Sara Correia foi, sem sombra para qualquer dúvida, a protagonista da noite no Palco Santa Casa Alfama. Um espectáculo quase sublime, uma interpretação fulgurosa e a não deixar créditos em vozes alheias.
‘Quando Lisboa anoitece’ foi tiro de partida para uma noite de intenso fogo fadista e, permitam-me, a demonstração de uma voz que é de fazer parar o tempo. A Sara Correia não é deste tempo, a sua alma é de outra geração e permite ao espectador e ouvinte uma viagem no tempo, sendo a tradição na contemporaneidade.
Acompanhada por Ângelo Freire, Diogo Clemente, Marino de Freitas e Vicky Marques, a fadista revelou ser “um prazer e orgulho enorme abrir o palco Santa Casa”.
E por entre temas do seu disco homónimo e fados que a acompanham desde que o fado a conquistou, Sara Correia não permitiu que, nem por um momento, nos deixássemos de emocionar.
Cantou sem suporte instrumental, cantou apenas acompanhada por viola, apenas acompanhada por guitarra, cantou com o quarteto de músicos, cantou com o público. Sara Correia dominou tudo e todos, numa actuação que deve constar, indiscutivelmente, dos melhores concertos desde festival que já vai na sétima edição (portanto imagem quantos concertos já ali se realizaram…)
Os seus músicos tiveram também o momento de brilhantismo com a habitual guitarrada, regressando, posteriormente, Sara Correia a palco para, entre outros temas, arrebatar e terminar em apoteose com ‘Fado Português’, ‘Lisboa e o Tejo’, ‘Eu já não sei’, ‘Zé Maria’ ou ainda o fado Pechincha.
Um espectáculo de encher a alma, de fazer acreditar que há jovens para manter a tradição e que somos privilegiados em ter Sara Correia connosco. Brilhante!
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: João de Sousa