Há Fado no Cais: Camané com casa cheia no CCB

O CCB, em Lisboa, acolheu, ontem, um concerto de Camané, integrado no ciclo Há Fado no Cais.

Há Fado no Cais: Camané com casa cheia no CCB

Texto: Francisco Potier Dias
Fotografias: João de Sousa.

Da carreira de Camané, bem… Pela longevidade que já traz, pela consistência, pela constante capacidade de se reinventar, “bailando” do fado tradicional ao Fado canção, sempre com o seu timbre e classe inconfundíveis, um fadista consagrado, que sem surpresas encheu o CCB, e de caras bastante conhecidas, como o atual ministro da Cultura Pedro Adão e Silva, a Fadista Matilde Cid, entre outros nomes do meio fadista e da cultura nacional.

Artisticamente, durante duas agradáveis horas, percorreu os seus mais recentes álbuns mas, teve ainda tempo de passar pelos seus “eternos clássicos” , acompanhado dos músicos José Manuel Neto na guitarra Portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola de fado e Paulo Paz no contrabaixo. 

Ao apanágio do artista, desfrutou-se de tudo, do Fado Corridinho ao Fado da Bica, do Alfacinha ao Faia…levando pela melodia do fado canção, num espectáculo com um equilíbrio e dinamismo muito bem conseguido, sem momentos enfadonhos ou enjoos. Tendo a primeira parte sido marcada pelo fado canção, segunda iniciou-se só acompanhado do chorar da guitarra portuguesa bordou o fado tradicional de forma arrepiante e emocionante… “Fadista.”

Apenas uma ligeira nota, em algumas interpretações de tão corrida a melodia e a tentativa de marcar cada palavra, acaba por soar como que atropelado, impedindo a compreensão total da letra pelo público, sem no entanto ser suficiente para reduzir o mérito e qualidade da interpretação.  

Como tradição em concertos de “longa duração” há momentos de trazer novas dinâmicas a palco, desta feita, houve espaço para chamar a palco o acordeonista João Barradas que participou no último álbum do fadista e abrilhantou com um som tão português e quando bem tocado tão bonito, o espectáculo com que Camané brindou o CCB, tendo levado o fadista a cantar em francês, trazendo a palco o tema, bonito muito bonito, apesar do ligeiro escorregar no tomar da nota inicial, que rapidamente Camané soube corrigir, com classe e humor.  Para fechar o leque de convidados do fadista, foi chamado a palco Ricardo Toscano, saxofonista, um músico excecional, que no entanto foge do Fado Tradicional e mesmo no fado prolonga em demasia para as raízes de Jazz de onde nada o fado bebe… mas, são estilos e opções.

Cumpre dar a nota que durante todo o concerto coexistiu um acolhedor  equilíbrio entre instrumentos e voz, muito bem conseguido.

Viveu-se no CCB uma noite em que se bordou o fado e um dos nossos consagrados sentiu, fado após fado, ovações prolongadas da compostíssima sala, que fez questão de dar carinho e relevar o fadista e seus digníssimos músicos.

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