
Joel Pina é caso raro e talento, sensibilidade e longevidade. Aos 98 anos foi premiado na 2ª Gala de Fado d’ A Voz do Operário e falou com o Infocul.
“É tudo tão bonito, tem sido tudo tão bonito e belo e tenho tido tantas homenagens”, disse-nos sobre o prémio que recebeu este domingo. Sendo uma referência para os mais jovens, disse que “há responsabilidade sem dúvida”.
“Foi sempre o que aspirei, porque quando nós sentimos verdadeiramente o que fazemos é quando a coisa sai, quando a coisa não é natural, enfim… tenho dificuldade em ter uma resposta” disse-nos sobre o seu percurso.
“Sinto-me satisfeito, é sempre uma satisfação, ainda há tempos fui ao Porto também gostei, porque isso quer dizer sempre qualquer coisa significativo”, acrescentou sobre os prémios que lhe vão sendo atribuídos.
“Temos de concordar que o fado está a mudar um bocado, porque noutros tempos era um fado um bocado diferente. No princípio do século XX o fado estava ligeiramente diferente e nos anos quarenta por ai, talvez houvesse uma modificação e agora está a modificar, para melhor, para pior, não sei, mas está diferente, sobretudo o acompanhamento, havia mais sentimento do que está a haver, agora parece que as pessoas se prendem pouco”, disse-nos sobre a actualidade fadista, acrescentando que “não é bem a simplicidade, o fado para ser verdadeiro o fado tem de ser triste, para mim, porque é muito discutível, o fado é muito discutível e tem muito que se lhe diga e está a ser menos triste… menos verdadeiro”.
Rematou afirmando que “penso que agora há uma camada que ainda mantém o mesmo fado antigo, mas muito fado está a seguir outro caminho, menos fado, é mais musical talvez”.
Fotografia: Rodolfo Contreras