V.N. Barquinha: Noite agradável e três destaques na corrida de touros que celebrou o 170º aniversário do tauródromo local.


Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso
A Praça de Touros de Vila Nova da Barquinha recebeu, esta sexta-feira, uma corrida de touros com o cartel a ser composto pelos cavaleiros João Moura Caetano, Marcos Bastinhas, Duarte Pinto, Andrea Romero, Parreirita Cigano (que substituiu António Ribeiro Telles Filho, por motivos de doença, segundo comunicado afixado junto das bilheteiras da praça) e Luís Rouxinol Jr., bem como os Forcados Amadores de Tomar, Chamusca e Académicos de Coimbra. Os touros lidados foram da ganadaria de São Torcato.
A corrida celebrou os 170 anos do tauródromo, o mais antigo de Portugal, se considerarmos a sua traça original, contando com dois terços fortes da lotação preenchida.
João Moura Caetano foi fortemente condicionado pelo touro que lhe calhou em sorte. O touro cedo fraquejou, caindo na arena várias vezes, denotando pouca força. Destacar, enquanto esteve em praça, a boa brega e desenho das sortes, reuniões harmoniosas e com um toureio aprumado e de fino recorte, todo ele muito templado, provando mais uma vez o extraordinário momento que atravessa.
Pega concretizada ao primeiro intento pelo grupo de forcados amadores de Tomar, com David Gonçalves como forcado da cara.
Marcos Bastinhas enfrentou um touro reservado, com algumas querenças, mas conseguiu contornar as dificuldades e sair sob aplausos. Dois bons ferros compridos e um primeiro curto de boa nota. Um violino que resultou muito bem. Numa segunda fase, apostou mais na espectacularidade, com dois ferros de palmo, culminando coma um par de bandarilhas pelo corredor. Público em êxtase e triunfo no bolso.
Hélder Delgado, pelos amadores da Chamusca, concretizou a pega ao terceiro intento.
Duarte Pinto foi autor de uma lide infeliz. Um toureiro clássico, que já por várias vezes provou o seu valor, mas na Barquinha esteve muito distante do que pode, sabe e deve fazer. Um touro complicado, mal visto, que se atravessava uma barbaridade, mas em que Duarte também não esteve feliz nas suas acções, com as reuniões a resultarem todas a cilhas passadas e nada estéticas. Há noites assim… Uma lide brindada a Rui Salvador, cavaleiro presente na bancada.
Francisco Gonçalves, pelos Académicos de Coimbra, concretizou a pega ao terceiro intento e com ajudas carregadas.
Andrés Romero brindou a lide a Rui Salvador. O rejoneador espanhol efectivou uma actuação vibrante. Consegui bons momentos de lide, com destaque para o desenho das sortes, reuniões e remates das mesmas. Três ferros com sortes desenhadas com batida ao píton contrário e reunião ajustada, duas em que deixou o touro vir, aguentou a investida, carregou a sorte e saiu de forma limpa e ainda mais um excelente ferro desenhado a curtas distâncias, marcaram a actuação. Lide muito aplaudida pelo conclave e com o triunfo no bolso.
Carlos Duarte, pelos amadores de Tomar, concretizou a pega ao segundo intento.
Parreirita Cigano teve por diante um touro com mais mobilidade que aquilo que até então tinha ocorrido na corrida. O cavaleiro esteve em pleno positivo, sem alardes de triunfo. Três ferros curtos de boa qualidade, numa actuação esforçada e digna.
Gustavo Rodrigues, pelos amadores da Chamusca, concretizou a pega ao primeiro intento, com uma execução extraordinária e a aguentar a investida do touro, até o grupo fechar.
Luís Rouxinol Jr. esteve a muito bom nível, na última lide da corrida. Soube entender muito bem o oponente, com uma actuação em crescendo, com sortes frontais, bem desenhadas, reunindo bem e saindo a rematar as sortes. Apenas o primeiro ferro curto foi um pouco “passado”, tendo a partir daí desenhado uma actuação de grande qualidade e sido, a par de Bastinhas e Romero, um dos triunfadores da noite.
Pelos forcados Académicos de Coimbra, João Tavares concretizou a pega ao segundo intento, com uma grande execução do forcado da cara, aguentando bem até o grupo fechar.
De destacar o bandarilheiro João Pedro Silva, da quadrilha de Duarte Pinto. Ontem, em todos os momentos, tudo o que fez, fê-lo bem.
O curro da ganadaria São Torcato saiu bem apresentado, porém díspar de comportamento, destacando-se o sexto touro como o melhor da corrida, tendo o ganadeiro dado volta à arena.
Nesta corrida, esteve em disputa o prémio para melhor pega. O prémio foi atribuído à quinta pega da noite, executada por Gustavo Rodrigues, dos Amadores da Chamusca.
A corrida foi dirigida por José Soares, assessorado por José Luís Cruz. Nuno Massano esteve no cornetim.