David Zaccaria: “Zeca Afonso é um bocadinho como Amália Rodrigues, não é que seja um tabu mas ainda tem uma conotação política”

 

 

David Zaccaria, mentor e director musical do projecto ‘Por Terras do Zeca’, falou ao Infocul sobre este projecto, quem ontem, subiu a palco no Festival Artes à Vila, na Batalha.

David Zaccaria recordou que “este projecto já tem doze anos, foi em 2017 que foi o primeiro tributo ao Zeca Afonso. Eram cinco cantoras: Dulce Pontes, Maria Anadon, Filipa Pais, Uxia e Lúcia Moniz. Depois destes anos todos surgiu outras vez porque comecei a re-ouvir todo o repertório do Zeca Afonso que já tinha ouvido mas ainda não tinha feito. Então desafiaram-me para fazer e eu aceitei com muito gosto”.

Para este espectáculo na Batalha, referiu, antes de subir a palco, que “o repertório desta vez, ao contrário da primeira em que eram coisas assim não tão ouvidas, neste concerto vão ouvir coisas mais conhecidas, mas também algumas coisinhas e temas que não são sempre tocados como o tema ‘Verdade e Mentira’ que é fantástico e um dos melhores do Zeca Afonso, entre outros”.

Sobre o facto de o sobrinho de Zeca Afonso, João Afonso, integrar este projecto e se isso aumentava a responsabilidade ou dava mais significado à homenagem, disse que “somos muito amigos. É uma coisa muito estranha, eu convidei-o não por ser o sobrinho do Zeca Afonso mas porque tem uma responsabilidade perante a música portuguesa em geral. Fomos falando , já tínhamos tocado ‘Utopia’ na Galiza, e as coisas foram surgindo. Vou ser sincero, nunca foi por ter o nome do Zeca Afonso! Foi por amizade e pela responsabilidade que tem perante a música portuguesa”.

Já sobre se a obra de Zeca Afonso é suficientemente valorizada em Portugal, revelou que “Zeca Afonso é um bocadinho como Amália Rodrigues, não é que seja um tabu mas ainda tem uma conotação política. Então, quem faz um trabalho sobre Zeca Afonso que não tem essa conotação mas que tem uma conotação musical, de letras, de poemas que podem também falar da liberdade de uma forma poética e que não tem um sentido político. Até agora o meu projecto tem sido muito respeitado, temos tido sempre sala cheia, numa aldeia tivemos público a dançar, temos muito público jovem…

 

Fotografia: H.J.

Rui Lavrador

Iniciou em 2011 o seu percurso em comunicação social, tendo integrado vários projectos editoriais. Durante o seu percurso integrou projectos como Jornal Hardmúsica, LusoNotícias, Toureio.pt, ODigital.pt, entre outros Órgãos de Comunicação Social nacionais, na redacção de vários artigos. Entrevistou a grande maioria das personalidades mais importantes da vida social e cultural do país, destacando-se, também, na apreciação de vários espectáculos. Durante o seu percurso, deu a conhecer vários artistas, até então desconhecidos, ao grande público. Em 2015 criou e fundou o Infocul.pt, projecto no qual assume a direcção editorial.

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