

Tauromaquia indignada concentrou-se no Campo Pequeno, com mais mais de uma centena de pessoas contra a discriminação de que esta área cultural foi alvo.
A tauromaquia, a par do circo, foi a única actividade cultural sem permissão para reiniciar actividade a 19 de Abril.
Tal discriminação levou a que as várias associações do sector, através da Protoiro, organizam-se uma concentração para esta quinta-feira, pelas 11:00, na porta principal do Campo Pequeno.
A Praça de Touros recebe, pelas 20:00, um concerto de Áurea e nesse sentido o sector mostra-se revoltado com o facto de um espaço que é originalmente uma praça de touros, possa receber concertos mas não corridas de touros.
Protoiro destaca “acto simbólico”
O secretário-geral da Protoiro, Helder Milheiro, em declarações ao Infocul, referiu que esta acção “não se tratava de uma concentração massiva, mas de um acto simbólico e por isso deveria ter um número de pessoas mais reduzido”.
Relembrou que “estamos em período de pandemia e temos de ter cuidado com ela”.
“Mas o número de pessoas aqui não é relevante”, destacou.
Sobre os efeitos práticos que espera, deste manifesto/concentração, disse que “acima de tudo pretendemos logo que haja uma posição pública e que seja socialmente reconhecida como tal“.
“Felizmente temos hoje uma cobertura mediática extensiva e por isso claramente com esse efeito conseguiu-se”, congratulou-se.
“Queremos que a sociedade perceba que o sector não admite discriminações porque hoje abrem os espectáculos culturais mas não os espectáculos tauromáquicos”, explicou.
Entende que isto acontece “sem qualquer razão, sem qualquer justificação, um ato absolutamente discricionário”.
“E por isso, quem não se sente não é filho de boa gente. Os sectores precisam de trabalhar, está com problemas financeiros graves e que não pode admitir nenhuma forma discriminação”, acrescentou.
Pede “um tratamento de igualdade, e que todos os cidadãos merecem da parte do Estado, e nós não aceitamos menos que isso”.
Sobre se algum procedimento jurídico poderia ter resolvido a questão, disse que “pensámos nisso, mas o que queremos é que dia 3 seja feita a retoma do sector. Em termos de tempo útil, não nos traria nada em termos jurídicos nos próximos 10 dias”.
“Por isso vamos aguardar até dia 3 e se no dia 3, por acaso, alguém se lembrar de fazer novamente esta discriminação, teremos que pensar na evolução de novos caminhos”, disse ainda.
Cavaleiros estão a passar dificuldades
O cavaleiro Rui Salvador foi um dos presentes nesta acção e em declarações ao Infocul.pt, explicou que “o objetivo é claramente que as corridas comecem a realizar-se”.
Assumiu que “estamos a passar um momento muito complicado”, até pelo facto de terem cavalos, no caso dele são 20 cavalos, “e sei o que me custa sustentá-los com a qualidade necessária”.
“Neste contexto as coisas estão a tomar uma proporção que estão completamente a descambar e eu estou a ficar aflito e tenho a certeza absoluta de que os meus colegas também”, confidenciou-nos.
Realça o facto de a pandemia já durar há muito tempo, com maior parte deste período a resultar em impossibilidade de trabalhar.
Manifestou ainda que esta acção não é contra a empresa gestora do Campo Pequeno, Plateia Colossal, mas sim pelo facto de o Campo Pequeno ser a primeira praça do país e a de maior importância.
Políticos marcaram presença
Destaca-se ainda a presença de vários representantes partidários, nesta acção.
A deputada do PSD, Fernanda Velez; o presidente do CDPS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos; o presidente da Juventude Popular, Francisco Camacho; militantes do PS; representantes do Chega: Nuno Graciano (candidato à Câmara de Lisboa), Pedro Pessanha, Rita Maria Matias, Rodrigo Alves Taxa, Rui Cardoso, Pedro Pinto e Ricardo Dias Pinto; vereador da Câmara da Moita, Luís Nascimento (PSD).
Alguns, poucos, anónimos.
Destacam-se ainda as presenças de toureiros, forcados, empresários e outros agentes da tauromaquia.
A imprensa esteve fortemente representada, com destaque para as estações de televisão.
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso/Infocul.pt