Lisboa foi a cidade escolhida para a apresentação da 15ª edição o Festival Terras sem Sombra, esta quinta-feira. A Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento foi o palco para anuncio das novidades desta edição, que terá os Estados Unidos da América como país convidado.

O festival continua a explorar três vertentes: música, património e biodiversidade. Se durante anos se intitulou como o festival de música sacra do Baixo Alentejo, agora expande geografias e realizar-se-á em mais localidades.

Este ano o tema é “Sobre a Terra, sobre o Mar – Viagem e Viagens na Música (Séculos XV-XXI)” e que tem, também, como objectivo destacar duas efemérides: os 550 anos do nascimento de Vasco da Gama, que teve Sines por berço, e que se celebram em 2019 e, um pouco por todo o país, iniciam-se, as comemorações do V centenário da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.

O festival anunciou cerca de 50 actividades, entre concertos, conferências, visitas guiadas ao património e acções de biodiversidade. Além da sua geografia tradicional (o Baixo Alentejo e o Alentejo Litoral), o evento chega agora ao Alto Alentejo e o Alentejo Central. Por outro lado, reforça também a vocação ibérica, com actividades em dois concelhos da Extremadura espanhola, com profundas ligações a Portugal.

É assim, desde 2003, com uma persistência que se tornou felizmente normalidade: um Festival de música, mas também da terra alentejana, um Festival do património, mas também da diversidade, ou seja, de memória, conhecimento, divulgação, e de brio.” escreveu Marcelo Rebelo de Sousa no texto de apresentação desta edição o festival.

 

Na apresentação foram reveladas, em traços gerais, as novidades e actividades que integram a programação deste ano, que passará por Vila de Frades, Serpa, Monsaraz, Valência de Alcântara (Espanha), Olivença (Espanha), Beja, Elvas, Cuba, Ferreira do Alentejo, São Martinho das Amoreiras, Barrancos, Santiago do Cacém e Sines.

Em declarações ao Infocul, o director-geral do festival, José António Falcão, revelou que a ideia de alargar o festival ao Alentejo Central, Alto Alentejo, Alentejo Litoral e Espanha, “protagonizou-se o ano passado em que já alcançámos o Alto Alentejo, curiosamente por sugestão da Direcção Regional de Cultura e das próprias entidades de turismo quer o Turismo do Alentejo quer a Agência Regional de Promoção Turística, indicaram que era necessário explorar novas frentes e possibilidades, até porque estamos a falar de terras que tem uma grande tradição musical, portanto fazia sentido aproximarmos-nos a essa realidade. Espanha resulta de um outro desafio, um pouco inesperado, nós trabalhávamos já com Espanha mas nunca tínhamos feito programação com concertos regulares e foi o próprio governo da Estremadura que nos lançou este desafio. Já existe uma colaboração, nomeadamente no âmbito turístico e eles acharam que era importante ampliá-la, também, para a vertente cultural”.

Sobre o facto de ter os Estados Unidos da América como convidado, explica que “além de uma potência óbvia, em outros aspectos, é um país extremamente importante para a música contemporânea e podemos dizê-lo para a música moderna em geral”, acrescentando que “apresenta vanguardas que tem uma influência global”.

José António Falcão explicou ainda que este convite aos Estados Unidos da América “abre-nos logo a porta a intérpretes solistas e agrupamentos de primeiríssima ordem que seria difícil, noutras circunstancias, conseguir trazer até Portugal”, e ainda “perceber de que forma o Alentejo se pode internacionalizar e ser palco de experiências artísticas inovadoras”.

Questionámos o motivo porque Évora, que candidatar-se-á a Cidade Europeia da Cultura 2027, não constava deste alargamento do festival, tendo o director do festival dito que “Évora está sempre no nosso coração, até pela sua escola de polifonia, é uma cidade que merece muita atenção. O Terras sem Sombra tem programado música da escola de Évora ou tem colaborado com artistas, que trabalham ou são oriundos de Évora, ao longo dos vários anos e assim sucede este ano. Na verdade, Évora já tem uma oferta cultural muito significativa, portanto há outros locais que precisam mais, neste momento, da nossa colaboração no que diz respeito a concertos, actividades de património cultural ou biodiversidade. Agora, estamos atento a esta realidade de 2027 e daremos a Évora toda a colaboração necessária para que ela seja o nosso rosto mais visível como região”, antes de acrescentar que “onde nós fazemos verdadeiramente falta é em localidades mais pequenas ou pelo menos localidades que têm estado um bocadinho marginalizadas, eu penso muito em terras como Arronches, Nisa, Estremoz, Montemor-o-Novo, Alcácer do Sal, ou se quisermos descer um pouco mais, a terras que mesmo no Baixo Alentejo, nunca receberam o Terras sem Sombra, ou pelo menos não o fazem desde longos anos, como é o caso de Ourique, portanto é essencial esta rotatividade. E gostávamos muito, também, que alguns concelhos que por diversas circunstancias não têm participado, pudessem regressar sendo que o Terras já atingiu uma estrutura que não é possível ampliá-la muito mais”.

 

 

A directora-executiva do festival, Sara Fonseca, revelou que também o orçamento alargou, “temos um orçamento de 248 mil euros que eu diria são muito espartilhados. Como nós não temos nunca a verba global, nós tentámos fazer um esforço imenso de contenção e portanto este é o orçamento mínimo de 14 fins-de-semana percorrendo Portugal e Espanha”.

Acrescentou ainda que “esta edição bem como a anterior, contamos com o apoio da DGArtes. Concorremos ao concurso que a DGartes abriu em 2018, fomos contemplados. Fomos o segundo classificado na música e tivemos, salvo erro e peço desculpa de não ser exacta mas é público e fácil de ver , de 37 mil euros e em 2019 e 51 mil euros vírgula qualquer coisa”, deixando ainda críticas a algumas empresas do território alentejano que não apoiam e revelando que o festival sofre do “estigma de ser um pequeno festival no Alentejo”, certa de que se o festival fosse em Lisboa teria outra atenção.

 

 

Toda a programação do festival pode ser consultada aqui .

 

 

O produto do ano no Terras sem Sombra é o Espumante. Um espumante da Vidigueira e com casta Adão Vaz. O espumante é produzido pela Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito, e José Miguel Almeida, responsável pela Adega, descreveu ao Infocul o espumante e revelou as novidades da Adega para 2019.

 

 

 

 

Fotografias: Arlindo Homem

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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