Figueira da Foz: Triunfaram Rui Grilo, Bastinhas, ganadaria António Raul Brito Paes e a Memória de João Cortesão, este sábado.


Texto: Rui Lavrador
Fotografia: Rute Nunes e Carlos Pedroso
O Coliseu Figueirense recebeu, este sábado, 27 de Agosto, a terceira e última corrida de touros da sua temporada.
Actuaram os cavaleiros Luís Rouxinol, Manuel Telles Bastos, Marcos Bastinhas, Andrés Romero, Joaquim Brito Paes e Mara Pimenta.
As pegas estiveram a cargo dos grupos de forcados da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, Cascais e Académicos de Coimbra.
Lidou-se um curro de touros de António Raul Brito Paes.
A corrida tinha, e teve, como interesse maior a homenagem póstuma a João Cortesão, nome respeitado, conhecido e lembrado no sector tauromáquico.
Durante as cortesias, foi prestada a homenagem a João Cortesão. Na presença dos seus filhos, o empresário Luís Miguel Pombeiro leu um texto elogioso para com a pessoa e a memória. O empresário ao lado do cabo dos Académicos de Coimbra, Ricardo Marques entregaram uma imagem do cartaz desta corrida, emoldurada, aos dois filhos de João Cortesão (Jaime e António). Seguidamente, ouviu-se o fado, pela voz de Gustavo Pinto Basto. Seguidamente, ouviu-se “A Portuguesa”. Por fim, concluíram-se as cortesias, antes da corrida em si ter início.
O primeiro touro saiu à arena com muita velocidade e a criar impacto na bancada. Mas foi sol de pouca dura. A transmissão perdeu-se, a investida foi tarda e a vida complicou-se para Luís Rouxinol. O cavaleiro esteve irregular nos compridos, mas subiu a fasquia qualitativa na cravagem curta, com destaque para o segundo ferro curto, o par de bandarilhas e ainda o palmito com o qual encerrou a sua actuação. Lide positiva, brindada aos filhos de João Cortesão e aos Académicos de Coimbra.
Pelos forcados amadores da Tertúlia Tauromáquica do Montijo, foi à cara Armando Costa, que concretizou a pega ao segundo intento. Brinde dedicada aos filhos de João Cortesão.
Volta autorizada a cavaleiro e forcado.
Muito melhor, em termos de comportamento, este segundo touro, a arrancar-se de todo o lado e a promover espectacularidade nas sortes. Manuel Telles Bastos esteve bem a aproveitar as características do oponente e após a cravagem comprida, superou-se nos curtos. Três deles, a dar toda a vantagem ao touro, aguentando a investida do mesmo e deixando os ferros (melhores o 1º e 2º e menos cingido o 4º). O terceiro curto da ordem, saiu pouco cingido. Fechou a actuação com mais dois ferros de nota positiva. Telles Bastos a demonstrar algumas das suas melhores características e a agradar ao efusivo público Figueirense.
João Galamba, pelos forcados amadores de Cascais, concretizou a pega ao primeiro intento, após brindá-la aos filhos de João Cortesão.
Volta autorizada a cavaleiro, forcado e ganadeiro. O touro foi indultado e voltará ao campo.
Alvoroço na Figueira da Foz durante a lide do terceiro touro da corrida. Marcos Bastinhas, trajando casaca verde (pistachio) e bordada a ouro, fez por várias vezes o público saltar das bancadas. Nesta sua actuação, Marcos apostou na diversidade para desenhar as sortes e deixar a cravagem da ordem. Na cravagem comprida apostou em sortes de praça a praça, nos curtos começou por citar de frente e fazer batida ao píton contrário, para depois rematar a lide com um palmito em que citou em redondo e um par de bandarilhas pelo corredor. Destaque para dois dos ferros curtos, pela beleza e correcção da sorte. Público de pé e em delírio completo com o cavaleiro alentejano. A melhor actuação da noite, mostrando mais uma vez a sua vasta e completa quadra de cavalos. Na Figueira da Foz utilizou o Danone, Da Vinci, Gitano, Elora e Destinado.
Jaime Cortesão, pelos Académicos de Coimbra, concretizou a pega ao segundo intento. Lide brindada à memória do seu pai.
Volta para cavaleiro, forcado e ganadeiro. O cavaleiro e o forcado foram ainda obrigados a ir ao centro da arena, agradecer novamente.
Após um breve intervalo para alisamento da arena, actuou o rejoneador Andrés Romero. Um touro muito complicado de início, distraído e a ignorar por completo Romero. Um comprido cravado de forma pouco ortodoxa foi essencial para que o touro viesse a mais e a lide começasse aí a resultar. A série de curtos foi emotiva e se os três primeiros são de muito boa nota, os quarto e quinto tinham tudo para ser excelentes. Porém, não o foram. Cite muito em curto, forte batida ao píton contrário e dois toques na montada após as reuniões. Cravou ainda um palmito, com mais um toque na montada. Lide esfuziante e do agrado do público.
Igor Paixão, pela Tertúlia Tauromáquica do Montijo, concretizou a pega ao segundo intento. Destaque para esta ter sido a sua estreia em público. Ambas as tentativas foram emocionantes, na primeira faltou o grupo conseguir fechar mais rápido, mas o touro mudou a trajectória (repetiu a façanha na segunda).
Volta para rejoneador, forcado e ganadeiro.
O jovem Joaquim Brito Paes desenhou uma actuação em crescendo e demonstrando algumas das suas melhores características. Um touro colaborante e o público satisfeito. Destaque para o quarto ferro curto.
Rui Grilo, dos amadores de Cascais, concretizou a pega ao primeiro intento. A pega da noite. Touro com muita velocidade, a mudar várias vezes de trajectória e a fugir ao grupo e o forcado da cara a aguentar-se muito bem.
Duas voltas para o forcado e uma para o cavaleiro.
Mara Pimenta encerrou as actuações equestres, com um desempenho regular e sem situações de destaque.
António Cortesão, pelos Académicos de Coimbra, pegou ao segundo intento.
Volta para cavaleira e forcado.
Destacar a excelente entrada de público, com 3/4 fortes de lotação preenchida, o belíssimo ambiente criado pelo público e claro, mais uma vez, a homenagem a João Cortesão.
O ganadeiro António Raul Brito Paes é um dos claros, senão o maior, triunfadores da corrida. Três voltas à arena, pela qualidade do 2º, 3º e 4º touros lidados. Na generalidade, o curro apresentou-se muito bem, com trapio e em termos de comportamento a cumprirem todos, mas como menos bom o 1º, com os restantes a terem todas as condições para triunfo de lide.
Como pormenor (neste caso, pormaior) sobre esta corrida, referir a muita classe na forma como João Bretes recebeu o primeiro touro da corrida, lidado por Luís Rouxinol.
Corrida dirigida por Sandra Strecht, assessorada por Hugo Rosa.
Nota: O Grupo de Forcados Amadores Académicos de Coimbra teve apenas 7 elementos (ao invés dos 8 habituais) nas cortesias. O motivo é louvável: o oitavo elemento foi a memória de João Cortesão, representada com uma jaqueta, um barrete e capa negra estendidas na arena, no lado direito do cabo. A classe, a grandiosidade e a elegância deste grupo, notam-se até nos pequenos-grandes gestos.