Buba Espinho com concerto visceral no Capitólio, no passado sábado.


Texto: Rui Lavrador
Fotografia: @mudsea
Buba Espinho actuou no Capitólio, em Lisboa, no sábado à noite, 16 de Setembro, para apresentar o seu segundo disco, “Voltar”.
Sala com lotação quase esgotada e confesso que tinha em mim bastante curiosidade para saber como iriam resultar as novas canções num espectáculo ao vivo. A verdade é que se no disco já me tinha agradado bastante, ao vivo conseguiram elevar-se a um nível superlativo.
Abriu o espectáculo apenas acompanhado da guitarra e a cantar “Verão (Alentejo e os Homens)”. Este tema foi gravado no seu primeiro disco, em dueto com Raquel Tavares. E todo um Alentejo invadiu a sala lisboeta, através da voz de Bernardo Espinho, Buba de seu nome artístico e para os amigos.
Já com a banda em palco, iniciou viagem por entre os seus dois discos, mas com várias surpresas que foram sendo reveladas com o decorrer do espectáculo.
“Sejam bem-vindos, é uma honra enorme estar aqui a apresentar o meu segundo disco nesta sala“, disse.
Em palco esteve acompanhado por Manuel Oliveira (teclas), Bruno Chaveiro (guitarra portuguesa), Luís Aleixo (guitarra e voz), Francisco Pestana (voz), Rodrigo Correia (baixo) e Luís Delgado (bateria e percussão).
Permitam-me dedicar algumas palavras a esta banda, que esteve sublime neste concerto. Do instrumental às vozes, estes jovens e talentosos rapazes conseguiram que o tempo parasse várias vezes, tal o assombro com que desempenharam a sua arte.
Buba prestou homenagem a Paulo Abreu Lima, destacando o facto de o poeta ter sempre acreditado em si. Considera que a melhor forma de homenagear um poeta é cantar os seus poemas. Nesse sentido, cantou “Quem sabe um dia”, da autoria de Paulo Abreu de Lima e que integra o álbum “Voltar”.
Alguns dos novos temas foram interpretados seguidamente e reforço, já o tinha feito aquando da entrevista com Buba Espinho sobre o disco, para ‘Folga do Arlequim’ e ‘Um dia hei de voltar’. Foram dois dos melhores momentos da noite, uma noite repleta de momentos que ficarão certamente na memória de quem ali esteve.
Bernardo Espinho foi depois recordando alguns períodos da sua vida, pessoal e profissional, e um dos momentos que assinalou foi a noite do fado que ganhou em 2016. E dedicado a esse momento, cantou ‘Zé Negro’.
Estreou o tema ‘Refém’, escrito pelo seu irmão Eduardo Espinho, um tema muito intimista para Bernardo e que apenas o interpreta em situações muito especiais, como foi o caso desta noite.
Os D.A.M.A foram os únicos convidados da noite em palco (apenas com Miguel Cristovinho e Miguel Coimbra, mas sem Kasha), para ao lado de Buba cantaram o sucesso ‘Casa’ que serve de abrigo a tantas almas que já se apaixonaram por esta canção.
O repertório tradicional do Alentejo também não faltou nesta noite, com Buba a demonstrar inteligência e muita sensibilidade na forma como construiu todo o alinhamento.
Já lhe vi muitos espectáculos, este elevou muito fasquia e demonstrou que Buba Espinho está numa fase de maturidade e felicidade plenas, permitindo-lhe isso soltar-se mais em palco, ter uma naturalidade que serve de abraço a que vai ali para o ver e ouvir.
Palavra muito importante a dois elementos da equipa que acompanha Buba Espinho: Mário Capucho no som, António Martins nas luzes. Os dois estiveram magnânimos naquilo que apresentaram nesta sala. Confesso que esta sala está muito longe de ser das minhas favoritas, mas neste espectáculo, o som esteve muitíssimo bom e o desenho de luz adaptou-se ao espectáculo e conseguiu transformar uma mera sala de espectáculo, numa sala de estar em que Buba recebeu família, amigos, conhecidos, fãs ou simples melómanos.
Longa vida ao ‘Voltar’ e que Portugal se deixe encantar pelo talento de Buba Espinho, agora que o outrora ‘miúdo tímido’ está um homem crescido, seguro e sensível.
Alinhamento:
Verão
Larguei as cordas
Jardim paraíso
Hoje é o dia
Banalidades
Folga do arlequim
Quem sabe um dia
Um dia hei-de voltar
Casa
Não é tarde nem é cedo
Zé negro
Refém
Menina
Gotinha de água
Ao teu ouvido
Menina estás a janela
Os guardas bateram
Zé de Alfama
Roubei-te um beijo
ENCORE
Pelo toque da Viola
Casa