Arruda dos Vinhos: Miguel Moura destacou-se

Arruda dos Vinhos: Miguel Moura destacou-se, esta quinta-feira.

Arruda dos Vinhos: Miguel Moura destacou-se

Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso

A Praça de Touros de Arruda dos Vinhos recebeu esta quinta-feira, 17 de Agosto, a segunda corrida de touros da feira taurina que anualmente se realiza nesta localidade.

Frente a touros de São Marcos, actuaram João Moura Caetano, Emiliano Gamero e Miguel Moura.

Em solitário, pegou o grupo de forcados amadores de Arruda dos Vinhos, que celebra 15 anos desde a sua fundação.

A corrida iniciou com magistério de João Moura Caetano, diante um touro com boas condições de lide. A actuação do ginete alentejano foi muito bem conseguida. Não se pode tourear mais templado, dominando todos os momentos. Sortes bem preparadas, desenhos correctos, reuniões ajustadas e remates vistosos e exuberantes. Exactamente um ano depois de aqui ter tido uma actuação de qualidade, Caetano voltou a fazê-lo.

Rodolfo Costa, cabo dos Amadores de Arruda, concretizou a pega ao terceiro intento, com ajudas carregadas. Muito aquém a prestação do forcado da cara diante este touro.

Um fenómeno, não propriamente positivo, é Emiliano Gamero. Entrou em praça e o público aplaudiu. Uma actuação pautada pela busca do aplauso fácil. É um conceito e um direito que assiste ao artista. O povo gosta e é ele quem paga. Mal a direção de corrida ao atribuir música, após o segundo curto que nem cravado ficou. A verdade é que Gamero chegou com muita força às bancadas e culminou a lide com dois ferros cravados em sorte de violino. Saiu sob fortes aplausos. No ano passado, neste mesmo dia, Gamero tinha brilhado nesta praça com uma lide de enorme valor. Infelizmente, este ano, esteve a anos-luz do que fez.

Edgar Simões concretizou a pega ao quarto intento e com ajudas carregadas.

Miguel Moura com actuação de grande valor ao terceiro touro da noite. Desde início a exibir uma excelente brega e entendimento do oponente. Um touro feio de cara, mas de comportamento muito positivo e que permitiu ao ginete exibir as suas qualidades. Muito bom lidador, excelente a escolher os terrenos e bem nas cravagens, com destaque para o segundo ferro curto, com reunião muito ajustada e impactante. Pena que o público não valorizasse a qualidade exibicional do toureiro.

Rodrigo Gonçalves concretizou a pega ao segundo intento.

Volta autorizada ao ganadeiro, um tanto ou quanto desajustada.

O quarto touro da corrida foi o de pior comportamento até então. Uma actuação de muita atitude por parte do cavaleiro João Moura Caetano, que cedo percebeu que não teria aqui matéria-prima para a sua concepção artística. Assim, adaptou-se as condições do hastado e desenhou uma actuação baseada na brega e na raça, destacando-se nos primeiros três ferros curtos.

Pedro Sabino, forcado que esta noite despediu-se das arenas, concretizou a pega ao segundo intento.

Emiliano Gamero teve uma segunda actuação com pouca história. Uma primeira fase com ferros cravados a cilhas passadas e uma outra com ferros em sorte de violino e levadas do cavalo que agradaram ao público. Tecnicamente sem argumentos para mais.

João Costa concretizou a pega ao quarto intento, com ajudas carregadas.

O sexto touro da corrida teve pouca transmissão e comportamento reservado, manso. Miguel Moura, perante o oponente que teve por diante, construiu uma lide com princípio, meio e fim e com bons momentos, lamentando-se que a falta de transmissão do oponente lhes retirassem brilho. Miguel está um senhor toureiro, com uma identidade artística muito vincada e que merece mais reconhecimento de quem vai às praças. A timidez retira-lhe alguma ligação ao público, mas a sua arte tem de fazer as pessoas felizes. E isso é concretizado com sucesso.

Nuno Aniceto concretizou a última pega da noite à primeira tentativa.

Algumas notas finais sobre a corrida:

-O público que cumpriu o horário previamente agendado para a corrida foi prejudicado por aquele que não o cumpriu. Pior, a corrida começou mais tarde devido ao público incumpridor.

-A noite foi francamente negativa para o grupo de forcados de Arruda dos Vinhos. Deverão utilizar esta corrida para corrigir os muitos erros cometidos. Não foi bonito de se ver;

– Má direção de corrida, com decisões incoerentes, quer na atribuição de música após um ferro que nem cravado foi, quer em autorizar voltas a cavaleiros e forcados em lides muito aquém do mínimo exigido;

– Os bandarilheiros são essenciais na tauromaquia, mas também é essencial que percebam quando devem intervir ou não. E se houve uns que intervieram em excesso e mal, há a destacar a qualidade, temple e subtileza com que João Pedro Silva ‘Açoriano’ o fez. Esteve muito bem;

-Por fim, o público paga bilhete e tem o direito a exprimir-se. O mau disto tudo é exprimir-se demonstrando ignorância e premiando a mediocridade e ficando em silêncio quando lhe é servido algo qualitativamente superior. Pobretes e alegretes são prejudiciais a uma tauromaquia de maior qualidade.

A corrida foi dirigida por João Cantinho, assessorado por Jorge Moreira da Silva e com Nuno Massano no cornetim.

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