Solange Pinto: “A tauromaquia é muito mais do que aquilo que vemos numa praça de touros…”

 

 

Solange Pinto é directora do site ’TouroeOuro’ . O site de cariz tauromáquico celebrou, em 2018, o seu sétimo aniversário, embora o percurso de Solange Pinto tenha passado, também, pelo Toureio no Sapo (actual Toureio.pt) e ainda o Farpas.

É das actuais jornalistas mais polémicas do meio taurino e a verdade é que não foge à controvérsia. É a máxima representante do site que dirige, secundada pelo foto-jornalista João Dinis. Numa análise à temporada 2018 e perspectivando a 2019, Solange aceitou conceder uma longa entrevista ao jornalista e director do Infocul, Rui Lavrador.

 

Uma entrevista, rapidamente convertida numa conversa, na qual Solange Pinto abordou os temas mais e menos polémicos. Esclareceu a questão da qualidade da imprensa taurina, os subornos e publicidade na respectiva distinção e ainda o que pode e deve ser feito para melhorar a festa dos touros em Portugal.

 

 

7 anos de TouroeOuro

Em 2018 o TouroeOuro celebrou o sétimo aniversário. Que balanço é possível fazer e o que foi mais difícil até agora?

Olha, Rui, primeiro que tudo foram sete anos muito felizes. E digo muito felizes, não que os outros anos que marcaram a minha trajectória e de quem está no TouroeOuro não tenham sido, também foram, mas estes anos de TouroeOuro foram aqueles que eu enquanto directora, e quem está no TouroeOuro, pôde fazer, se calhar vou dizer uma aberração, o tipo de jornalismo taurino de que mais gostamos. Ou seja, não tivemos que andar a reboque de ninguém, podemos dar largas à imaginação. Podemos, e vou dizê-lo de forma orgulhosa, abanar mentalidades, introduzir aqui algumas coisitas novas no que já se fazia. Portanto, repito, foram sete anos muito felizes. De crescimento, acho que melhorámos. Além de o TouroeOuro ter feito uma alteração de imagem e tal, alterou-se muito mais do que a imagem. Ou seja, fomos percebendo que conteúdos é que as pessoas mais gostavam, era o que te ia dizendo, fomos abanando um bocadinho as mentalidades e o que já se fazia até aqui.

 

 

Temporada 2018: O Balanço!

Ao longo destes anos houve alguns embates que tiveste que ir enfrentando e algumas críticas que foste tendo. Para um público mais generalista, enquanto jornalista dedicada à tauromaquia, que balanço fazes da temporada 2018?

Foi na minha opinião uma temporada com dois ou três marcos importantes. Indiscutivelmente o Festival da Rádio Campanário, foi o momento em que o Diego Ventura criou um antes e um depois. Ou seja, na minha modesta opinião, já existia o Diego Ventura tal como é hoje, mas foi o momento em que as pessoas perceberam que a tauromaquia como se conhecia até aqui, tinha sofrido uma forte, fortíssima, alteração. Na minha modesta opinião, a festa em Portugal desenvolve-se de maneira completamente diferente a partir do festival da Rádio Campanário e todos, quando digo todos são até os mais conservadores, passam a ver o toureio a cavalo de outra maneira. Até aquelas mentalidades mais agarradas ao toureio do passado, mais clássico, perceberam que pode haver outras formas de fazer as coisas, e eu gosto do bom toureio independentemente do estilo. Nesse aspecto, acho que o festival marca um antes e um depois. Depois, houve outros momentos importantes como o caso de Vila Franca no mano-a-mano do Diego Ventura com o António Telles, foi uma noite importantíssima em que o António Telles tem actuações de escândalo mas em que se percebeu que o público precisa destes abanões, destes confrontos mais directos. E eu sempre frisei isso nos meus artigos, há uma componente na tauromaquia que nunca pode faltar, que é a competição. Se não estamos a ver, mesmo estilos completamente diferentes, em que não há competição e em que não se sente o ‘eu sou melhor que tu’ falta tudo. E aquela noite provou isso, a competição, independentemente do estilo de cada um, tem sempre de existir.

E o terceiro?

