“Canções de Roda, Lenga Lengas e Outras que Tais” é o disco, e projecto, que junta Ana Bacalhau, Jorge Benvinda, Vitorino e Sérgio Godinho, recuperando e dando nova roupagem musical a temas que atravessaram diversas gerações e que marcaram a infância de muitos.
Ana Bacalhau concedeu entrevista ao Infocul, na qual fala sobre o projecto, os desafios, as gravações, o que fica e prolongar-se-á deste encontro musical e também um novo disco em nome próprio.
A selecção os temas foi da responsabilidade dos músicos, sendo que três deles também contam histórias no disco, destacando-se ainda as ilustrações da Cláudia Guerreiro.
Quando surgiu a ideia para este projecto?
Foi em 2016, quando o António Miguel Guimarães nos convidou para um concerto no dia das crianças, no Festival O Sol da Caparica. Organizámos o reportório, ensaiámos e o concerto correu tão bem, que decidimos avançar para disco.
São canções de sempre e que agora ganham uma nova vida?
São canções que passaram de geração em geração e estamos agora de certa forma também a ajudar a passar estas canções a uma nova geração de ouvintes de música, sim. Pelo menos, tentámos deixar a nossa leitura destas canções, que já tiveram várias versões e várias vidas ao longo de tantos anos.
Quais os maiores desafios na gravação deste disco?
Que fosse um bom disco para um dos públicos com maior sentido crítico que existe: as crianças.
Quando era mais nova quais as canções que mais lhe cantavam e quais as que mais gostava?
Gostava muito da “Oliveira da Serra” e da “Tia Anica”.
Qual o tema que a menina Ana colocaria aqui, dos que não estão no alinhamento?
A minha mãe costumava cantar-me “Naquela Linda Manhã” e o “Frère Jacques”.
Qual o tema que a cantora Ana Bacalhau mais gosta deste disco?
É difícil dizer, porque tenho uma relação afectiva muito grande com quase todos. Mas talvez o “É Tão Bom”. Foi marcante para a minha geração e traz-me as melhores memórias.
Como foi trabalhar com o Samuel, o Sérgio e o Vitorino?
Foi maravilhoso. Aprendi muito e ri-me muito. O ambiente não podia ser melhor e estou ansiosa por ir para a estrada com eles.
Este encontro de gerações semeou mais do que este disco?
Para já, apenas este disco. Mas, certamente, laços de amizade unir-nos-ão sempre, espero.
O que é que a geração mais nova aprendeu com a geração mais antiga?
A atenção à palavra, a importância de cada elemento na música e o respeito por aquilo que se está a cantar.
E o que é que a geração mais nova trouxe a temas que fazem parte da nossa tradição?
Memórias do recreio e aquela meninice que nunca morre dentro de nós.
Este disco vai ter espectáculos ao vivo? O que já pode ser revelado?
Sim, vamos fazer alguns concertos com este disco. Já há alguns marcados e iremos começar a ensaiar em breve.
Qual a importância deste projecto ao recuperar as canções de sempre e que são intemporais?
Penso que será uma proposta de um objecto que não é só musical, mas também visual e literário, por conta das ilustrações da Cláudia Guerreiro e das histórias que escrevemos e contamos no disco.
Este tem sido também o percurso de Ana Bacalhau, um pé na tradição e outro na contemporaneidade. O que trará 2019 ao seu percurso?
Trará canções novas e, talvez, novo disco. Algumas parcerias e, espero, muitos concertos e muita estrada.
Qual a mensagem que deixa aos leitores do Infocul?
Nunca cresçam completamente. Os adultos são uma seca!