Pedro Mestre é natural da Aldeia da Sete (Castro Verde) e tem dedicado a sua vida à música tradicional alentejana. Desenvolveu vários projectos nesta área não só como interprete mas também como tocador/construtor de viola Campaniça, instrumento que aprendeu a tocar com os Mestres, Manuel Bento e Francisco António.
Ao longo de um percurso no qual deu a conhecer o que de melhor o Alentejo tem para oferecer em termos musicais, integrou vários projectos: “Grupo Viola Campaniça”; o Grupo de cante tradicional “4uatro ao Sul; Grupo Rastolhice; “Encontro de Violas – Viola Campaniça e Viola Caipira – Pedro Mestre e Chico Lobo”; “Les Voix Du 7 Sóis” Orquestra do Festival – “Sete Sóis Sete Luas”; Campaniça Trio; Cantadores do Sul; Grupo de Cante Coral encantos.
A viola campaniça ganhou consigo uma nova vida e em 2016 é galardoado com o Prémio Carlos Paredes. Para 2017 tem preparadas várias novidades, as quais desvenda em entrevista ao Infocul na qual aborda todo o seu percurso e dá a conhecer um pouco do homem e dos seus gostos mais pessoais.
Pedro, uma vida inteira dedicada à musica tradicional alentejana. Tudo isto começa em Castro Verde…
Tudo isso começa em Castro Verde, é uma vida inteira e que vem de família e do gosto pelas tradições e aquilo que é nosso. Faz parte do meu ambiente de família e é como se diz 2aquilo que gostamos é aquilo com que nos identificamos”. O admirar os mais velhos e a herança de família leva-nos a gostar um pouco de tudo daquele ambiente familiar, do ambiente de província. Sou natural de uma localidade muito pequena, uma aldeia do concelho de Castro Verde, Sete, e em que o povo é assim daquela maneira e tu identificas-te com ele, acabas por saber mais sobre aquelas gentes e o porquê de assim serem. Acabas por ver toda uma cultura e tradição que pode ser interpretada de mil e uma formas. E eu consegui desde sempre saber aquilo que gostava e que queria e nesse sentido acaba por correr no caminho certo sem dar por ele. E acabo por viver uma aprendizagem completa pelo facto de estar na fonte, onde mais tarde tudo aquilo que eu vou saber utilizar, teve a essência naquilo que foi a minha infância, a minha meninice que acaba por fazer de mim aquilo que sou hoje, sobretudo o gosto e o saber aquilo que se quer.
Sentes que o facto de teres tido uma infância junta dos que mais gostas e junto daquilo que mais gostas te permitiu um crescimento mais feliz do que por exemplo as crianças de hoje?
Sim, acredito que sim, e em vários sentidos. Embora a geração de hoje no Alentejo em comparação com a minha é muito semelhante porque ainda conseguimos ter a dita cultura e tradição viva. Eu acho é que, porque já na minha altura assim o foi, pode não haver tempo e sensibilidade para se fazer ver a um neto que o que eu tenho para te dar é belo e é bom. É diferente. Perde-se muito tempo hoje com certas e determinadas ilusões que na verdade não passam de ilusões e as crianças são constantemente abordadas por uma série de tecnologias que os absorve na totalidade e acaba por ignorar tudo o que está à sua volta, seja no Alentejo ou em qualquer lugar. Não conhecem o mundo onde vivem mas conhecem o mundo virtual.
O cante já teve várias fases. Recordo-me que na minha geração, e sou de 90, olhava-se para o cante como uma música para idosos, algo triste. Agora com a elevação a património imaterial da humanidade pela UNESCO, parece que todos gostam de cante. Como assististe a estas diferenças tão abruptas?