Dei-te dois factos positivos, depois houve algumas situações que foram uma desilusão grande, ao longo da temporada, diria eu. Uma dela prende-se com a gestão da Praça de Touros da Moita. Era impensável que um empresário a meio do campeonato (a meio do tempo de gestão que tinha) deixasse o trabalho a meio porque, porque, porque…Não interessam os porquês, não é isso que estamos a falar, mas foi uma desilusão na temporada, numa praça importantíssima, e não vale a pena negar, a praça desceu de categoria. E vai dar trabalho a puxá-la para cima, outra vez. E depois temos, também, a temporada no Campo Pequeno que foi mais estável, do que outras. Não quer dizer que tenha sido brilhante mas também não foi desastrosa. Foi estável. Voltou a estar em sintonia com o público, e penso que isso é importante frisar.

 

 

O Percurso no Jornalismo de cariz Taurino

Há uma questão indissociável do teu percurso, não foges à polémica. Quer nos editoriais quer nas crónicas ou artigos de opinião. Quando é que começaste a definir esta linha editorial? É errado dizer que começaste a cozinhar este rumo quando vens para o jornalismo taurino e tens como, por assim dizer, mestre o Miguel Alvarenga?

Não é de todo errado dizê-lo. Há filhos de pais rebeldes que são uns santos e há filhos de santos que são uns rebeldes. Não sei se terá sido a influência mas terá sido talvez o alfinete que precisava, mas a essência já cá estava. Eu, aliás, não começo com o Miguel Alvarenga, comecei na altura no Toureio no Sapo, com o Hugo Calado, e eu acho que já era espevitadita. Obviamente que a linha editorial do Farpas ajudou nesta característica de prender a atenção das pessoas. Não necessariamente de ir à procura da polémica, mas de prender a atenção e nisso obviamente que o Miguel foi um mestre, ensinou. Ensinou e ele nunca condicionou o que quer que fosse, no Farpas cada um era aquilo que queria ser. Mas verdade é que ele tinha e tem, seria injusto não o reconhecer, uma forte capacidade de prender a atenção das pessoas e eu gosto disso. Acho que não podemos passar ao lado, não podemos agradar a todos e nem queremos agradar a todos porque isso seria entrar numa harmonia que nem sempre existe.

 

 

A Qualidade (ou falta dela) da ‘imprensa’ taurina

Nas conversas que fomos tendo falámos da qualidade, ou falta dela, da imprensa taurina. Com o excesso de sites e blogues, alguns deles com fotografias repetidas, sem opinião e com fraca qualidade de escrita. Tu que pertences à imprensa taurina, se existe, como a podemos definir? Existe ou não existe? Tem qualidade ou não?

Dizer que não existe seria injusto para os, não sei se estou a exagerar, três/quatro casos que têm qualidade. Dizer que é boa, não posso. Ou seja, eu acho que a imprensa dita taurina vive momento desastroso, excluindo esses três/quatro casos. No campo da fotografia reconheço que há, e se calhar fruto das novas tecnologias, casos de repórteres que se aproveitariam para esses tais projectos. Fazer deles imprensa taurina parece-me exagero, abusivo e não compreendo. Imprensa taurina são esses três/quatro casos, como te disse, e o resto não é imprensa. São fotógrafos.

Se eu te pedisse para dizer quem são esses três/quatro exemplos que te referes, quais seriam os nomes?

Oh Rui… Dentro da frontalidade que eu gosto de usar e abusar, penso que não seria ético da minha parte estar a referenciar nomes. Eu penso que os visitantes dos sites e/ou compradores do jornal ou revista impressa que existem sabem onde têm de ir. E as visitas expressam essa realidade.

Mas muitas vezes essas visitas não são reveladas. Achas que isso acaba por afectar a credibilidade de quem gere esses espaços informativos, por assim dizer?

Não. Acho que é um critério editorial referires o número de visitas que tens ou não. Eu acho que em situações especiais e pontuais, o visitante do TouroeOuro falando no meu caso, saiba que aquela noticia ou aquele mês tenham tido um forte impacto. Fazer disso, como eu vejo em alguma suposta imprensa que existe por aí, não me parece útil, não acrescenta. Não é por eu dizer que o meu site teve 50 mil visitas que o meu site é bom, sobretudo se eu vender essa ideia e depois essa ideia não for real. Como te dizia, eu tenho a certeza de que as pessoas sabem onde vão ler a notícia quando ela ainda é notícia, sabem onde ler uma boa crónica (uma crónica que seja isenta se isso for possível, porque nem sempre somos máquinas que afastamos o corpo e a mente daquilo que estamos a ver. Temos gostos e cada um tem a sua sensação). Mas a ideia de fundo é que eu acho que as pessoas sabem onde vão ler a noticia credível e sabem que tudo o resto que há por aí, que é muita coisa e foi uma avalanche de entrada no mundo dos touros que não entendo porquê de supostos profissionais que não o são. Não passam de amadores sem qualidade.

