“Vidago Palace” vai ser uma das grandes apostas da RTP para os serões de 2017. A mini-série de seis episódios é uma co-produção com a Corporación de Radio-Televisión de Galicia (CRTVG) ,a primeira realizada pelas duas televisões, e marca a continuação da aposta da estação pública portuguesa no formato de séries para serem emitidas no horário nobre. O protocolo para a realização deste projecto foi assinado no passado dia 6 de Junho, no Porto.
Daniel Deusdado explicou que a parceria nasceu pela dinâmica privada. “Este projecto nasce pensado para um canal português com o apoio do Instituto de Cinema e Audiovisual (ICA). A partir do momento que ganhou o apoio do ICA, a RTP complementa o orçamento. Depois o Henrique (Oliveira) vai para o mercado à procura de uma co-produção na Galiza e nós associámo-nos imediatamente e fizemos as sinergias com a TV Galiza para tentar conjugar a exibição e para criarmos aqui uma relação mais estreita com a Galiza, que até agora não estava a funcionar“, elucidou o director de programas.
Segundo Daniel Deusdado: “Vidago traz um standard que se sobrepõe à média que está em antena“. Actualmente, de terça a sexta-feira, podem ser vistas inúmeras séries no prime-time da RTP. Com “Boys”, “Dentro”, “Mulheres assim” e “Miúdo Graúdo” a entrarem na recta final de exibição, o canal tem programada para o inicio de 2017 a estreia da série “Ministério do Tempo”, que é uma adaptação de um formato espanhol.
Já o segundo semestre do próximo ano vai ficar marcado pela estreia da co-produção luso-espanhola “Vidago Palace”.
“A criação de uma indústria de séries no audiovisual é uma produção contínua e nós achamos que a SIC e a TVI não têm a obrigação de apostar neste tipo de formato“, fala o responsável pelos conteúdos do canal.
As gravações desta série estão a acontecer no Município de Chaves, mais propriamente em Vidago. A pacata aldeia recebe, desde o dia 03 de Outubro e até ao final do mês de Novembro, a equipa está envolvida nesta produção que é pioneira no mercado audiovisual português.
Com as gravações ainda a decorrerem, a produtora galega Portocabo já conseguiu vender a série para o canal italiano RAI e para uma televisão polaca.
O Infocul acompanhou as gravações deste drama romântico. “Vidago Palace” é da responsabilidade de Henrique Oliveira. O realizador também é co-produtor desta série e já tinha colaborado com a RTP em produtos de sucesso como foram as séries “Major Alvega”, emitida nos anos 90, e mais recentemente “Mulheres de Abril”. Neste trabalho volta às histórias de época.
O horizonte temporal de “Vidago Palace” centra-se no verão de 1936. Este verão ficou marcado por acontecimentos que influenciaram, directa ou indirectamente, o modo de vida das populações de ambos os lados da fronteira. A cultura portuguesa e galega tem muitos pontos em comum mas, se no lado espanhol havia a guerra civil com a morte de milhares de espanhóis, tendo esta guerra servido como espaço de teste para a aviação nazi, a Luftwaffe. Já em Portugal vivia-se numa ditadura mas o luxo e a opulência marcavam os salões do Vidago Palace.
Fora da Península Ibérica, mais precisamente na Alemanha nazi, Adolf Hitler inaugurava a XI olimpíada de verão, em Berlim. A acção da série começa com a inauguração dos jogos (01 de Agosto) e finaliza-se no último dia das provas (15 de Agosto) que ficaram marcadas por Jesse Owens, que ganhou quatro medalhas de ouro num dos mais emblemáticos episódios da história dos Jogos Olímpicos.
Estes são os factos históricos que fazem parte desta produção. A RTP, depois do sucesso que foi “Conta-me como foi” ou “Bem-Vindos a Beirais”, decidiu mudar o modelo de produção de conteúdos e cada vez aposta mais em conteúdos feitos em Portugal, mesmo que estes impliquem mais trabalho e custos. ” É mais fácil quando compramos no estrangeiro“, diz Daniel Deusdado.
