Nazaré: Grande lide de Rouxinol Jr. e saída em ombros de Bastinhas e João Gonçalo, na noite de ontem.


A Praça de Touros da Nazaré encerrou, este sábado – 9 de Setembro, a sua temporada tauromáquica no corrente ano, com uma corrida de touros inserida nas Festas de Nossa Senhora da Nazaré.
Três quartos fortes de lotação preenchida, ambiente festivo como é apanágio deste tauródromo.
Uma procissão de velas, em honra de Nossa Senhora da Nazaré marcou o início do espectáculo, com o fadista Gustavo a interpretar o fado ‘Senhora da Nazaré’ e ainda o Fado de Coimbra.
O cartel desta corrida foi composto por Sónia Matias, Ana Batista, Marcos Bastinhas, Emiliano Gamero, João Salgueiro da Costa e Luís Rouxinol Jr., frente a touros de Varela Crujo, com as pegas a cargo dos forcados amadores de Coimbra, Cartaxo e Académicos de Coimbra.
Uma corrida demasiado longa, pouco interessante, mas com o público em êxtase em vários momentos, sem que a arte vista o justificasse. Entretenimento sim, existiu bastante. E há entretenimento bom, o francamente mau e pelo meio há o entretenimento fácil. E foi este que mais se viu.
Começo pelo mais jovem cavaleiro de alternativa nesta corrida, Luís Rouxinol Jr. Enorme actuação de um cavaleiro que nesta noite esteve muito inspirado e correctíssimo em todos os momentos da sua actuação. Brilhante a bregar, escolheu muito bem os terrenos, soube dar vantagens ao oponente e as cravagens resultaram harmoniosas. Porém, o melhor da noite aconteceria ao quarto ferro curto da sua actuação. Touro junto a tábuas, cite de praça a praça, com Rouxinol a arrancar a parar para provocar a investida do oponente, aguentou-a estoicamente, cravou cingido e rematou com classe. Destaque maior numa noite demasiado longa na Nazaré. Saiu em ombros no final da corrida.
Coube a Sónia Matias abrir as actuações, perante um touro reservado, com arreões e que não facilitou a vida à cavaleira. Sónia fez-se valer da experiência, da efusividade, sua e do público, e cumpriu a função.
Ana Batista esteve em plano positivo, porém sem romper em triunfo. Classe a lidar, destacou-se com dois bons ferros, em sortes frontais, acabando por também chegar ao público com a sua graça toureira.
Marcos Bastinhas tem na Nazaré um público deveras efusivo e que o ama profundamente e potencia isso ao máximo. A Marcos Bastinhas, calhou um bom touro e com o qual podia ter bordado o toureio. Não o fez. Tem um excelente ferro curto, o segundo da ordem, um bom par de bandarilhas, e depois tem todo um espectáculo diversificado que o público aplaude, levanta-se das bancadas e o aclama. Deu duas voltas à arena nos agradecimentos, sendo a segunda pouco justificada. Saiu em ombros da arena, no final da corrida.
Emiliano Gamero é também muito acarinhado na Nazaré e apresenta vários números que de toureio tem zero. Da sua actuação não há uma única cravagem correcta. Saiu sob fortes aplausos. Não se discute concepções artísticas, mas o toureio tem regras. Porém, o público festarola a tudo aplaude.
João Salgueiro da Costa foi o mais puro cavaleiro em praça. A fase inicial da sua actuação, na ferragem comprida e nos primeiros três curtos é de muito mérito e acima de tudo com muita verdade. A lide veio depois a menos, sofrendo um forte toque na montada, mas sem que isso retirasse a actuação de um plano positivo, porém sem resultar em triunfo.
Pelos Amadores de Coimbra, Pedro Silva concretizou a pega ao terceiro intento, sendo a segunda pega também concretizada ao terceiro intento (Não se conseguiu perceber o nome do forcado, devido ao som da praça).
Pelos Amadores do Cartaxo, Bernardo Sá fez uma belíssima pega ao primeiro intento e Duarte Campino pegou à segunda tentativa.
Pelos Académicos de Coimbra, foram à cara Francisco Gonçalves ao primeiro intento e João Gonçalo com uma grande e emotiva pega ao primeiro intento. João Gonçalo saiu em ombros no final da corrida. São o grupo de forcados com maior classe e saber estar, em praça e fora dela, em Portugal.
O curro de touros da ganadaria Varela Crujo saiu com qualidade, de diferentes capas, sendo o pior o 2º e o melhor o 6º. Touros que permitiram aos artistas expor as suas qualidades.
A corrida foi dirigida por Fábio Costa, assessorado por José Luís Cruz.