O Coliseu dos Recreios, em Lisboa, recebeu Cuca Roseta no Dia dos Namorados. O espectáculo integrou o festival “Montepio às Vezes o Amor”, que decorre em várias cidades do país.

Ao Coliseu dos Recreios anunciava-se a vinda do mais recente disco, Luz, editado pela fadista (excepção ao posterior disco de canções de natal). A sala lisboeta, que Cuca em tempos chegou a encher, revelou-se demasiado grande e os lugares vazios notavam-se. A plateia estava composta mas não cheia, o balcão maioritariamente vazio e os camarotes quase despidos de público.

O espectáculo poder-se-á dividir em duas partes, uma primeira em que Cuca cantou temas da sua discografia e a segunda parte em que seleccionou temas românticos, ou associados à temática do amor, e basicamente os interpretou.

Foi a declamar e com sombras chinesas, além de dança, que deu início a esta noite no Coliseu. Seguiu-se uma interpretação aquém do que pode e sabe fazer. Recupera em ‘Quero’, um tema que “demonstra que quando um amor é simples não precisa de muito para durar”. Não sabendo os motivos que possam ter levado a que tal ocorresse, Cuca mostrou-se nervosa, além do normal, nesta noite. O Coliseu é sala importante e a responsabilidade pode ter pesado, mas a verdade é que deverá servir para Cuca reflectir. Foi uma noite de muito amor nos temas escolhidos. Se encararmos o espectáculo como entretenimento podemos considerar positivo, mas no que respeita à arte ficou longe, demasiado, do aceitável para alguém com a sua projecção.

Os temas foram-se sucedendo, o público aplaudindo no final de cada um, e assim fomos ouvindo ‘Amor Ladrão’, “o tema que escrevi quando conheci o grande amor da minha vida”; ‘Triste Sina’, “o outro lado do amor”; ‘Balelas’, que contou com uma participante de um passatempo, entre outros.

Pela positiva destaca-se, pela extraordinária interpretação, ‘Nos teus braços’, tema integrante do disco ‘Raiz’. Neste tema demonstrou segurança, verdade e conseguiu que tudo fluísse naturalmente. Sem movimentos predefinidos, sem melismas esperados…foi apenas Cuca, com os seus defeitos e virtudes e isso é arte!

Num espectáculo maioritariamente balizado, na minha perspectiva, por baixo, subimos geograficamente para ouvir ‘Rosinha da Serra d’Arga’, um tema que “sempre quis gravar porque a minha melhor amiga é do norte, de ponte de Lima”, disse.

Em palco contou com músicos excepcionais como Ruben Alves, Luís Guerreiro e ainda Diogo Clemente, Marino de Freitas, além dos bailarinos que pontualmente estiveram em alguns temas.

Após um instrumental bem conseguido, no qual aproveitou para trocar de roupa, regressou para a “fase do concerto do Romance total”. E por aqui, entre outros temas, ouviu-se ‘Besame mucho’, ‘Perfidia’, ‘Falling in Love’, ‘La vie em rose’, além de alguns convidados como Mia Rose ou Djodje.

O terceiro convidado, Cuca descreveu que “sonhei com este momento desde pequenina. Ouvi vezes sem conta e tive uma banda de tributo a este artista, Rui Veloso”, com quem cantou ‘O primeiro beijo”, num dueto bem conseguido.

Houve ainda direito a encore no qual terminou “em português, com Fado”, como fez questão de referir.

Depois de na primeira vez que ali actuou, a solo, ter enchido o Coliseu, Cuca ficou, agora, aquém. Os motivos podem ser vários mas a verdade é que em palco tudo parece mecanizado, demasiado ensaiado e com pouca profundidade. A valia dos profissionais que estão em palco não pode ser colocada em causa, nem é esse o objectivo, mas a verdade é que neste espectáculo pouco resultou bem. Caso para questionar: Porquê?

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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