Eu sou de 83 e vivi até aos dias de hoje várias fases da música do Alentejo. Não podemos chamar de cante porque a musica que eu faço é mais além do conhecido cante alentejano. Porque existem várias formas de cantar o Alentejo. E essas várias fases e vivências que eu tive a felicidade de ter faz-nos chegar à conclusão que nessa altura, os meus colegas de escola e de rua (digo rua porque na altura se brincava na rua) eram exactamente como dizes, considerava-se música de velhos, música que não era música, uma coisa estranha que nem queremos saber… Não queremos saber o que existe, nem o que é nem o porquê de existir. Os homens quando bebem vinho em demasia cantam, é dos bêbados, não queremos saber… Depois, eu gosto e começo a dedicar-me ao cante de forma organizada, porque de família já conhecia e já cantava, entro em corais e em grupos e percebe-se que há uma fase de mudança. Já nos anos 90 havia uma fase de mudança. Há uma esperança, uma intenção e uma força. Força essa que há cada vez mais grupos a surgir, embora com gente de meia idade, mas começa a surgir mais gente no cante. Então há ali um momento em que o Cante fica estagnado e acaba por não se ver a olhos vistos que a evolução chegou. Percebe-se que toda esta influência do meu trabalho e de outras pessoas também jovens de começar a fazer cante de outra maneira, a levar o cante para outros palcos e a incutir nos mais velhos outra mentalidade do que é o cante. E isso passa por fazer entender que é preciso outras mentalidades para que possa tudo isto evoluir ou caminhar no tempo e mostrar que está vivo e que não fosse apenas no Alentejo e nos alentejanos. É obvio que agora com a elevação do cante a património, conquistou-se a promoção do dito cante. A comunicação social começa a falar de cante e a mostrar cante. É claro que foi uma oportunidade que surgiu para chegar às pessoas e fazer ver que na verdade isto não é só de velhos, que na verdade isto não é tão monótono quanto parece. Na verdade isto é uma riqueza como tem qualquer outro tipo de cante, lírico, clássico, hip-hop e por aí fora. Agora, precisa de ser cuidado, precisa de ser tratado, precisa de ser actualizado. E esta distinção pela UNESCO trouxe-nos um pouco do que precisávamos. Num curto espaço de tempo percebemos muitas mudanças, embora muitas delas pela positiva e tantas outras pela negativa. Agora temos que perceber o que se pode fazer com a influência do cante, e o que pode deixar de o ser a partir de um certo momento.
Mas em termos de promoção, não sentes que exceptuando o Alentejo, ainda há muito poucos espectáculos com musica tradicional do Alentejo pelo país?
Passou a haver mais… mas ainda há poucos. Espectáculo é uma palavra de uma iniciativa um tanto ou quanto exigente. E na maioria aqueles que fazem cante puro não estão de todo preparados para a necessidade de fazer entender as exigências que se tem num espectáculo. Porque uma coisa é cantar cante para os mais próximos e outra coisa é montar um espectáculo. E ai sim tem-se sabido aproveitar aqueles que sabem como fazer um espectáculo para dizer que é cante, mas na realidade e na prática não é cante. É uma coisa com influência no cante, não sei que nome ei de dar mas acredito que é mais desenvolvido junto daqueles que fazem cante, do trabalho desenvolvido por uma série de gente que sabe o que é cante, sabe o que quer, tem noção do que é necessário e tenho noção que estamos a proporcionar momentos a certos grupos de boa qualidade. Estamos com grupos a evoluir bastante e a criar uma forma de estar em palco, além de formar e criar um espectáculo. Eu acredito que vão surgir mais espectáculos de cante pelo país e fora do país também. Embora eu toda a vida tenha sempre feito espectáculos de cante pelo país e fora do país.
Ao longo do teu percurso foste integrando vários projectos que divulgam o que de melhor a música do Alentejo tem. Quais foram para ti os projectos mais desafiantes?
