Maria Emília teve a responsabilidade de abrir a primeira edição do Montepio Fado Cascais, no Parque Palmela, e fê-lo com mérito e com um alinhamento bem escolhido.
Nascida em São Paulo, desde cedo o fado entrou na vida de Maria Emília. Veio cedo para o Minho, tão cedo quanto começou a acompanhar o pai para a Taberna do Ganso, entre outros locais, onde se cantava fado nesta região do país. Regressou ao Brasil antes de permanecer definitivamente em Portugal, onde actualmente canta no Clube de Fado.
Em Cascais contou em palco com Luis Guerreiro na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola de fado e Marino de Freitas no baixo, numa actuação em crescendo e onde mostrou um timbre bonito, uma voz bem colocada e que sabe moldar, uma linguagem corporal muito sóbria. Neste espectáculo apostou, e bem, em temas conhecidos do cancioneiro fadista e tradicional português, até porque tinha apenas 45 minutos para mostrar o que valia. E vale bastante, pois caso o pretenda pode ser um caso sério no fado, bastando para isso que defenda a sua identidade individual, fazendo o seu caminho a sós com a sua alma.
Abriu o espectáculo com “Lenda das Algas”, dedicando depois “Loucos” aos apaixonados da plateia, num alinhamento que viajou entre o fado tradicional e canções tradicionais, além de marchas: Fado Proença, Sombras da Madrugada (muito bem interpretado, com identidade própria), É Mentira, Fui Ao Baile, Tendinha ou Marcha dos Centenários, também integraram o alinhamento. Fe ainda referências a nomes como Maria Armanda ou Maria da Fé.
Maria Emilia terá em breve um novo disco que será produzido por Carlos Manuel Proença, ontem mostrou que o fado pode ser renovado sem perder a sua raiz, tradição e até sem bateria (coisa rara nos dias de hoje). No primeiro dia de Montepio Fado Cascais actuou ainda António Zambujo. Hoje sobem a palco: Ângelo Freire e Raízes (Mariza, Jorge Fernando e Pedro Jóia).
Fotografias: Alfredo Matos