Mas achas que fazem isso por uma questão de protagonismo?

Infelizmente em alguns casos, sim. Possivelmente não tinham existência social nenhuma antes de chegar aos touros.

A importância do ‘Jet’ da Tauromaquia na vida social do país

 

O ‘Jet’ da tauromaquia acaba por ter alguma relevância no espectro do ‘Jet’ nacional?

Não. O ‘Jet’ da tauromaquia, e nós TouroeOuro temos uma rúbrica que é o ‘Jet D’Ouro’… O ‘Jet’ da tauromaquia é o ‘Jet’ da tauromaquia, ponto.

Mas isso porque a tauromaquia fechou-se sobre si própria durante muitos anos e acabou por criar uma espécie de ‘gueto’?

Sim, também, creio que sim. Eu gosto de chamar ‘jet’ da tauromaquia a uma pessoa que vá com muita frequência aos touros, que vá com muita frequência à bilheteira e pague bilhete. E que são caras que nós vamos conhecendo e podem apenas ser pessoas que são apenas bem sucedidos na rua deles, mas vão aos touros! Esse é o ‘Jet’ da tauromaquia. Se depois tem alguma outra projecção social, há alguns casos em que pode acontecer, sim. E sim, acredito que o mundo da tauromaquia ainda é muito fechado.

 

 

Como melhorar a imprensa e trazer novos públicos…

Duas perguntas numa: O que pode ser feito para melhorar a imprensa taurina? E o que pode ser feito para que quem não seja da área tenha maior conhecimento sobre a arte tauromáquica? Não que goste dela, mas pelo menos que saiba o que é…

Eu acho que para a imprensa taurina ter um papel importante na criação de aficionados era importante que soubesse, e repito que há aqueles três/quatro que sabem, um bocadinho de tauromaquia. A tauromaquia é muito mais do que aquilo que vemos numa praça de touros, ou seja para o comum dos espectadores que vá a primeira vez, falando no toureio a cavalo, aquilo é um cavalo, um touro, um ferro na mão e que aquilo tem ir lá parar acima do touro e ponto final. Sabemos todos que é muito mais que isso!

Há regras…

Há regras, há um conjunto de condicionantes, quer do lado humano quer do lado animal, que têm de unir e convergir, e isso tem uma série de técnicas associadas e de muito preparo, muito treino, etc. E cabe-nos a nós, imprensa taurina, captar a atenção dos que já são aficionados, mas ir tentando aos poucos captar novos públicos. E isso tornar-se-á mais fácil, por exemplo, para a imprensa cibernética, com uma permanência constante que acaba em inúmeros conteúdos. Eu penso que a imprensa escrita (impressa) já só vai comprar quem é verdadeiramente aficionado ou não vão em tão grande número. Mas aqui a imprensa generalista que se dedique, ou dedique um espaço por mínimo que seja, à tauromaquia, esses sim podem ter toda a importância do mundo. Muito mais do que poderá ter o TouroeOuro, o TouroeOuro quer ser visto por muita gente e é, mas é a imprensa generalista que pode e deve captar a atenção de novos públicos. É importante que quem tem esse espaço, por mínimo que seja na imprensa generalista, saiba o que está a dizer e como está a dizer.

 

 

O que quer o TouroeOuro para 2019

Focando um pouco mais no TouroeOuro. Para 2019 que conteúdos estás a preparar? Em 2018 penso que foram o OCS nacional mais vezes em Las Ventas e o que questiono é se Espanha continuará a ser um território a explorar ou haverá mais? Além de Portugal, claro.

Eu acho que a globalização na tauromaquia tem de ser cada vez mais uma realidade, e é na verdade. E por ser do contra não acho que haja rejoneio e toureio a cavalo. Não! Há toureio a cavalo, ponto. Por isso, o TouroeOuro preocupou-se sempre, e tem vindo em crescendo nesse aspecto, e eu tenho orgulho em dizer isto, o TouroeOuro fez um bocadinho escola, deu desde início noticias de Espanha, México, França e todos os países taurinos. Sempre que se justifique e que a notícia tenha impacto. Obviamente que o cerne da actividade do TouroeOuro é Portugal, outra coisa não seria de esperar, mas o mundo taurino é o mundo taurino, ponto. Fomos sempre, dentro da disponibilidade da nossa agenda, sempre acompanhando os portugueses fora do nosso país e vamos fazê-lo sempre que seja oportuno, sempre que sintamos que está algo a acontecer no país vizinho que valha a pena noticiar, porque como te digo o toureio não é feito em Portugal, em Espanha…O Toureio é o Toureio, ponto.

