Portugal lidera poucos rankings, e infelizmente os que lidera não são por bons motivos. No caso do índice de perceção da corrupção (IPC) Portugal apresenta uma performance mediana quando comparado com países ocidentais e de características semelhantes ocupando o lugar nº 30 em 180 países analisados pelo transparency internacional, com um índice de 62 em 100, Portugal não tem razões para não considerar a luta contra a corrupção como uma batalha do nosso tempo.
Mas parece que é assim que tem sido, pois no espaço de 7 anos de análises feitas pelo transparency internacional o nosso país não apresenta nenhuma evolução positiva, parecendo relaxar no combate à corrupção.
Hoje assinala-se o dia internacional contra a corrupção e a mensagem que é importante passar é de esperança nos jovens, é de esperança naqueles que são hoje considerados a geração mais qualificada de sempre, aqueles que muitas vezes são vistos como inexperientes e cujas portas se fecham por serem novos de mais. Mas que podem certamente afirmar que experiência em corrupção e afundar um país, isso não têm. E de esperança naqueles que com o seu currículo e capacidades chegam onde ambicionam e não precisam de portas especiais para chegar onde querem.
Lutar contra a corrupção significa lutar contra perdas de investimento, significa lutar contra a desconfiança dos investidores no nosso país. Lutar contra a corrupção significa assinalar como preciosos os impostos que cada Português paga, e por isso utilizá-los com o fim máximo do serviço ao contribuinte. Lutar contra a corrupção é lutar em favor da liberdade e da transparência, é lutar em favor da confiança dos portugueses nas organizações políticas.
E se por vezes a banalização da palavra leva a que percamos a memória do que perdemos com casos de corrupção, então que sirva este dia para consciencialização. Sirva este dia para que os governos e governantes se lembrem que cada vez que a justiça for branda com casos de corrupção, é a todos os portugueses que estão a prejudicar. Sirva esta data para que os governos reforcem a atuação nesta matéria.
Mas lembrar este dia não deve ser um mero formalismo, deve ser indicador de mudança, deve ser o ponto de partida para a elaboração de propostas que visem a proteção do denunciante, o ponto de partida para a criação do estatuto do arrependido. É imperativo que se pensem formas de encurtar os megaprocessos para que a justiça não tarde a chegar, para que a confiança dos portugueses na justiça seja restabelecida, e que sobretudo não se continue a hipotecar o futuro de Portugal.
Combater a corrupção é também olhar para o nepotismo e transparência governativa, é tratar candidatos a dado lugar de igual para igual e não baseado na sua filiação ou círculo de influências, é olhar para o mérito e para o currículo, e escolher aquele que mais pode acrescentar ao invés daquele que mais pode influenciar ou angariar
A corrupção não pode nem deve ser uma luta esquecida porque no dia que assim for, estão esquecidos os Portugueses.
José Coutinho
Presidente da Juventude Popular Distrital de Setúbal