No passado dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, como seria de esperar, deveria ter havido mais um texto meu, aqui no Infocul.pt, mas a verdade é que me foi impossível entregar dentro do prazo estipulado, pois a estreia, na Fábrica Braço de Prata, do espectáculo “A Mãe da Noiva – Um espectáculo sem Piedade”, no dia 7 de Março, baralhou os dados e tive de saltar um mês. Aproveito para dizer que a estreia correu bem, a carreira de um mês em cena, também, e por isso mesmo, conseguimos prolongar para Abril, só às sextas, na Fábrica Braço de Prata; mas não é sobre isto que vos quero falar, é sobre as Marchas Populares de Lisboa.
No final do ano passado recebi um convite inesperado: fazer parte da Comissão da Marcha da Bica 2019. Posso dizer, que foi um momento vivido intensamente, pois tinha dúvidas, se devia ou não aceitar tão honroso convite. Não queria, nem quero (pois o processo ainda está longe de terminado) falhar com quem depositou a sua confiança em mim, uma vez que temos e devemos garantir a nossa disponibilidade durante todos os meses de preparação e ensaios até à apresentação pública da Marcha.
As Marchas de Lisboa são, sem dúvida alguma, uma das Marcas da cidade Lisboa, reconhecida, quer nível nacional, quer a nível internacional. Lisboa, na verdade, ainda é bairrista, e as Marchas são uma das mais vivas representações desse bairrismo.
Faz hoje uma semana (8 de Abril), que começaram os ensaios da Marcha da Bica 2919, que vão culminar em dois momentos distintos: a apresentação no pavilhão, a 7 de Junho, e depois a apresentação na Avenida, a 12 de Junho. Durante vários meses, trabalhamos e vamos continuar a trabalhar para chegar a estes dois dias. Depois, não está nas nossas mãos o resultado da avaliação, esse cabe ao júri; mas uma coisa é certa, trabalhamos para vencer (como todas as outras Marchas).
Voltando à minha experiência, posso atestar que tem sido uma verdadeira aprendizagem. Nos primeiros meses, a Comissão tem várias reuniões no sentido de definir o projecto que queremos defender, depois começam os ensaios, que é onde tudo toma forma. Tudo, mas mesmo tudo, passa pelo crivo desta equipa, à qual se juntam também os criativos. Nada é deixado ao acaso. No entanto, com já referi, é a partir do momento em que iniciamos os ensaios, que começa um vibrar muito especial, que só se consegue compreender se estivermos lá. Lembro-me, de já ter tido este mesmo sentimento, quando há cerca de trinta anos saía na Escola de Samba Caneca Furada, no Funchal. Voltando à Marcha da Bica, é noite após noite, e ainda só passou uma semana, que vamos sentindo o entusiasmo de todos, mas principalmente dos marchantes, uns mais habituados nestas andanças, outros, que como eu, estão pela primeira vez neste processo, que nos leva a todos, a caminhar juntos num só sentido. Essa união, esse espírito de colectivo é essencial para fazermos bem o nosso trabalho.
No final da primeira semana de ensaios, onde muitas decisões tiveram de ser tomadas, nem sempre fáceis, chegamos (penso poder falar por todos) satisfeitos com os resultados alcançados. Agora, vêem aí semanas de muito trabalho para todos, mas penso que ficou bem claro, pelo que afirmei, a equipa está toda devidamente oleada para levar a Marcha da Bica 2019 a bom porto.
Passados estes meses, mas principalmente depois da primeira semana de ensaios, quero mais uma vez agradecer publicamente, ao Pedro Duarte e ao Américo Silva o convite que me fizeram, para fazer parte, de algo que considero uma das essências da Cultura de Lisboa e dos seus bairros: as Marchas Populares, e neste caso específico, da Marcha do bairro, o Bairro da Bica.
Viva a Cultura!!!
Bem hajam!!!