Francisco Silva lança “Turismo e Desporto de Aventura”, referindo que “em geral, o turismo na natureza é um dos produtos turísticos mais acessíveis”

 

 

“Turismo e Desporto de Aventura” é o mais recente livro de Francisco Silva. O autor que é doutorado em Geografia e Planeamento Regional e Urbano (Universidade de Lisboa) e Especialista em Turismo e Lazer (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril – ESHTE), exercendo actividade como Professor Adjunto da ESHTE, onde tem assumido vários cargos. Foi, ainda, Presidente da Associação Desportos de Aventura Desnível entre 1994 e 2008.

 

 

Actualmente é monitor de canyoning da École Française de Descente de Canyon da Fédération Française de Spéléologie e formador em vários desportos aventura, tais como canyoning, montanhismo, escalada e manobras de cordas. Co coordenador e co autor do livro Planeamento e Desenvolvimento Turístico. 

 

 

Esta obra germinou a partir do interesse em actualizar um manual editado, em 2000, pelo Centro de Estudos de Formação Desportiva do Instituto do Desporto de Portugal, que contou com vários autores e foi coordenada por mim. Esse manual teve o mérito de ser pioneiro na temática das manobras de cordas em Portugal e de estar associado a um plano de formação à escala nacional, direccionado para os técnicos das empresas de animação turística. A partir de então, verificou-se uma evolução muito acentuada em Portugal das actividades de aventura direccionadas para o lazer e para a oferta de experiências turísticas, particularmente nas designadas actividades em altura que recorrem a manobras de cordas. Tendo como base a temática dessa primeira obra, considerei importante actualizar os conteúdos e alargá-los a todas as principais actividades com manobras de cordas desenvolvidas pela animação turística”, começou por nos referir sobre o momento em que decidiu partir para a elaboração deste livro.

 

 

Sobre o livro, diz ser “uma obra bastante detalhada onde se apresentam as principais actividades de aventura em altura que recorrem a técnicas de manobras de cordas, com um importante enfoque técnico, apresentação dos equipamentos, das técnicas para instalação e operacionalização das actividades e aspectos associados à segurança, sustentabilidade e qualidade da oferta de serviços. Na parte inicial, é apresentada a caracterização destas modalidades, a sua história, a legislação, normas relevantes e questões associadas à formação e certificação de técnicos. As modalidades apresentadas são a escalada, o rapel, o canyoning e uma multiplicidade de actividades de progressão em altura, como o slide, tirolesa, pontes de cordas paralelas e outras que frequentemente estão integradas na oferta de parques de aventura ou de arborismo. As descrições são acompanhadas por muitas imagens tornando a obra mais intuitiva e apelativa”.

 

 

 

Questionámo-lo se o turismo ainda pode crescer mais em Portugal, tendo Francisco Silva referido que “o direito ao lazer e ao turismo é uma das melhores conquistas da Humanidade, que desejamos que seja estendida a cada vez mais população à escala global, pelo que é expectável que o turismo continue a crescer a um ritmo relativamente acelerado. Segundo as previsões da Organização Mundial de Turismo, o turismo tenderá a crescer a um ritmo superior ao da economia mundial. Acresce que este é um sector muito resiliente, capaz de recuperar rapidamente dos efeitos de crises globais ou de transferir os seus fluxos para outras regiões. Essa transferência de fluxos, por exemplo, ocorreu com a destabilização de vários países do Norte de África, com uma parte deles a beneficiarem o nosso destino. Portugal tem crescido de forma muito acentuada nos últimos anos, sendo expectável uma redução desse crescimento, mas a verdade é que Portugal tem conseguido qualificar a sua oferta, promover uma maior dispersão territorial e fazer crescer a procura fora das épocas altas. Se continua a ser verdade que existe uma forte concentração turística no verão e nos destinos Lisboa, Algarve e Madeira, é de relevar a afirmação de outros destinos como o Porto, o Douro e os Açores, e um trabalho notável de algumas regiões de turismo como o Turismo Centro”, contudo deixa o alerta de que “é necessário continuar a apostar na qualificação do nosso destino para assegurar um crescimento sustentado e investir em infra-estruturas de transporte como o aeroporto de Lisboa e na ferrovia, para que os visitantes nos possam visitar e deslocarem-se sem constrangimentos”. 

