A Orquestra Clássica do Centro (OCC) inicia hoje uma digressão em Cabo Verde, que inclui concertos em conjunto com músicos locais, concertos pedagógicos em escolas, workshops, e apresentações de um livro, nas ilhas do Maio e de Santiago. Estas iniciativas estão incluídas nas comemorações do Dia Nacional da Morna naquele país, data que se assinala pela primeira vez. A Morna é candidata a Património Imaterial da Humanidade.
A Orquestra Clássica do Centro (POCC) desloca-se durante uma semana a Cabo Verde para participar nas comemorações do Dia Nacional da Morna, que se assinala no dia 3 de Dezembro. A Cabo Verde deslocam-se um ensemble de cordas da OCC e o solista e autor Mário João Alves, nomeadamente à Ilha do Maio (3 a 6 de Dezembro) e à Ilha de Santiago (7 e 8 de Dezembro), numa parceria com o Ministério da Cultura de Cabo Verde, a Vereação da Cultura da Ilha do Maio e a Câmara Municipal de Ribeira Grande de Santiago.
A digressão tem início com ensaios em conjunto com músicos locais para preparar o concerto que se realiza no dia 6 de Dezembro, no Salão Nobre Isaac Pinheiro, nos Paços do Concelho da Ilha do Maio. Durante estes dias, numa parceria com a Câmara Municipal, vão ter lugar apresentações / concertos pedagógicos em escolas, workshops na Sala Multiusos do Centro Cultural do Forte de São José, e a apresentação do livro “A Orquestra na Baleia”, no dia 4 (uma encomenda da OCC apresentada recentemente em Coimbra). Segue-se a Ilha de Santiago, com uma segunda apresentação do livro no dia 7, no Auditório do Centro Cultural Português, e um concerto na Cidade Velha, património da UNESCO, no dia 8.
Do programa dos concertos fazem parte obras alusivas à época natalícia, como “O Menino dormindo” de Mário Alves ou “Noite Feliz” e “Jingle Bells”, obras do reportório clássico de W.A. Mozart a Vivaldi, não podendo esquecer as Mornas como “Flor Formosa” ou “Saudade”, além de um poema musicado de autoria de Abraão Vicente.
A Orquestra Clássica do Centro dá assim continuidade aos projectos em parceria com Cabo Verde, nomeadamente com o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas. Recorde-se que, desde 2014, a OCC tem protagonizado uma “verdadeira diplomacia cultural” com Cabo Verde, que tem incluído deslocações ao país com actividades pedagógicas, workshops de formação, conferências e concertos, para além de um protocolo com o Centro de Estudos da Morna para divulgação deste género musical como património cultural da lusofonia. Neste sentido gravou também o CD “Viagens no Imaginário da Morna”, com obras do compositor Vasco Martins, e editou um livro sobre Cesária Évora, de autoria de Vasco Martins e Tchalé Figueira.
Emília Martins, presidente da Direcção da OCC, afirma que, nas deslocações a este país, tem havido a preocupação de “divulgar o gosto pela música erudita, numa colaboração que nos orgulha com instituições da sociedade, nomeadamente com as delegações locais do Instituto Camões, instituições públicas e privadas”, acrescentando que “o contacto com culturas diferentes é um factor importante na construção de uma cultura cada vez mais global, sendo a música, como linguagem universal, um instrumento privilegiado nessa mesma construção e divulgação”. “Honra-nos participar na construção destas pontes culturais que, no caso de Cabo Verde, são de facto marcos extraordinariamente enriquecedores daquela que é a História (também) desta orquestra”, refere, salientando que este intercâmbio cultural só se tornou possível com o financiamento obtido este ano da Direcção Geral das Artes. A OCC conta com o apoio institucional da Câmara Municipal de Coimbra.