Os Massive Attack regressaram a Portugal para comemorar os 20 anos de “Mezzanine”, talvez o seu disco mais celebrado em terras lusas. Casa cheia, tensão e expectativa no ar e a promessa (cumprida) que não seria um concerto de grandes êxitos ou saudosismo.
Nem um boa noite, nem um obrigado, nem sequer uma palavra ao público, aqui a música foi a linguagem usada num mundo cada vez mais dependente da informação fácil.
E conseguiram o impossível, uma multidão atenta, em comunhão, que só ergueu os seus telemóveis para filmar a belíssima “Teardrop” com uma iluminada Elizabeth Fraser a embalar todos os presentes.
“Bela Lugosi is dead” dos Bauhaus e “Rockwrok” dos Ultravox fizeram a ponte entre o punk e o trip-hop e receberam duas das maiores ovações da noite.
Destaque ainda para o já lendário Horace Andy aplaudido efusivamente mal entrou em palco. Nos ecrãs gigantes os sentidos da multidão foram constantemente postos à prova com referências que foram desde o mundo pop à situação política actual, com imagens de sátira, divertidas mas também imagens de guerra, destruição e morte.
A música dos Massive Attack não é para “meninos” e eles continuam a testar a inteligência do seu público e a ter algo que dizer, assistir a este concerto é levar um murro nos sentidos, é ir para casa assimilar tudo o que se viu, ouviu e viveu.
E já agora, ouçam 20 anos depois o “Mezzanine” que continua mais actual que muitos discos lançados posteriormente. No final alguns apupos da plateia que continua a ir para todos os concertos na expectativa de encores em festa, que os faça irem felizes para casa. Esquecem-se é que há concertos que são como a vida, e a vida meus caros, nem sempre tem um final feliz.
Os Massive Attack regressam hoje para o segundo concerto (já esgotado) no Campo Pequeno.
Texto: Jonas Santos
Fotografia: Everything is New
Finalmente uma crítica que diz tudo sem contar toda a história da banda. Parabéns
Adorei cada minuto. Obrigado pelo artigo.