 

 

Publicidade e Subornos

Um dos temas em voga no ano passado, em alguns artigos de opinião de vários sites, foi o tema dos pagamentos de publicidade e subornos. Houve algum suborno no TouroeOuro para que alguma actuação fosse analisada de forma positiva? Ou o que existiu foi pagamento de publicidade?

Graças a Deus, Graças a Deus, que te posso dizer que não! Ou seja, sempre que o TouroeOuro foi abordado por um cavaleiro, pela equipa que gere um cavaleiro, por uma Praça de Touros, ou por qualquer outro agente, foi para fazer publicidade. Se o objectivo alguma vez, por parte de um cavaleiro ou qualquer outro agente, foi visar uma actuação menos feliz, posso garantir que o ToureOuro quando acorda publicidade com alguém, deixa as regras muito, muito claras. Uma coisa é publicidade, outra é apreciação das corridas. O ToureOuro tem com frequência banners publicitários e toureiros, e é isso, ponto! Se o toureiro teve uma actuação menos feliz, porque o TouroeOuro não está para castrar a carreira de ninguém, está para contar as coisas como aconteceram e é isso que é feito.

 

 

Diego Ventura e as polémicas…

Um nome que esteve em voga no ano passado foi Diego Ventura. Por não ter vindo ao Campo Pequeno, por ter estado no melhor ano da sua carreira e foi muitas vezes associado ao TouroeOuro. Para que sejamos claros: o Diego teve banners publicitários no TouroeOuro, mas isto nunca influenciou as crónicas que escreveste dele?

Não! Se a pergunta fosse feita relativamente a um cavaleiro em fase descendente da carreira, porque os há, a pergunta seria muito oportuna. Tratando-se de Diego Ventura eu penso que não deixa dúvidas que é impossível não perceber o momento que atravessa este toureiro que é indiscutivelmente o número 1 do panorama taurino mundial e em que como todos os ‘figurões’ o toureio ao longo do tempo, gostamos sempre de saber em que ponto estão. Os grandes desafios, em que esses sim o TouroeOuro marcou presença em Madrid, na Feira de Santo Isidro e agora na Feira de Outubro na encerrona…O TouroeOuro foi a Espartinas, esteve nos grandes momentos de Diego Ventura mas esteve pelo interesse que suscita cada actuação de Diego Ventura, seja onde for. Se me dizes, ‘vais só ver o Diego Ventura?’, eu digo não! Fomos ver a corrida com larga presença em Madrid, mas é inegável o momento que atravessa o rejoneador Diego Ventura e não é apenas o TouroeOuro a querer marcar presença nesses espectáculos. Todos querem! As praças enchem, por alguma coisa é. E a partir daquele festival em que o Diego marcou um antes e um depois, se nós já reconhecíamos ao Diego, ao Pablo e a outros, o brilhantismo, então a partir da aí é impossível ficar indiferente. É o mesmo que quando joga Cristiano Ronaldo!

 

 

Um Festival TouroeOuro, o cartel ideal e os agentes da festa…

Para quando, se alguma vez pensaste nisso, um festival taurino do TouroeOuro?

Nunca! Nunca! Só admitiria fazer com, e não adianta perguntares, cartel dos meus sonhos onde estariam todos os toureiros que admirei ao longo da minha vida (que me fizeram aficionada, porque um jornalista também pode ser aficionada). Tinha de ser esse cartel ideal, provavelmente já nem seria exequível, e se parte ou grande parte dos lucros desse festival, ou corrida, revertessem a favor e alguma causa importante para a família TouroeOuro.

Ao longo deste teu percurso, qual seria o teu cartel ideal?

Aiiii. É como eu te disse há nomes que já nem poderiam estar presentes, por isso preferia que ficássemos por aqui.

A Tauromaquia baixou o IVA nos bilhetes, tal como a restante cultura e começa a ser equiparada e integrada na própria vertente cultural à qual pertence. O que te questiono é o que pode a Prótoiro ou os restantes agentes da festa fazer para captar novos públicos, tendo em conta que os verdadeiros aficionados são já u público mais envelhecido. Como fazer a renovação?