Foram bastantes. Todos eles são desafiantes. Todos eles desafiam na aprendizagem e no criar de experiência que é necessário ter na convivência com as pessoas de outras áreas que nos trazem sempre benefícios. Todos eles foram motivantes e exigiram bastante de mim mas há um que se destacou por ser com outras realidades. Posso até dizer dois, mas um deles foi com uma orquestra criada pelo Festival Sete Sois Sete Luas chamado “Les Voix Du 7 Sóis” em que eu estava com o cante e a viola campaniça ao lado de músicos de outros países, de outras realidades musicais e que foi exigente. Foi uma experiência muito bonita, muito, muito, muito motivante. Assim como aquilo que se cria num ambiente em que se juntam seis pessoas, de nacionalidades diferentes, culturas diferentes e com experiências musicais diferentes. É claro que com a experiência de todos se cria obra de arte excelente e lindíssima. Essa foi uma experiência que me marcou assim como uma que também tive no Brasil em que a viola campaniça juntou-se com a viola caipira, e que me levou para uma realidade cultural-musical diferente. Essas duas experiências são ali numa fase muito importante da minha vida, aqueles que maior destaque tiveram. Depois estes últimos espectáculos que criei são exigências, são trocas de saber, são experiências únicas. Este espectáculo que apresentei aqui [Nota: Entrevista realizada no Centro Cultural de Belém] foi uma coisa que enquanto dimensão, o maior que eu possa ter feito, e que me projecta de uma outra forma enquanto “artista”.
Sentes-te o recuperador da tradição da viola campaniça?
Não sei se é essa a palavra mas sinto que faço uma ponte entre duas gerações que têm várias pelo meio. Eu fui o último alunos dos mestres, que convivi com os mestres, que vivenciei muitas histórias com os mestres e às tantas… eles partiram.
Também ai bebeste da fonte…
Sim. Eu bebi e bebo em várias fontes. Mas todas elas de água pura. É isso que é preciso saber também entender e escolher. É preciso saber a fonte, que fonte é essa e que água tem para nos dar. E por isso mesmo, posso dizer que sim, que sou aquele que projectou a viola campaniça para os dias de hoje e que faz com ela possa ser tocada por toda a região, por todo o país e também fora do país. As pessoas procuram-nos para saber mais e encontrámos um caminho que era necessário para poder dizer ao país que nós temos um instrumento de cordas. Temos um instrumento que é nosso, que nos foi deixado não se sabe por quem, mas que as gerações mais antigas o utilizavam tanto ou mais que ao cante. No inicio do século passado a viola campaniça tinha um papel importante. No século XIX a campaniça chamada de viola de arame, de viola ou quem chamasse também de bandurra era a forma de convívio e lazer entre o povo alentejano. É claro que com o desenvolvimento que se tem evidenciado no Alentejo, o cante com as vozes em uníssono e os grandes ranchos ganham uma dimensão enorme, claro que ninguém levaria a viola campaniça para trabalhar no campo mas mesmo assim ela foi-se mantendo nos bailes, nos cantes de improviso e por ai fora. Posso dizer sim que sou aquele que faz a ponte e o responsável pela salvaguarda do instrumento.
Para Fevereiro tens uma surpresa guardada. Irás lançar o DVD do espectáculo aqui no CCB. Para a tua discografia qual a importância deste DVD?
Marca o registo. Eu também tenho noção que esse tipo de edições, a nossa realidade leva-nos a crer que o DVD é uma obra comercial que nada resulta mas marca uma outra fase da vida de uma pessoa que sonha. Um objectivo! E que pretende levar a quantas mais pessoas, cidades, lugares, vilas e países, melhor.
Tu és um dos maiores transmissores da cultura alentejana por exemplo em escolas. Sentes que és um fonte de inspiração para muitos jovens? Sentes que os miúdos olham para ti como um exemplo a seguir no que à música do Alentejo diz respeito?
Confrontam-me muito com questões dessas. A internet, era a questão onde queria chegar com a história do DVD, precisa de estar actualizada, precisa de ter matéria de qualidade. E este DVD permite-nos registar aquele espectáculo e divulga-lo. E a juventude utiliza hoje muito a internet para nos ouvir cantar e fazer os seus ensinamentos e para fazer as suas recolhas, enquanto eu ainda hoje faço recolhas no campo em conversas com as pessoas da terra, da província… A juventude encerra-se no seu espaço e abre o computador. Por vezes nem tudo o que se coloca na internet é de qualidade ou verdadeiro e então vejo muitos jovens que me reconhecem via internet. E isso também deve-se ao eu ser exigente. Não tenho como não falar do Tiago Pereira da Musica Portuguesa a Gostar Dela Própria, como tantos outros homens que foram importantes ao longo do tempo como Alberto Sardinha e por aí fora. E tudo isso que se regista e grava nunca é de mais. É sempre uma peça que um dia mais tarde vai ter uma função e para transmitir. E a juventude procura por muitos dos meus projectos como forma de aprendizagem, neste caso do cante e da viola campaniça.
