Carlos Leitão actuou, esta quarta-feira, pela primeira vez em nome próprio no Museu do Fado, em Lisboa. Perante sala cheia, o fadista interpretou temas dos seus dois discos, com destaque para o último, “Sala de Estar”, ao mesmo tempo que foi desfiando memórias.
Recebido com aplausos, e após interpretar dois temas, as primeiras palavras foram com aromas do Alentejo, região muito querida para o artista, com destaque para a vila de Arraiolos. Actuando na casa dos fadistas, o Museu do Fado, Carlos Leitão construiu um alinhamento no qual foi dando a (re) conhecer ao público um pouco dos seus dois discos.
Pelo meio, ia explicando as letras, os temas ou simples histórias da sua vida, dividida entre Lisboa e o Alentejo. Uma viagem que no Museu do Fado foi sendo feita através dos fados que cantou, das histórias que contou e das emoções que provocou… emocionando-se também ele próprio.
Carlos Leitão tem a capacidade de na coerência dos seus espectáculos e do seu percurso enquanto fadista, reinventar-se sempre que sobe a um palco. A conversa, o canto e as emoções acontecem naturalmente. Os músicos que o acompanham, entendem-no muito bem e caminham com ele, proporcionando assim ao público um espectáculo em que da raiz da simplicidade, colhe-se o fruto da qualidade.
O fadista foi acompanhado por Henrique Leitão, na guitarra portuguesa, Luís Pontes, na viola de fado e Carlos Menezes, no baixo. O som esteve a cargo de Miguel Ponte e as luzes de Carlos Patinho.
No final do espectáculo e em entrevista ao Infocul, revelou que a preparação para este espectáculo não foi muito diferente dos outros concertos, sendo que “fiz questão de salientar a importância de cantar no bairro de Alfama e de incluir no alinhamento, curiosamente um fado que me habituei a ouvir desde pequeno, que nunca tinha cantado. Foi hoje a primeira vez. Do António dos Santos, “Minha Alma de Amor Sedenta”, que é um dos temas que mais gosto, não só dele como do fado em geral”.
O fadista falou ainda da importância de Arraiolos e destacou alguns dos espectáculos que estão já agendados e onde dará a conhecer o disco “Sala de Estar”.
Alinhamento:
Talvez porque Lisboa me esqueceu
Fado Daniel
Nós somos a noite
Agora já não sabes mais de mim
Sexta-feira
Minha alma de amor sedenta
Fado de Arraiolos
Fado Alberto
O tempo que me é dado
Fado Fadista
Fado das Horas
Texto: Rui Lavrador
Fotografias: João de Sousa