Estremoz: Moura Caetano triunfal e Telles Bastos em destaque na primeira corrida de touros, pós-confinamento

A primeira corrida de touros, no pós-confinamento, ocorreu, está sábado, em Estremoz, no Alentejo.

Perante um curro de touros da ganadaria Vinhas, actuaram os cavaleiros Rui Salvador, António Brito Paes, João Moura Caetano, Manuel Telles Bastos, Ana Rita e Parreirita Cigano. Pegaram os Forcados Amadores de Arronches e Académicos de Elvas.

As medidas de distanciamento físico impuseram que menos pessoas pudessem voltar a usufruir do seu gosto pela festa brava, mas quem foi a Estremoz soube respeitar a história e os valores que a tauromaquia transmite.

As cortesias adaptaram-se à nova realidade e os cavaleiros entraram um a um na arena, saudando o director de corrida e público, saíram e entra outro cavaleiro, e assim consecutivamente.

Também os Forcados entraram à vez, por grupo entenda-se. Percorrendo do pátio de quadrilhas até diante do director de corrida, saudaram e saíram.

Os bandarilheiros não puderam cumprir as cortesias. Novos tempos, novas regras. Talvez um dos pontos a rever, a bem da valorização da classe.

Antes da corrida, foi guardado um minuto de silêncio em memória do matador de touros Mário Coelho, que faleceu devido à covid-19.

Rui Salvador abriu função, sendo assim o primeiro cavaleiro a actuar numa corrida de touros, após confinamento devido à pandemia provocada pela Covid-19. Após os dois primeiros compridos não terem ficado cravados, concretizou ao terceiro, com destaque para a mensagem na bandeira desfraldada ao vento: Cultura não se censura. O cavaleiro de Tomar sentiu algumas dificuldades perante o seu oponente e apenas na última parte da lide conseguiu destacar-se positivamente mas sem romper, rumo ao almejado triunfo.

António Brito Paes teve por diante o mais pesado touro da noite, com 605 Kg. Recebeu o touro dobrando-se em curtos terrenos e rapidamente cravou o primeiro comprido, bastante descaído. Melhorou no segundo comprido, mas sem brilho. Nos curtos, elevou o nível da actuação, destacando-se na brega, sem contudo atingir um nível de brilho que possa ser considerado triunfal.

João Moura Caetano enfrentou oponente com 505 Kg. Recebeu o touro, montando o cavalo Pidal, de forma brilhante e efusiva, perante um touro em velocidade acelerada. Soube aguentar e posteriormente dobrar-se em curto. Começou então uma actuação de classe, sobriedade e elegância. Moura Caetano cravou dois compridos de boa nota. Nos curtos, e montando o Campo Pequeno, esteve em patamar de elevada qualidade. Moura Caetano quando inspirado, e com condições de lide, consegue ser arrebatador. Ferro após ferro, Moura Caetano terminou em plano de triunfo, e montando o Baco, com o público entregue e com vontade de o rever em breve.

Manuel Telles Bastos recebeu o touro em sorte gaiola, bem executada e colocando logo o público a aplaudir, seguindo-se um segundo comprido com nota positiva. A actuação esteve num patamar de qualidade bastante apreciável, com o ginete a demonstrar algumas das qualidades que lhe são apontadas. Uma noite com qualidade por parte do ginete.

Ana Rita esteve num nível excessivamente exuberante, que contagiou o público, numa actuação alegre e que criou empatia com a assistência. Terminou com ferros em sorte de violino.

Parreirita Cigano encerrou as actuações e esteve num nível de pouco brilho, chegando pouco ao público e sem grandes motivos para recordar esta noite.

No sector das pegas, concretizaram pelos Amadores de Arronches: Tiago Policarpo (1ª tentativa), Luís Marques (1ª tentativa, após dobrar o colega Rafael Pimenta), Rodrigo Abreu (3ª tentativa).

Já pelos Académicos de Elvas, foram concretizadas pegas por Paulo Maurício, ao quinto intento, João Bandeiras, ao segundo intento e Luís Machado, ao quinto intento.

A pega vencedora, neste concurso de pegas, coube a Rodrigo Abreu, dos Forcados Amadores de Arronches.

Dirigiu a corrida Marco Gomes, assessorado pelo médico João Candeias.

Luís Miguel Pombeiro, da empresa Ovação e Palmas, foi o responsável pela organização da primeira corrida de touros, após confinamento.

Texto: Rui Lavrador
Fotografia: Nuno Almeida