O rejoneo permanece ignóbil

Primeira tarde de rejoneo do abono isidril, com Sérgio Galán, Leonardo Hernandez e Juan Manuel Munera, frente a toiros de Fermín Bohórquez.

O rejoneo permanece ignóbil

O rejoneo permanece ignóbil. Perdeu o seu risco e a sua índole de lidar, de facto, o toiro bravo. E é, cada vez mais, evidente a diferença de gostos, exigências e origens da assistência deste tipo de corridas. O seu propósito original, plasmado na lide a campo, perdeu-se e foi substituído por uma escola de evidência equestre e de puro espetáculo, algumas vezes circense. O público, facilmente manipulável pela exuberância destes artistas, mostrou-se animado e num constante palmear durante quase toda a corrida, especialmente durante a execução das suertes.

A tarde começou intensa. Galán recebeu à porta-gaiola um toiro de Bohórquez com muita pata, brio e codicia. Este, muito em tipo da sua procedência, cumpriu e colaborou, ainda que sem grande casta ou bravura. Revelou-se enclassado e interessante mas não permitiu qualquer troféu ao rejoneador, que, depois de uma estocada algo caída, descabelhou. No segundo, Sergio encontrou-se com o exemplar mais bonito da corrida. Saiu abanto e muito desinteressado mas foi a mais. Aprendeu com a lide e foi ganhando qualidades, que Galán soube aproveitar. Destacou-se o quarto ferro, com grande valor e de frente, mas a lide não serviu, manchada pelo pinchazo e posterior meia-estocada do cavaleiro.

Leonardo Hernandez carrega um legado familiar no rejoneo, herdado de seu pai. O seu toureio, de emoção, revelou-se no seu primeiro toiro, fijo e tardo na investida, que foi a menos. Destaca-se o par de bandarilhas, bem colocado e com valor. É, ainda assim, de referir a falta de verdade e risco que esta faena transmitiu, hoje uma infeliz constante nesta vertente tauromáquica.

Concluiu a faena com uma estocada en todo lo alto, depois de cruzar de praça a praça. Não granjeou qualquer troféu, e bem, mesmo com uma petição maioritária. No seu segundo esteve esforçado. Tinha toiro, pronto e com boas arrancadas, mas que lhe faltava na reunião. Toda a lide foi composta de sortes de poder a poder, baseados no quiebro, e que a tornaram muito monótona. Para encobrir esse facto

Leonardo espraiou a sua vivacidade e alguns adornos despropositados, com os quais o público vibrou. Valeu-lhe uma estocada bem executada, a galope, mas que só lhe garantiu a ovação do público de Madrid.

Regressou a Las Ventas um jovem rejoneador, Juan Manuel Munera, que tem, nos últimos anos, ascendido ao mais alto nível do toureio a cavalo. Deu começo a uma lide, despegada e sem brilho, com uma porta-gaiola que não resultou. Deveu-se ao toiro, distraído, indiferente ao rejoneador e que foi a menos, cada vez mais parado. A morte foi desafiante, dada a imobilidade do negro zaino, e clarificou o vazio da faena. O seu encore foi frente a um toiro manso, o último da tarde, que saía disparado das sortes. Munera fez por adaptar-de e toureou quase sempre a sesgo. No final pouco ou nada conseguiu do seu astado, que parou totalmente, dando-lhe um fim com meia-estocada e descabelhou. Não leva nada de Madrid.

#Praça de Toiros de Madrid

7ª Corrida de San Isidro.

Dois terços de entrada. 

Toiros de Fermín Bohóquez Domecq.

De bom tipo e pouca cara, nobres, reservados e desinteressantes. 

  • Sergio Galán | silêncio e ovação
  • Leonardo Hernández | ovação e silêncio
  • Juan Manuel Munera | silêncio e silêncio

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