Um dos projectos que integras acaba de lançar um novo disco. Como vês a gravação deste disco por parte do Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento?
É um dos grupos que eu ensaio e dirijo em questões de cante e que desde cedo se preocupam com a postura, com o saber estar e apresentar cante. E depois são de um localidade e de uma região do Alentejo onde o cante é muito forte. Desde muito cedo que abriram mentalidade, abriram espaço no seu habitat natural, o cante, a outras realidades. Eu desde 2006 que canto com o grupo de maneira diferente, juntar o cante a instrumentos, juntando instrumentistas de renome nacional e internacional, porque a qualidade dos seus cantadores é de tal modo relevante, portanto boa, que permite fazer tudo isso. Ainda antes de se falar na elevação do cante a património imaterial da humanidade. Ainda antes de se esperar qualquer projecção que a comunicação social desse ao cante, e era merecido. E este trabalho, enquanto comemoração do cante a património imaterial da humanidade- 2º aniversário, foi sem duvida nenhuma e modéstia à parte, é preciso referenciar, a melhor coisa que podia ter sido feita. Porque mais uma vez voltou a dar projecção ao cante, voltou a falar-se do cante e não apenas “olha faz hoje dois anos que…”. Há muita coisa a ser feita, muita coisa se fez e muita coisa pretende-se fazer. Muita coisa está por se criar à volta do cante. E a junção de um outro cantador nosso, António Zambujo, que deu toda a sua colaboração e sabedoria, este rancho também faz parte do seu espectáculo, projecta-nos de outra forma e torna exigente todo o processo. Porque o rancho e o cante tem que ser mais exigente nas suas apresentações porque a qualidade é preciso manter-se. E quando se fala de cante não se fala só de mim, fala-se de uma região, de centenas de grupos e milhares de pessoas. Esta última edição na qual eu também colaborei na sua direcção e no seu registo, vejo que é uma das coisas que se pretendia alcançar e que nos projecta mais além e com qualidade para dar a conhecer o Alentejo, a nossa música, onde tem um pouco de tudo o que é vivenciado no Alentejo. Falamos do cante mais religioso, falamos do cante do trabalho, do cante do lazer e convívio e dos cantes de baile. Encontramos um misto de actividades e de crenças, não me está a encontrar a palavra certa, mas encontramos naquele trabalho um pouco de tudo o que o Alentejo tem.
Em termos de espectáculo o que estás a preparar para o próximo ano? Iremos ver-te mais vezes em Lisboa?
Sim vamos ter. Vamos ter novo disco. Acredito que até meados de 2017 possa estar preparado para se apresentar. Vamos ter um espectáculo novo, diferente, mas dentro da mesma linha, em que o cante e a viola campaniça estão na base desse espectáculo. É cante o que se pretende projectar com esse espectáculo e possibilitar que possa subir ao norte do país, algo que felizmente este “Campaniça do Despique” conseguiu. Sabemos que em termos culturais o nosso país é diversificado mas a nossa intenção é que toda essa diversidade musical se possa cruzar. E é isso que em termos de Pedro Mestre vai surgir em 2017: um novo espectáculo, um DVD e um novo CD, porque ainda há muito para se mostrar de uma cultura, de um povo e de uma região chamada Alentejo.
Quem é o Pedro Mestre para lá do artista?
(risos) Sou um pouco ansioso mas muito, muito ambicioso. Não fica bem falar de mim mas como diz o fado a ambição é desmedida, a força a motivação é tudo para poder concretizar sonhos e sonhar mais sonhos. Sou uma pessoas normal. Uma pessoa da terra, do povo, gosto de conviver, que respeito e gosto de ser respeitado. O Pedro Mestre é isto! Uma pessoa que se dedica muito aquilo que gosta. Gosta muito da sua família, gosta muito dos mais velhos, gosta de conversar, de escutar e de aprender. Considero que aprendo todos os dias com os meus alunos, aprendo todos os dias com os mais velhos, porque aquilo que eu mais quero saber são eles que me sabem ensinar.
