Artigo de opinião, por Rui Lavrador.


É uma verdadeira pandemia actual. Promove-se o entretenimento como se de Arte se tratasse e abusa-se do pouco conhecimento do público pagante.
E nada tenho contra o entretenimento. Tem o seu espaço, o seu público e deve ser valorizado.
O que não pode acontecer, e está a acontecer demasiadas vezes e com muito pouca honestidade intelectual, é ser promovido como cultura.
Acontece, actualmente, em várias áreas artísticas, dada a facilidade com que se define alguém como ‘Artista’. Na música, na tauromaquia, na representação e por aí fora.
Confunde-se qualidade com o nível de decibéis dos aplausos. Opta-se pelo caminho mais fácil de agradar ao público, ignorante, ao invés de educá-lo e mostrar o que realmente é uma obra artística, com uma clara mensagem, com concepção artística definida e qual o propósito.
Este ano, perdi a conta aos aplausos ouvidos perante momentos de entretenimento que alguém considerou Arte. Ouvi público a opinar sem qualquer fundamento e a justificar-se que era Arte porque os aplausos eram muitos.
Se ouvirmos um discurso e aplaudirmos, isso não é Arte. É um bom discurso, mas longe de ser Arte. Na área cultural é a mesma coisa.
Confesso que ao fim de 12 anos de reportagens na área cultural, a paciência para assistir ao ridículo começa a ser muito pouca.
Que o público queira e goste de ser enganado, problema dele. É ele quem paga e fará o que quiser com o dinheiro que gasta.
Que a imprensa não o saiba ser e se comporte como público inculto, aí a gravidade é grande! Não há aqui qualquer gosto particular pela polémica fácil, nem por criticar gratuitamente o ‘artista’ A, B ou C. Trata-se de perceber o que está a acontecer e não esquecer que há regras, quer na música, quer em qualquer outra área.
Na tauromaquia, as regras são ainda maiores. E se a encaram como tradição, então não pode haver inovação. É um contrassenso! Pode existir renovação, criação, recriação, mas nunca em momento algum poderá dizer-se inovação. Caso contrário deixa de ser tradição e passa a ser uma outra coisa.
Que se acabe com os delírios de alguns redactores submissos, que ainda assim se acham independentes… A verdade da mentira não resultará para sempre!