O Auditório dos Oceanos, no Casino Estoril, recebeu esta quarta-feira, 15 de Setembro, a estreia de Filho da Treta, com José Pedro Gomes e António Machado.
A Conversa da Treta esteve muitos anos em cena e foi um marco no teatro em Portugal e que teve do público total aclamação pela dupla Zezé e Toni, interpretados por José Pedro Gomes e António Feio. O espectáculo chegou ainda à televisão, ao cinema e à rádio.
Passados alguns anos surge agora Filho da Treta. A base é a mesma, mas com uma diferença. Toni é substituído pelo seu filho, Júnior, interpretado por António Machado, que contudo não substitui António Feio no processo interpretativo. A ponte entre os dois espectáculos é efectuada de uma forma subtil, inteligente e humorada recordando António Feio ao mesmo tempo que se recorda o recente problema de saúde que afectou José Pedro Gomes que o obrigou a estar internado. A temática foi o número de horas dormidas.
Ao longo do espectáculo vários temas da actualidade são debatidos humorística e inteligentemente. Desde as Start-ups, aos Tuck Tuck, passando pelas tascas transformadas em espaços gourmet e não esquecendo a politica, os bancos e até os refugiados.
José Pedro Gomes mostra estar totalmente restabelecido do problema de saúde e mantém o carisma de outrora, ou melhor, de sempre. António Machado, que recentemente podia ser visto na RTP na série “Bem-vindos a Beirais”, imprime o seu cunho pessoal ao “Júnior”, não havendo uma cópia do Toni, interpretado por António Feio. A complementaridade de ambos em palco propaga-se nas consecutivas piadas que por sua vez arrancam ao longo de mais de hora e meia de espectáculo, muitas gargalhadas e aplausos.
O humor inteligente e não brejeiro, a cenografia que se baseia em apenas duas cadeiras (tal como em Conversa da treta) e uma bicicleta usada no inicio do espectáculo por António Machado dão um ar informal e intimista, que em alguns momentos se assemelha a uma noite de confraternização entre amigos. O público sai de casa para ir ao espectáculo ficando com a sensação no final do espectáculo que foi o espectáculo a ir até à sua sala de estar.
Mérito para a escrita brilhante de Filipe Homem Fonseca e Rui Cardoso Martins e encenação de Sónia Aragão. O jogo de luzes, ora mais intensa ora mais sombria, de Luís Duarte, acompanha o guião e a chave de ouro acontece com a música de Nuno Rafael em que vemos os dois actores a viajarem nas ondas do hip hop.
Um espectáculo para rir a valer, produzido pela Força de Produção e que estará em cena no Auditório dos Oceanos às Quintas, Sextas e Sábados, a partir das 21h30, enquanto aos Domingos estão agendados para as 17 horas.
Fotografia: Força de Produção (Facebook Oficial)