 

 

Diz não existir turismo a mais e explica o porquê de defender esta ideia. “O desafio é continuarmos a valorizar esta actividade que é determinante para o desenvolvimento do nosso país. Essa valorização passa tanto por aumentar o fluxo de turistas, como por assegurar um desenvolvimento mais sustentado da actividade. Num mundo cada vez mais global as regiões competem entre si em mercados abertos, levando a uma forte concorrência e à especialização. Como a nossa economia apresenta importantes debilidades estruturais, torna-se ainda mais importante valorizar o turismo. As vantagens vão muito para além das económicas, destacando outras como as sociais, a difusão da nossa cultura, a notoriedade, a reabilitação urbana, a construção de infra-estrutura e equipamentos, etc.  Mas como em todos os sectores, existem impactos negativos, entre os quais a pressão humana em ambientes com capacidades de carga limitadas, maior congestionamento, a especulação urbana e a gentrificação.  Mas a solução não passa por culpar e dificultar a actividade turística, mas antes apostar no adequado planeamento e gestão turística, procurando soluções que envolvam todos os intervenientes, criem medidas de compensação adequadas, antecipem e minimizem os problemas e apostem na tecnologia, inovação e governança para promover um turismo mais “smart”, responsável e de qualidade”.

 

 

 

Em termos de destaques desta obra, exemplifica “a qualidade, a segurança, a sustentabilidade e as experiências turísticas. Ou seja, os conteúdos estão direccionados para o desenvolvimento de competências técnicas e operacionais importantes para o sector da animação turística poder oferecer experiências turísticas de grande valor emocional, com segurança e assegurando a uma prática responsável. Os praticantes autónomos e associativos podem igualmente utilizar esta obra como manual, encontrando muita informação que lhes permite desenvolver uma prática mais segura e diversificada”. 

 

 

 

Em geral, o turismo na natureza é um dos produtos turísticos mais acessíveis, por exemplo caminhar ou escalar em ambiente natural na proximidade da área de residência tem custos muito baixo, pois os equipamentos são, em geral, gratuitos e com baixos custos de manutenção. Compare-se uma piscina ou um ginásio, com um trilho pedestre ou uma parede natural de escalada. Mas, tal como todos os outros produtos turísticos, também pode ser caro, se nos deslocamos para longe, e existem actividades mais onerosas como são muitas das aéreas, o mergulho, ou o esqui de pista. Existem ainda algumas actividades na natureza e de aventura excepcionalmente caras como, no limite, a ascensão ao monte Evereste, nos Himalaias, ou do Vison, na Antártida. Porém, a maioria das actividades e locais de prática são muito acessíveis. Mesmo considerando que se recorre a actividades prestadas por empresas de animação turística, existem experiências para todos os gostos e com custos muito diversificados”, diz-nos sobre a acessibilidade financeira ao público, dos programas que englobam turismo, desporto e natureza.

 

 

Este livro dirige-se a todos os praticantes individuais e técnicos, associativos ou empresariais, de desportos e actividades de animação turística na natureza que recorram a manobras de cordas. A segurança e as técnicas envolvidas nestas actividades são muito diversificadas e, em alguns casos, complexas. Sendo actividades de risco acrescido, o bom conhecimento técnico e dos factores de risco são essenciais para uma prática responsável e segura e estes são os enfoques e os principais contributos que esta obra visa alcançar”, diz-nos sobre o público alvo desta obra.

 

 

Já sobre os desafios na escrita e organização do livro, destaca “a diversidade de temas, que envolve várias atividades e áreas nomeadamente do desporto, do lazer e do turismo e o facto de não existir muita informação sobre alguns dos conteúdos e a rapidez da evolução em termos de equipamentos e técnicas disponíveis. Outro dos desafios foi o dotar a obra de um conjunto muito alargado de figuras que conseguissem ilustrar de forma clara os aspetos mais relevantes de cada situação”.

 

 

O livro já se encontra no mercado, tendo sido editado pela LIDEL.

 

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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