Chamusca: Uma corrida para a história que deixa pouco que contar, na tarde de ontem.
No coração do Ribatejo estiveram presentes os grandes nomes do momento, João Moura Junior, João Ribeiro Telles e Francisco Palha, diante toiros de Diogo Passanha e de Herdeiros de Artur Lopes Branco. Nesta longa “corrida do ano” brilharam os forcados do Aposento da Chamusca, em particular o seu cabo cessante, Pedro Coelho dos Reis, que legou a chefia destes a João Saraiva.
Uma corrida para a história que deixa pouco que contar. Prometia muito, tanto pela importância do cartel como pela praça, aficionada, que o acolhia. O seu propósito prendeu-se com a passagem do testemunho do longevo amador Pedro Coelho dos Reis, histórico forcado deste grupo e que muito merecia esta despedida. Com mais de 30 anos no ativo, defendeu com muito valor a sua honra e a dos que liderou. O toiro que pegou, o terceiro da ordem, arrancou de largo, franco e a galope. O forcado reuniu perfeitamente nos médios, tendo o grupo fechado com a sintonia de uma pega antológica. Se da sua parte e dos seus houve galhardia e emoção, pouco há a dizer sobre um desafio ganadeiro sem vencedor e que em muito influenciou as lides que não tiveram, no geral, o resultado esperado.
João Moura Junior revela cada vez mais a sua madurez, segurança e técnica. A escola de seu pai, ou que este refundou, baseia-se na emoção, no desplante e no temple na Arte de Marialva. O seu primogénito representou-as e bem, do quanto lhe permitiu o seu lote. No seu primeiro, de Passanha, levou-o sempre toureado e templado, com curtas distâncias e pleno domínio. Realizou uma lide mais clássica, dentro da sua escola, e mais sóbria. Cravou ferros de poder a poder com domínio e risco nas reuniões. Ao seu segundo, de Lopes Branco, repetiu-se e bem. Destacou pela sua habitual Mourina, bem executada, e pela destreza do seu temple, ao ladear a praça na cara do toiro.
De entre os lotes no touril desta praça, o melhor saiu ao cavaleiro da Torrinha. O seu extraordinário quinto ferro foi evidência do seu estilo e bom toureio. Um cambio perfeito, ao piton contrário, perfeitamente executado no centro do areal. A este juntaram-se o sexto e o sétimo, bem executados mas menos relevantes. O seu oponente, o melhor da tarde, foi bravo e bastante completo. O seu segundo, de Passanha, foi um toiro parado, imóvel mesmo, e boiante. João Ribeiro Telles depositou toda a confiança nestes atributos e usou-se disso, realizando uma faena artística, limpa e que chegou ao publico. A um toiro sem fundo e a uma lide sem emoção, João repôs tudo e encantou.
De Francisco Palha regista-se a sua habitual garra, numa tarde que não foi a sua. Entre a nova montada e o seu estado clinico, ainda vulnerável, transbordou um estado de espirito que revelava desejo de triunfo, mesmo com as poucas hipóteses que tinha de o atingir. O seu lote tampouco ajudou. O seu primeiro, de Passanha, cumpriu mas não lhe permitiu fazer o seu toureio. Pouco tirou do toiro, com o qual não esteve em sintonia, e que tardava nas reuniões. No seu segundo viu-se uma verdadeira faena! Isto é, um verdadeiro combate. O de Lopes Branco adiantava-se nas reuniões para se defender e obstinou a lide. Entre toques no cavalo e a falta de obediência ao cavaleiro, assistiu-se à hercúlea tarefa do cavaleiro em dominar cavalo e toiro. Ante as opiniões vociferadas de apoiantes e detratores, refez uma faena que o redimiu nos últimos quatro ferros, nos quais demonstrou a sua pujança como ginete. Não esteve nos seus dias, mas teve a sua atitude.
Sobre o desafio, não teve historia.
“Corrida do Ano”
Três Quartos de entrada.
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Toiros de Hros. de Artur Lopes Branco e de Passanha
Bem apresentados, finos e em tipo dos seus encastes.
De comportamento boiantes e sem fundo, exceto 2º, bravo.
Joao Moura Jr. | volta e volta
João Ribeiro Telles | volta e volta
Francisco Palha | silencio e silencio
Aposento da Chamusca | Pegas consumadas à 4ª, 1ª, 1ª, 2ª, 1ª,1.ª tentativas, respectivamente.