Foto: Toureio.pt

O Ministro das Finanças, Mário Centeno, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciaram a promulgação do orçamento de estado para 2020. Dele consta o aumento do IVA para 23% nas Touradas e nesse sentido o Presidente da APET (Associação Portuguesa de Empresários Tauromáquicos), Paulo Pessoa de Carvalho, falou ao Infocul.pt sobre o impacto desta decisão e ainda o que está a ser preparado, pelos empresários, como resposta.

Paulo Pessoa de Carvalho começou por nos explicar que “na verdade junta-se mais um problema ao já conhecido e infelizmente um problema global de enorme gravidade. No entanto e como foi divulgado pelo sector, um conjunto de ilegalidades no aumento do IVA e muito em breve divulgaremos as acções que estão a ser preparadas e que irão avançar para eliminar esta medida, quer a nível nacional quer a nível europeu. São tempos difíceis os que aí vêm, mas temos que manter um espírito optimista e ter esperança, esperando uma vez mais, que depois da tempestade venha a bonança”.

Sobre se com a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus e o aumento do IVA se poderia assistir a um aumento do preço os bilhetes, revelou que “não é assunto ao qual ainda tenhamos chegado. Ainda irá correr muita tinta, ainda a história vai no primeiro capitulo e terá mais alguns. Se neste momento é prematuro pensar nisso, quanto mais falar”.

Portanto, “terá o sector todo em conjunto, que reflectir e decidir quais os caminhos a seguir, não será apenas a classe empresarial (APET) a tomar as decisões sobre novas práticas ou aumentos de preço, quando o poder de compra baixou. Acho que estamos a entrar economicamente numa desvalorização global e sem saber o seu verdadeiro impacto, dificilmente poderemos traçar estratégias e muito menos fazê-lo a “solo”. Acho por exemplo, que poderá ser um bom momento para a consolidação do cartão aficionado com as suas multi-valências, que além de muitas vantagens para Todos, será também uma das formas do público aceder a bilhetes mais baratos

E aqui aproveitou para elogiar o cartão aficionado lançado pela Prótoiro, através da marca Touradas. “Estamos além da enorme riqueza do que é ter o conhecimento e possibilidade de contactar com o nosso universo aficionado, dentro do cartão aficionado estão a ser estudadas mais opções para reduzir o valor dos bilhetes para os clientes, isso passa por desenvolver o modelo actual do cartão e quem sabe encontremos aqui, um instrumento que de repente e por toda esta tragédia, pode ser uma porta para uma retoma mais rápida e consolidada”, disse.

Sobre o impacto que o aumento o IVA terá no sector tauromáquico, revelou que “neste momento, podemos estimar que esse impacto cifra-se num valor aproximado na casa dos 1,5 milhões de euros”.

Questionado se com o aumento do IVA e com a crise do Covid-19, os empresários ao baixar os custos de um espectáculo, poder-se-ia correr-se o risco de haver uma baixa na qualidade dos espectáculos, Paulo Pessoa foi claro ao assumir de que “naturalmente que esse cenário não pode ser sequer concebido por nós”.

Não é pela conjuntura de repente se agravar, que o bom produto deixa de ser consumido e o mau passa a ser o prato do dia. Na verdade e como disse anteriormente, este é um problema de todo o sector, todos teremos que nos sentar à mesa e re-adequar a nossa forma de estar e de agir perante os “novos tempos” que aí virão. Ter uma espectáculo com má qualidade, será matar o espectáculo!”, acrescentou.

E neste caso, “teremos que olhar para a realidade e todos, mas mesmo todos, fazer um esforço conjunto. Isto não é um problema dos empresários e quem pensar assim engana-se. Isto é um problema de todo um sector, das empresas dos ganadeiros, dos toureiros (cavaleiros, matadores e bandarilheiros) e também de alguma forma se bem que não financeira, dos forcados, terminando em todos aqueles que são prestadores de serviço para a tauromaquia e que ainda são muitos. Posto isto, ou existe um entendimento quanto ao futuro que todos certamente queremos, ou esse futuro não será para todos. Mas quero acreditar, que vamos ser capazes de dar a volta por cima e encontrar o equilíbrio necessário para dizer: Aquilo que não nos matou, tornou-nos mais fortes!

Confrontado com a possibilidade de toureiros e restantes intervenientes terem de rever cachets, explicou que “exactamente como disse antes, neste momento nada mais se pode esperar do que uma verdadeira união entre todos os intervenientes para reforçar o sector, para que saia mais forte desta crise”.

Sobre a possibilidade de os empresários se unirem, de forma mais assídua, na organização de corridas, de forma a reduzir o peso financeiro, disse-nos que “o lhe sei responder exactamente a isso, é um cenário provável em alguma ou outra situação, mas será sempre uma estratégia entre empresas e não com uma interferência directa da APET. Isso ficará ao modelo de gestão de cada um, eu inclusive já tive algumas situações em que isso aconteceu e provavelmente ainda este ano acontecerá. Mas sim, penso ser possível, como lhe digo não como regra, mas talvez com alguma frequência mais do que até aqui”.

Mas este duplo problema (COVID-19 e aumento do IVA) poderá levar ao encerramento de empresas ou que alguns empresários cessem a sua actividade? “Esta também é uma pergunta para a qual não tenho uma resposta evidente, espero que não. Muitos diria que não, eventualmente um ou dois, não mais. Vejo as pessoas conscientes na generalidade e dentro daquilo que é possível da situação que se está a viver, por isso não entram em loucuras nem existe ambiente para isso. Por outro lado como não existem empresas taurinas com um efectivo de trabalhadores que assuste quando os têm, esse problema coloca-se de uma forma menos pesada. Quero acreditar que com esta crise ultrapassada, o que irá acontecer, será uma APET mais forte e um sector mais consciente de cada passo que terá que dar, tornando-o com isso, mais sólido”, referiu.

Paulo Pessoa de Carvalho deixou ainda uma novidade, quando questionado sobre o que estava ser feito para ter o apoio de empresas fora do meio tauromáquico como patrocinadores ou financiadores de espectáculos tauromáquicos, ao revelar que “no âmbito do trabalho conjunto das associações na PRÓTOIRO está a ser desenvolvido um projecto de negócio com marcas muito relevantes e que será da maior importância no curto prazo/médio prazo”.

Até porque , “a tauromaquia tem um capital de negócio interno muito elevado e que tem de ser explorado. É isso que estamos a preparar neste momento de uma forma muito assertiva e concreta. Não há muito mais que desenvolver por agora, até porque outros prioridades se levantam, mas posso concluir este tema, dizendo que há cerca de uma ano que estamos (PRÓTOIRO) a desenvolver um fantástico trabalho neste sentido e que inclusive para 2020 já estávamos em finalização de algumas parcerias, vamos ver com esta situação por quanto tempo esse projecto irá atrasar, mas creio pelo que sei, que logo que haja retoma, estamos em jogo de novo!”, finalizou.

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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