O segundo dia de Super Bock Super Rock levou menos gente ao Parque das Nações, comparativamente ao primeiro dia em que os bilhetes esgotaram. Referir que os passes de 3 dias também estão esgotados. Slow J e The Gift mostraram que a música portuguesa está de boa saúde.
Slow J- Palco EDP
“T.A.O.S.D” é o primeiro disco de Slow J e sai já em 2017. No Super Bock Super Rock subiu ao palco EDP, no segundo dia do festival.
Slow J subiu ao palco EDP ao final da tarde e perante uma excelente moldura humana, deu um dos melhores concertos desta edição do festival. Veio apresentar o seu disco, The Art of Slowing Down, e também reforçar a ideia que na sua voz tudo ganha dimensão, do rock ao hip-hop, da alegria à tristeza. A múisica corre-lhe nas veias e o coração não falha uma única nota musical, a voz reflecte toda a sua alma.
Perante uma multidão que demonstrou saber todas as suas letras, criando uma simbiose perfeita entre músico e público, Slow J abriu o espectáculo com uma versão de “Não me mintas”, de Rui Veloso, demonstrando a sua “Arte”, num palco do qual fez a sua “Casa”.
“Tinta de raíz”, “Menina estás a janela”, de Vitorino, “Sonhei para dentro”, “Às vezes” (com o convidado Nerve), “Comida”, “Origem”, “Cristalina”, “Último Empregado”, “Pagar as Contas” (que já virou hit e teve em palco Gson e Papi), “Vida Boa”, “Serenata” e “Mun’Dança” complementaram um alinhamento incrivelmente bom demonstrando que Slow J já não é uma esperança ou revelação da música nacional. É um valor seguro e com voos projectados para os maiores palcos deste país.
The Gift- Palco Super Bock Super Rock
“Altar” é o mais recente disco da banda de Alcobaça que conta com produção de Brian Eno e misturado por Flood. Contudo o percurso dos The Gift conta já com 22 anos de percurso e muitos são os temas que fazem parte da vida dos portugueses.
The Gift tiveram um concerto ingrato. Ingrato porque quando subiram a palco, a MEO Arena estava quase vazia, sendo que foi ficando mais composta à medida que o concerto se ia desenrolando. Mas a banda de Alcobaça não se amedrontou e deu um concerto absolutamente incrível, com o alinhamento a incidir no último disco o grupo, “Altar”.
Sónia Tavares é indiscutivelmente das melhores vozes femininas em Portugal e um animal de palco. Num “Altar” produzido por Brian Eno, a banda de Alcobaça alcança um registo diferente e que lhe poder abrir novos horizontes. Se por um lado, cada vez que escrevem temas em português atingem um brilhantismo e densidade emocional únicos, por outro lado, é em inglês que maioritariamente se expressam e onde se sentem mais à vontade. O público da MEO Arena mostrou ainda não estar muito familiarizado com este novo disco, mas nem por isso deixou de se envolver no concerto e aderir às solicitações de Sónia Tavares.
“I Loved it All”, “Hymn to Her”, “Vitral”, “Biga Fish”, “Driving u slow” (um clássico a que o público aderiu), “You Will Be Queen” (dedicado a todas as meninas da plateia), “Love Without Violins” ou “Clinic Hope” integraram um alinhamento ao qual, na nossa opinião, faltaram os temas que todos conhecem e gostam da banda de Alcobaça. Contudo, quem não assistiu ao espectáculo, perdeu um concerto muito bem conseguido de uma das melhores bandas nacionais.
Fotografias: Arlindo Homem