e cinco mil títulos, após o seu encerramento.
O mercado dos clubes de vídeo iniciou uma transformação nas convenções de visualização, partindo da tradição de experiência colectiva na escuridão da sala de cinema para novas tipologias de ordem doméstica. Esta alteração radical das formas de visionamento e, consequentemente, das noções de partilha e de envolvimento colectivo, deu lugar às novas formas de espacialização inerentes aos meios digitais.
Judith Barry, All the light that’s ours to see, 2020. Still de vídeo. Cortesia da artista e Maumaus / Lumiar Cité
A nova obra de Judith Barry, que pode ser vista na Galeria Lumiar Cité até 28 de Junho, é, assim, uma meditação elegíaca sobre a mudança de hábitos no visionamento de imagens e o modo como somos modelados pelas evoluções tecnológicas dos media.
Um palimpsesto de imagens, apresentado em dois ecrãs, interroga-nos sobre formas de visionamento, desde ambientes da época medieval até ao presente. Este leque de espaços permite ao espectador percorrer os momentos históricos e questionar, em paralelo, as mudanças sociais, as relações entre os diferentes tipos de media e a permanente evolução dos hábitos de consumo.
A prática de Judith Barry abrange uma metodologia de pesquisa que explora uma ampla variedade de temáticas. Tanto a forma como o conteúdo do trabalho evoluem à medida que se desenvolve a pesquisa. De modo a explorar os seus múltiplos interesses, Barry recorre a uma experimentação em torno de diferentes formas de instalação, que resulta em ambientes imersivos que incorporam arquitectura, escultura, performance, teatro, filme / vídeo / novos media, gráficos ou interactividade.
Judith Barry (EUA, 1954) vive e trabalha em Nova Iorque. A sua obra foi apresentada internacionalmente, incluindo nos seguintes eventos: Berlin Biennale, Venice Biennale(s) of Art/Architecture, Sharjah Biennial, Bienal de S. Paulo, Nagoya Biennale, Carnegie International, Whitney Biennale, Sydney Biennale e documenta.
Uma mostra retrospectiva do seu trabalho, com ênfase nas instalações, circulou por vários espaços na Europa, incluindo o Museu Colecção Berardo (2010). As suas publicações incluem: “Body without Limits” (2009), “The Study for the Mirror and Garden” (2003), “Projections: mise en abyme” (1997) e “Public Fantasy” (1991).
Actualmente, desempenha o cargo de Diretora do ACT-MIT Program in Art, Culture and Technology (Cambridge, Massachusetts).