Numa única palavra como definiria este seu percurso? Não pode ser cante nem Alentejo…
É Vida! É vida porque essas palavras que não podiam ser, cante e o Alentejo, fez de mim uma pessoa diferente. Eu seria mais um…
Sem o cante e sem o Alentejo?
Sim e sem a viola campaniça… Quando a viola campaniça surgiu na minha vida, eu percebi que estava a criar e a desenvolver uma pessoa diferente.
A vida já lhe deu o que queria ou a sua ambição fá-lo querer sempre mais?
Faz-me querer sempre mais. Quero sempre mais mas a vida já me deu muito daquilo que eu queria. E que o diabo seja cego, surdo e mudo, mas quero muito mais! Todos nós e todo aquele que é bastante ambicioso quer muito mais. Não te sei dizer o quê, mas só queria que aquilo que dá gosto fazer, a mim e aqueles que gostam daquilo que eu faço, se concretize. E ao pedir não peço só para mim, peço para todos. Porque de certeza que será com muito amor, paixão e entusiasmo. E nesse sentido a vida tem-me dado e espero que continue a dar. Para que exista cante, para que exista Alentejo e para que exista cultura, do país, não só a minha mas a do país.
O amor e a paixão que emprega em tudo aquilo que faz são os seus dois grandes motores?
Sim mas também o saber, não quero utilizar a palavra conhecimento, que os outros se influenciam por esse amor e por essa paixão que é dada aquilo que eu faço e se identificam com aquilo que eu faço. É uma força motriz enorme. É quase como fazer um espectáculo com palmas e sem palmas. E nesse sentido a força motriz maior é desde o amor e a paixão por aquilo que se sabe e que se quer. Por aquilo que se pretende ser. Com toda essa garra conquista-se uma vontade de querer ter e tem-se o que se quer ter. Existe uma série de factores para essa força motriz, mas acima de tudo o amor e a paixão que dedico as pessoas, aquilo que faço mas também o reconhecimento que vamos tendo.
Qual é o palco dos seus sonhos que ainda lhe falta pisar?
Eu não tenho esse tipo de sonhos. Para mim qualquer palco, desde que seja com respeito e motivação, para fazer o meu trabalho com qualidade, é sonhado e é querido. Para mim a garra e o entusiasmo de cantar o Alentejo é a mesma seja em Lisboa, Paris, Madrid, Rio de Janeiro… desde que tenha público para ouvir musica feita com dedicação acho que qualquer palco é sonhado.
Qual o tema que representa a sua vida, de todos os que já cantou?
Isso é que são perguntas boas…São muitos! A minha vida é o Alentejo. Tudo aquilo que me dá a conhecer através do seu cantar, o Alentejo que eu não conheci e não vivi… A minha vida o que tem de mais belo são as pessoas, a natureza…
O Alentejo é o seu “Jardim dos Sentidos”?
É. O Jardim dos Sentidos faz sentido porque o amor por um jardim tem vários tipos de plantas, tem muita luz, e o Alentejo tem tudo isso. E o Alentejo é o meu Jardim dos Sentidos porque é aquele que está sempre no meu sentido, e é aquele que por vezes é difícil de o sentir mas a música leva-me a senti-lo e a ver de maneira diferente no passado e no presente. Mas às vezes há amores que não fazem sentido mas mesmo não fazendo sentido eles existem e acontecem. Eles surgem. E a música dá-nos essa liberdade de expressão para podermos entender que o sentido não era o que acontecesse mesmo que esses amores não façam sentido.
Este amor à música vai fazê-lo ficar até ser um “Sobreiro Velhinho”?
É isso mesmo! Eu gostaria muito, gostaria muito…
Mas que cuidassem de si…
Mas que cuidassem. E que depois pudessem surgir novos raminhos porque o objectivo é, que ninguém é eterno, ao surgirem novos raminhos que estes ideais e esta garra do que somos continuasse. E então com o Sobreiro Velhinho a cantar era do melhor que poderia acontecer… Mas Deus queira que o Alentejo seja eterno!