“Vidago Palace”, para além do ambiente de luxo que serve como cenário para esta série, vão poder ser vistos alguns dos actores mais renomados dos dois países. A aposta cada vez maior da RTP no formato de séries fez com que alguns responsáveis dos canais concorrentes acusassem a televisão estatal de investir num produto de luxo que não tem tanta adesão da parte do público como nas telenovelas. A estas críticas do director de programas responde: “A questão para nós é muito simples: o que é absolutamente mais estratégico que a RTP faça em Portugal? É que crie conteúdos inovadores, que sejam o reflexo do nosso tempo, que mostre um determinado passado ou que tenham uma história, como é o caso de Vidago Palace, e que constituam a memória de um país“. Daniel Deusdado acredita que o público vai ter que ter um período de habituação a este tipo de produtos mas que esta é uma aposta ganha.
A RTP já teve várias produções de época como:” Os filhos do rock”, “Mulheres de Abril”, “Conta-me como foi”, “E depois do adeus”, “Ballet Rose” ou “Bocage” foram algumas das séries que a estação teve e que abordavam momentos ou figuras importantes da história nacional. O ano de 2017, onde comemora-se os 60 anos de existência da primeira estação televisiva em Portugal, traz mais duas séries históricas. ” Ministério do Tempo”, a primeira a chegar aos ecrãs no início do ano.
“Vidago Palace” tem agendada a sua estreia para depois de Setembro no prime-time das segundas-feiras. Mas antes da tão aguardada estreia, os actores e equipa técnica estão a finalizar as gravações das últimas cenas. As gravações iniciaram-se no dia 3 de Outubro mas o período de pré-produção começou dois meses antes.
Mikaela Lupu, Margarida Marinho, Almeno Gonçalves, Beatriz Barosa, Pedro Barroso, David Seijo, Custódia Gallego, Maria Henrique, João Didelet, Bruno Schiappa, Pedro Mendonça e José Mora Ramos são alguns dos actores que compõem o elenco desta coprodução entre a RTP e a Corporación Radio e Televisión de Galicia (CRTVG).
Durante cinquenta minutos semanais vão recuar até ao verão “quente” de 1936. Em Espanha estava a acontecer uma guerra civil sangrenta. Em oposição, pelo luxuoso Vidago Palace Hotel, inaugurado em 1910, passavam algumas das famílias mais ricas e distintas da sociedade portuguesa da época. Em 1936 foi inaugurado o campo de golfe que contou com a presença do Marechal Carmona, que era o presidente em exercício na altura.
Mas esta não é uma série que retrata apenas momentos históricos ou as desigualdades sociais da época. Tudo começa e acaba na história de amor de Carlota e Pedro. Ela é portuguesa e filha dos condes do vimieiro. A moça está de casamento marcado com o jovem César Augusto. Quando as famílias se dirigem para o Palace, Carlota encontra Pedro e coloca tudo em causa. O trio de protagonistas é composto por Mickaela Lupu, Pedro Barroso e David Seijo, que fez uma das personagens principais de “Cuéntame cómo pasó”.
Para além do núcleo de protagonistas, uma das personagens que promete dar muito que falar nesta história é a personagem de Margarida Marinho que volta dez anos depois a uma série da RTP. O seu último papel tinha sido o de condessa de Oyenhausen na série “Bocage”, que foi protagonizada por Miguel Guilherme e foi nomeada para uma das melhores séries europeias no ano de 2006 no Festival de Cannes.
“A Benvinda de Fátima é um bombom que o Henrique (Oliveira) me ofereceu, é uma personagem maravilhosa. É uma personagem muito emocional, mas ao mesmo tempo é uma leoa no que toca aos filhos“, conta Margarida Marinho sobre a sua personagem que promete abalar as mentalidades mais puritanas das outras personagens presentes no hotel.
O hotel e todo o espaço envolvente funciona como um dos principais intervenientes da história, já que é o elo de ligação entre as diferentes personagens. Para todos os intervenientes na produção é um luxo gravar em tais condições. “Estamos num espaço com uma beleza, uma dignidade que não tem preço. Conseguir isto é um momento único. Temos um texto que é o primeiro lançamento para nós actores, que tem uma qualidade impar. Nós chegamos aqui e temos é que fazer o nosso trabalho“, conta a actriz.
O amor e a guerra serão as palavras-chaves desta trama. “Vidago Palace” pode ser comparada a uma “Downton Abbey” latina.