As Noites Brancas!

As Noites Brancas! Um artigo de Raul Tartarotti.

As Noites Brancas!

As redes sociais podem cimentar muitos empoderados de diversas origens ao mesmo tempo. Basta que seus atos se expressem com tamanho vulto, que ultrapassem o número de seguidores, vidrados em suas estripulias digitais.

Alguns têm interesse em algo como ficar no topo, entrar pra história, o que só conseguiriam através de um ato frequente, ou quem sabe extremo como o fez Heróstrato em 21 de julho de 356 a.C..

Esse camponês caminhou para dentro do Templo de Ártemis, com uma tocha, e incendiou uma das vigas de madeira de sustentação. A intensidade das chamas causou o colapso da fachada do templo e o abalo de várias colunas, que cederam pelo calor, soterraram a estrutura sobre si mesma. Ao ser capturado, ele admitiu que ateou fogo porque estava desesperado para “cimentar seu nome na História”, o que só conseguiria através de um ato grandioso como aquele. Após ser torturado, foi condenado à morte e, para impedir que seu gesto inspirasse outras pessoas, as autoridades gregas implementaram a chamada “condenação da memória”, uma lei impedindo que fosse proibido falar ou escrever o nome de uma pessoa condenada, assim ela estaria fadada ao esquecimento.

Muitos que procuram o estrelismo nas telas dos celulares, buscam a fama parecida com a de Heróstrato, por vezes maus atos, outros tantos devaneios em prantos. Talvez na busca de um poder mágico á prosperidade, essa misteriosa e invisível alquimia de personalidade, medo e autoridade, pode se esvair pelos dedos. Como o pensar do filósofo Sêneca (4 a.c. — 65 d.c.), que escreveu esse rico texto pra ajudar no amanhã: “A duração de minha vida não depende de mim. O que depende é que ela não percorra de forma pouco nobre suas fases. Acertemos nossas contas com a vida dia após dia”.

Por isso, o olhar à meia luz, aquele mesmo que mostra o perfil do rosto de uma mulher bonita e saudável, permite que um homem perceba a vitalidade da procriação, como um ato simples de atração do bem. E na busca por essa identificação própria, o homem e suas circunstâncias, como escreveu o filósofo Ortega e Gasset, necessita salvar a si próprio, pois é responsável pelo seu mundo, pelo seu momento de vida.

Captar a essência dos rostos e das coisas é um talento que poucos constroem sozinhos, e vidas a sós quase voam em um mundo limitado pelo toque humano. Encontre seu brilho no espelho, como as Noites brancas de São Petersburgo, cujo fenômeno do clima do norte, não permite que escureça a noite, deixando o sol visível todo tempo, e entenda o quanto ele pode ser real. Encontre seu olhar, mesmo que a noite tente lhe avisar que talvez tenhamos limites repetidos, que embaralham o estômago. Viver é se sentir fatalmente forçado a decidir o que vamos ser nesse mundo.

Nota: Texto escrito em português do Brasil.

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