A Praça de Touros Dr. Ortigão Costa recebeu, este domingo, um festival taurino.
Numa tarde de tempo invernoso e em que a chuva e frio ditaram leis, estiveram em praça, os cavaleiros Gilberto Filipe, António Brito Paes, David Gomes e Mara Pimenta e os novilheiros João Diogo Fera e Diogo Peseiro. Pegaram os Forcados Amadores da Azambuja. Lidaram-se touros de diferentes ganadarias.
Gilberto Filipe abriu função frente a um astado da ganadaria Lampreia. O cavaleiro, exímio equitador, levou a cabo uma actuação alegre. Sortes diversificadas que agradaram ao público, tendo terminado a sua actuação com um violino e um ferro cravado em terrenos ‘cambiados’. Actuação positiva a abrir a tarde, na Azambuja.
António Brito Paes enfrentou um novilho da ganadaria Passanha. Uma actuação positiva, com claro destaque para o primeiro ferro curto, em sorte cingida. Uma actuação a pedir para o vermos mais vezes. É um cavaleiro muito pouco falado e por vezes até esquecido, mas em que ficamos sempre com a sensação que com uma sequência de actuações e maior presença nas praças de touros, pode dar algo de diferente à tauromaquia nacional.
David Gomes teve por diante um touro da ganadaria Lampreia. Uma actuação resiliente e na qual demonstrou capacidade de se sobrepor ao seu oponente. Boa concepção de Toureio e duas cravagens, nos ferros curtos, a destacarem-se.
Mara Pimenta é uma cavaleira que facilmente cria ligação com o público. Na Azambuja, a cavaleira desenvolveu uma actuação alegre e com sortes diversificadas e em permanente ligação com o conclave.
Pelos Amadores da Azambuja foram à cara, João Bernardo (1ª tentativa), Diogo Nuno (2ª tentativa, numa excelente execução naquela que foi a sua estreia), Rui Mogas (2ª tentativa) e Rúben Santos foi dobrado, após quatro infrutíferas tentativas e saindo lesionado. O forcado da cara que o substituiu, pegou à primeira tentativa efectiva.
João Diogo Fera esteve com arte na sua actuação. Mais, promoveu e desenvolveu uma faena artística com a muleta. Boas séries, templadas, a que faltou em alguns momentos baixar ligeiramente a mão, levando assim o touro a ‘humilhar’ mais. Teve por diante um touro colaborante da ganadaria de Paulo Caetano. No capote esteve correcto e os bandarilheiros executaram com correcção o terço de bandarilhas.
Diogo Peseiro enfrentou um touro da ganadaria de Mata-o-Demo. Bem a receber à porta gaiola. Bem nas bandarilhas e na muleta apenas passes sem sequência e uma faena encurtada. Foi responsável pela actuação mais desluzida da tarde/noite.
Em disputa estavam prémios para as melhores lides a cavalo e a pé. O júri decidiu premiar todos os intervenientes do espectáculo, pelo facto de todos terem estado à altura do desafio de actuar numa tarde de condições climatéricas adversas e num piso que criou dificuldades acrescidas.
Destaque para dois brindes feitos a Paulo Caetano. O cavaleiro tauromáquico, que celebra 40 anos de alternativa, foi brindado pelo cavaleiro David Gomes e pelos forcados da Azambuja. o público tributou-lhe a maior ovação da tarde!
O piso estava em frágeis condições e foi por diversas vezes ‘remendado’.
Corrida dirigida por Marco Cardoso, assessorado por José Luís Cruz.
A temporada tauromáquica chegou, assim, ao fim em Portugal. Uma temporada curta, difícil, trabalhosa mas que nos deve deixar a pensar em como melhorar os pontos menos positivos que nela ocorreram e a valorizar os bons. Que o defeso seja bom conselheiro, de modo a termos uma temporada 2021 em grande nível e com a classe que a tauromaquia merece e exige!
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: Rute Nunes e Carlos Pedroso