C4 Pedro tem novo disco, ‘The Gentleman’, contando com as participações especiais de Anselmo Ralph, David Carreira, Dino d’Santiago, Mr Eazi, Mr Marley e MC Zuca. O músico angolano conversou com o Infocul sobre este novo disco…e fez uma declaração de amor à sala mais simbólica, para si, em que actuou em Portugal.
Para C4 Pedro, um Gentleman é “um cavalheiro que cresceu e percebeu que há aspectos muito importantes na vida. É importante conquistar o mundo, mas primeiro é preciso nos auto-conquistar, é preciso conhecer-nos. Temos de nos conhecer e aceitar como tal e obviamente melhorar todos os dias. Porque na verdade foi o trabalho que fiz comigo próprio, mais vale ser um cavalheiro rei do que um rei não cavalheiro”, fazendo assim a ponte para o seu disco anterior, King Ckwa.
Destaca que todo este processo deve-se a “esta fase da minha vida, a tudo o que aprendi nos últimos anos, portanto ‘The Gentleman’ tem um C4 Pedro bem mais maduro”.
A caminho dos 13 anos de carreira, C4 Pedro diz que “descobri o artista muito cedo, o profissional é que descobri mais tarde. Eu já me via como grande artista desde há muito tempo, até mesmo quando as pessoas à minha volta, a minha família, dizia que ainda faltava muito para o ser”.
E embora destaque a família “tinha razão”, revela também que nessa altura “já tinha as minhas ideias bem no lugar, fixas, já sabia o que queria. Só não sabia ainda como o fazer…”
Por isso, assume que ao longo do percurso foi “treinando duro, melhorando, até ao momento em que senti que já era um profissional, que já conseguia analisar outros músicos e fazer críticas analíticas e foi aí, quando senti que já estava pronto, que nunca mais recuei”.
A escolha dos convidados, para este disco, tem muito a ver “com as músicas… Imagina, eu faço uma música e vou imaginando…Qual é a voz que se enquadra aqui?”.
Houve um momento em que se apercebeu que neste disco “não tem nenhuma participação feminina,. Isto é mesmo um puro álbum ‘Gentleman’, é de cavalheiros. Dos homens para as mulheres”.
Dando um exemplo concreto: “Quando eu fiz a música ‘Nha Rainha’ que tem a participação do Dino D’Santiago, tinha de ser ele. Fazia todo o sentido. O desafio de cantar em crioulo também, foi feito também por um músico cabo-verdiano. Era algo que eu também queria, e até por ter sido produzida por franceses, colocar também a língua francesa e portanto foi um casamento perfeito”.
Quando questionado se este seria o seu melhor disco, disse-nos que “este é o disco mais internacional”. “Imagina, tu podes pegar num disco e achar que funcionaria bem naquele mercado, este naquele, e assim sucessivamente. Este é aquele disco em que sei que será aceite em qualquer parte do mundo”.
Sobre o público que este disco poderá conquistar falou do “público anglo-saxónico, o público inglês e também o público francófono. Por isso coloquei várias músicas em inglês, várias, e coloquei o francês bem presente”.
Considera que “Portugal, já posso dizer, é um mercado conquistado. A partir do momento em que consigo fazer 4 anos de tour pela Europa, sem necessidade de fazer um espectáculo em Angola, é prova de que existe já um mercado. Aqui, já fiz as salas mais emblemáticas, esgotei as salas e isso acontece quando tu tens um verdadeiro carinho por parte dos fãs”.
“Seria muito ingrato se não reconhecesse isso. O carinho que recebi quando cheguei, aquando da minha internacionalização, foi muito grande e hoje é bem maior”, acrescentou.
Para C4 Pedro, o disco perfeito é “aquele que quando tu fechas, não esperas que alguém venha dizer que está bom ou que a ordem dos temas está boa ou as participações são as ideais. É quando tu fechas o álbum e dizes ‘Ya, é exactamente isto que eu queria fazer’”, assumindo que “foi isso que aconteceu com este”.
O público de C4 Pedro é, maioritariamente, feminino. Contudo tem também muitos homens a segui-lo. Daí desafiámos C4 para uma pergunta invertida. Sendo ele um Gentleman, um sedutor e apreciador da beleza feminina, como encara ver um homem a segui-lo e a saber todos os seus temas.
Para C4 Pedro, “é especial! Porque a maior parte das minhas músicas são feitas para as mulheres. Mas a verdade, por detrás de todas essas verdades, é que os homens, o público masculino, também precisa de ter músicas para dedicar”.
“Uma grande curiosidade, comigo, é que nas redes sociais, e falando do Instagram, eu tenho mais seguidores homens. Quando descobri isto fiquei de boca aberta…pela positiva. Porque o público feminino eu já sei que o tenho, mas quando vejo que tenho mais homens a seguir…é muito bom”, acrescentou.
Desafiámos ainda C4 Pedro a revelar quais as salas que gostaria de actuar na digressão que agora iniciará com este novo disco. “Este álbum merece passar por várias salas. O Coliseu [dos Recreios] é especial. Mas para mim o Coliseu é aquelaa sala em que se tem de fazer totalmente acústico, é especial…”, começou por nos dizer, tendo nós questionado se actuar naquela sala era como fazer amor… e C4 Pedro não fugiu à pergunta e disse mesmo que “sim, como a primeira vez…Porque precisas de contar a alguém, nunca te esqueces!”.
Recordou que “esgotei o Campo Pequeno, enchei a Altice Arena mas nunca me esqueci do primeiro amor. Aliás a sala que viu chorar duas vezes, primeiro em 2013 e agora em 2019, foi o coliseu. Não aconteceu em mais nenhum sítio. Já tive 80 mil pessoas à minha frente e não aconteceu. Ali é verdade, acho que a palavra é essa: Verdade”.
Mas deixou ideia que gostaria de voltar “ao Campo Pequeno, é uma boa sala para a festa”.