Ia já por começar a pôr a coisa à minha maneira, ou seja, para mim os principais divulgadores da festa brava são os artistas, ponto. Eu habituei-me desde miúda e ouvia uma frase muito interessante e que revela o espírito de aficionado, e eu acredito nesta frase, “se és aficionado, tiveste que a dada altura da tua vida perseguir um toureiro”. Perseguir pelas arenas. Isso aconteceu comigo.

Com João Moura?

Sim (risos) e não só! E vi muitas, muitas, muitas corridas do Vítor Mendes, em Portugal e Espanha. E tu vais atrás de um toureiro, e depois de outro e começas a criar a tua personalidade de aficionado. Mas voltando à tua questão, tem de ser os toureiros, na minha opinião, a criar interesse no público. Em segunda instância, os empresários têm de criar espectáculos atractivos. E quando falei de toureiros, obviamente que não exclui os grupos de forcados.

A classe artística em geral?

Sim. O espectáculo tem que se tornar atractivo para que o público tenha vontade de ir. Isso é a razão número 1!

 

 

Comunicação amadora por parte dos agentes…

Mas não achas que a comunicação é muito amadora?

Completamente amadora, completamente amadora! Eu vejo um empresário português a dar crédito a um blogue qualquer, sem qualidade nenhuma, e acha que aquilo está a promovê-lo. Faz-me confusão em que nos dias de hoje, em que há tanta informação noutras áreas da vida social com tanta e tão boa informação, o mundo taurino esteja fechado nesta bolhinha em que a menina que anda com a máquina na mão e se ‘bamboleia’ por uma trincheira que promova a festa. Não promove! É mentira! Na minha opinião até provoca muito dano! Portanto acho que há que apostar na boa imprensa que há, apostar em quem é profissional.

Inclusive na generalista?

Sim, sim. Também! Não podemos negar que a imprensa generalista, e há alguma imprensa com muita visibilidade, tem a sua força! Tem que ter! Ou seja, todos, excluindo a má imprensa ou o que não é imprensa, somos poucos para ajudar a festa a crescer. E voltando um bocadinho atrás, não me parece que seja a Prótoiro que tenha que fazer isso. Temos que ser nós, os empresários, os toureiros, todos têm que aportar um bocadinho à frente. A Prótoiro tem de servir para uma série de outras coisas. Tem de servir, mas não sei, ainda, se serve para essa série de outras coisas!

 

 

Expectativas para 2019

A temporada 2019 inicia já a 1 de Fevereiro, e questiono quem achas que podem ser os nomes que se destacarão?

Olha, vou falar da tauromaquia mundial, podemos ter aqui um confronto engraçado a nascer. Ou seja, o génio Diego Ventura com o filho de outro génio, o Pablo Hermoso de Mendoza. Ou seja, isto vai começar aqui a fervilhar e mesmo que não esteja na mesma arena vai ser interessante ver onde brilha um, onda brilha outro, quando e como, com que argumentos. Fazendo a distinção que os portugueses tanto gostam, e falando do toureio a cavalo cá, acho que houve aí um ou dois nomes que ficaram e se conseguirem manter o nível deixado o ano passado não era mau. Pode ser uma temporada interessante…

Francisco Palha foi um desses nomes?

Claro que sim. O Francisco finalmente, e digo finalmente porque demorou aqui algum tempo, encontrou o caminho que é o dele. Eu costumo dizer que o toureio não é sempre bom nem sempre mau, tem momentos. E se cada artista conseguir em cada actuação criar um ou dois momentos de interesse, então já conseguiu! E nós enquanto espectadores já conseguimos ganhar alguma coisa e o Francisco conseguiu criar esse ponto de interesse em cada uma das suas actuações, nem sempre redondas, mas é indiscutível que criou em cada actuação um motivo de interesse!

Enquanto jornalista qual era o entrevistado e a pergunta que mais gostarias de fazer no TouroeOuro?

Boa surpresa, agora… Olha não sei. Sei qual era a pergunta que gostava de fazer, daqui a uns anos largos quando estiver na reforma de bengalita e tal. Gostava de perguntar aos aficionados dessa altura: ‘Quem foi o maior génio do toureio a cavalo?’. Gostava que me respondessem nessa altura, agora ainda é cedo.

 

 

Fotografia: João Dinis


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