Texto: Pedro Contreiras
Vogal da Juventude Popular de Setúbal


Engana-se quem pensa que o desporto apenas é para os atletas de alta competição e para aqueles que do mesmo sobrevivem. Também o é, claro, mas desporto são “todas as formas de atividade física, através da participação ocasional ou organizada, [que] visam exprimir ou melhorar a condição física e o bem-estar mental, construindo relações sociais ou obtendo resultados nas competições a todos os níveis” (Carta Europeia do Desporto, 1992).
Posto isto, um investimento no desporto é algo que iria provocar uma melhoria clara e evidente em várias áreas da nossa Sociedade, como na saúde. Será que um investimento no desporto, desde bem cedo, não diminuiria as doenças cardiovasculares, diabéticas e por aí a fora? Não iria ajudar a reduzir o número de pessoas com depressão em Portugal? Afinal, já dizia Juvenal, “menta sã, corpo são”. No meu ponto de vista, é obvio que sim. Não seria o único fator, mas poderia ter um papel de extrema importância na redução da pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde (SNS), na melhoria da qualidade de vida e no aumento da esperança média de vida em Portugal.
E em relação à influência na educação, não pode o desporto ser um grande aliado dos pais na criação de hábitos de disciplina, responsabilidade, compromisso e espírito de sacrifício nos mais jovens? É claro que sim, pois através do desporto são transmitidos os valores mais fundamentais da ética, do respeito pelo adversário quando se ganha e quando se perde, o respeito pela hierarquia, a capacidade de trabalhar em equipa e superar obstáculos em conjunto ou individualmente.
Porém em Portugal preferimos descurar o investimento no desporto e gerar jovens cada vez mais sedentários, incumpridores de regras, desrespeitadores de quem lhes é hierarquicamente superior e, acima de tudo, altamente dependentes das novas tecnologias, tornando-os cada vez mais fechados nas bolhas da vida virtual e incapazes de realizar habilidades motoras básicas.
O desporto é ainda, um dos maiores promotores de mobilidade social para pessoas que, infelizmente, se veem inseridas em contextos socioculturais desvantajosos, onde não têm acesso a uma educação de qualidade. O desporto salva muitas dessas pessoas de seguirem uma vida de crime, uma vida de empregos precários e de viverem à custa das obséquias que o Partido Socialista tanto gosta de oferecer. É muitas vezes o ponto final numa longa história familiar de condenação à pobreza, consequência da falta de criação de mecanismos amigos da mobilidade social, por parte de governações profícuas em intenções e parcas em ações.
A cultura desportiva promove também um grande sentimento de unidade nacional e pertença à nossa nação, como são exemplos os momentos das fases finais dos Europeus e Mundiais de Futebol, Futsal, Futebol de Praia e Andebol, para dar alguns exemplos. Para tal acontecer precisamos de ter sucesso mais vezes, e se já conseguimos algum com um investimento tão baixo comparativamente a outros países, imaginem o que seria de nós se encarássemos o investimento no desporto como um investimento no país.
Um forte investimento no desporto, iria ainda trazer melhorias à nossa economia, com a atração de investimento estrangeiro, criando ainda mais condições para recebermos grandes eventos desportivos e, termos uma posição de destaque nos mesmos.
De acordo com o Eurobarómetro de 2022, Portugal é o país da União Europeia EU) onde as pessoas menos praticam qualquer atividade física, sendo que 73% dos portugueses revelaram nunca praticar e 5% praticar raramente. A média na UE é de 45% os que nunca praticam. Se este é um problema grave e que tem urgentemente de ser resolvido, iremos resolvê-lo quando? Quando tivermos 90% dos jovens com obesidade infantil e com graves implicâncias na sua saúde?
Segundo um estudo realizado em 2015 por Veerle de Boscher, da Universidade Livre de Bruxelas, os pilares de desenvolvimento desportivo que mais carecem de investimento em Portugal são o do Financiamento, Organização, Iniciação Desportiva e Partipação desportiva da população.
Portugal necessita que se aposte na criação de programas e atividades sólidas que o façam desenvolver, como por exemplo, a colocação de aprendizagem obrigatória de natação e ciclismo na pré-escola, o incentivo às parcerias com clubes para que estes façam demonstrações nas escolas de 1º ciclo ou a facilitação e instrução de possibilidades de mecenato para que os clubes consigam melhorar as possibilidades de autonomia financeira.
A verdade é que enquanto tivermos um Governo socialista vamos ficar pela imaginação nesta e noutras áreas. No entanto, a esperança de termos um país “às direitas” e um Governo com verdadeiras preocupações sociais não vai morrer e, com toda a certeza, um dia irá cumprir-se.