Vila Franca: Ciclone Telles, arte de Morante e pujança de Tomás Bastos marcam Colete Encarnado

Vila Franca: Ciclone Telles, arte de Morante e pujança de Tomás Bastos marcam Colete Encarnado, este domingo.

Vila Franca: Ciclone Telles, arte de Morante e pujança de Tomás Bastos marcam Colete Encarnado

Texto: Rui Lavrador
Fotografia: Rute Nunes e Carlos Pedroso

A Praça de Touros Palha Blanco acolheu, este domingo, a tradicional corrida de touros integrada nas festas do Colete Encarnado, em Vila Franca de Xira.

Actuaram os cavaleiros Manuel Telles Bastos (que substituiu o anunciado João Salgueiro, por motivos de doença), João Ribeiro Telles, o matador Morante de la Puebla e a apresentação em público do novilheiro Tomás Bastos. Lidaram-se touros de Alves Inácio (a cavalo), dois de Garcia Jiménez e um novilho de Calejo Pires.

As pegas ficaram a cargo dos forcados amadores de Vila Franca de Xira.

Manuel Ribeiro Telles Bastos teve por diante um touro com qualidade, que investiu, perseguiu a montada, nunca desístiu da lide. O cavaleiro apostou no seu estilo clássico, para desenhar uma lide positiva, sem nunca romper em triunfo. Prepara bem as sortes, o desenho da sorte também é por norma bem conseguido, falhando por vezes na reunião, retirando assim valor à actuação.

Pega concretizada ao primeiro intento, pelo forcado Vasco Pereira. Excelente execução, reunindo bem, aguentando os derrotes e o grupo a reagir bem.

João Ribeiro Telles teve uma actuação intermitente. Frente a touro sem grande complicação no que ao comportamento se refere, o cavaleiro alternou entre o bom e o menos bom. Esperou o touro à porta dos curros, destacando-se pela positiva em dois ferros curtos, o primeiro com reunião bem cingida, sendo penalizado pelo exigente público vilafranquense após dois ferros a cilhas passadas e reuniões algo largas.

Pega concretizada ao terceiro intento, pelo forcado Lucas Gonçalves.

Morante de la Puebla enfrentou um touro que foi assobiado na sua saída à arena, devido ao tamanho e peso (460 kg). No tércio de capote destacou-se por verónicas e chicuelinas e pelo meio sofreu aparatosa colhida, sem gravidade de maior mas que o deixou visivelmente debilitado. Morante construiu depois uma faena cheia de conhecimento, “a despacio”, tapando os defeitos de um touro que tentou sempre colhê-lo e que só a muito esforço investiu baixo e mais prolongado. O público reconheceu a elegância, técnica e subtileza do toureiro. Volta muito aplaudida.

A segunda lide de Manuel Telles Bastos esteve aquém do que pode e já se lhe viu fazer no seu percurso. Destaque para o segundo ferro curto, bem preparado, bem desenhada a sortes e reunião cingida. A restante lide merece reflexão. O toureiro precisa de voltar a ter os níveis de confiança de outrora e de soltar-se mais, independentemente da exigência do público.

Excelente pega concretizada ao primeiro intento, pelo forcado Guilherme Dotti.

E depois de ontem triunfar no Montijo, João Ribeiro Telles triunfou hoje em Vila Franca de Xira. Muito boa a sua segunda actuação, frente a um belíssimo touro de Alves Inácio. Recebeu-o em curto e daí partiu para uma actuação de grande nível. Primeiro com sortes frontais executadas com temple e reuniões harmoniosas e depois com o cavalo Ilusionista a fazer saltar o público das bancadas em aplausos sonoros e duradouros. Três ferros com forte batida ao píton contrário, público em êxtase e triunfo no bolso.

Pega concretizada ao primeiro intento por Rafael Plácido, destacando-se a firmeza do forcado da cara, mesmo com o touro a mudar a rota.

Morante de la Puebla enfrentou um touro com pouco por aproveitar. O matador esforçou-se, empenhou-se, tentou sacar água de um poço seco. Ficou a vontade, faltou o resto.

Por fim, Tomás Bastos. O menino esteve crescido, sempre em pose toureira e com vários momentos de grande qualidade. No capote brilhou por verónicas, com uma série delas de profunda estética e profundidade. Nas bandarilhas, cravou três bons pares, levou uma voltareta mas rapidamente levantou-se firme. Na muleta, faena prolongada, por ambos os pitons, destacando-se duas séries soberbas. Tomás tem alma e entrega em doses muito generosas e qualidade que pode e deve ser potenciada. Com passos seguros e sem pressas.

Os touros de Alves Inácio cumpriram em comportamento, apesar de pequenos para a praça em questão, fugindo um pouco ao que Vila Franca gosta. Os touros Garcia Jiménez foram díspares de comportamento e também sem excesso de peso. O novilho de Calejo Pires permitiu a Tomás Bastos mostrar-se.

Corrida dirigida por Lara Gregório de Oliveira, assessorada por Jorge Moreira da Silva e com José Henriques no cornetim.

A praça registou lotação esgotada, segundo foi anunciado pela empresa Tauroleve.

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